sexta-feira, julho 05, 2019

Maria do Céu Guerra


Parabéns, Céu, milhões de parabéns! Com que então, “a actriz da Europa”?! Uáaau! Num tempo em que tristezas profundas ainda te marcam os dias, como os amigos bem sabem, este reconhecimento internacional, mais do que prestar-te justiça, vai fazer-te bastante bem. A verdade é que tu és tu, com ou sem prémios, tens o teatro dentro ti e é através dele que, em grande parte, te sentes a cumprir a vida, muito para benefício de quem te admira a arte. É também graças a ela que outras vezes te veremos, na “Barraca”, já que, pela mesa “Dois” do Procópio, onde tantas noites chegavas depois do trabalho, para o copo da madrugada, parece que definitivamente te perdemos. Ah! E aproveito para dizer-te, querida Céu, que não haverá mais jantares (quase) anuais da “Dois”! Digo-to com a autoridade de organizador “oficial” das dez edições do repasto. Na última dessas ocasiões, em Xabregas, onde tudo afinal tinha começado, e dessa vez tendo ainda por lá o olhar, divertido mas triste, do Nuno, fizeste-nos uma memorável declamação do poema que o António nos havia mandado, já do hospital, o que também não deixava de ser um outro mau prenúncio. A verdade é que, por muito duro que fosse, e foi, tudo tinha de ter um fim, e teve. Por isso, resta-nos agora fazer um “hurrah!” aos grandes ausentes, na certeza de que sempre os celebraremos. Recebe um beijo muito amigo, “piquena”! “Here’s looking at you, kid!”

Gestão de crises e conflitos


Para memória futura, aqui deixo a foto de família (em Bruxelas, em 28 de junho de 2019) do grupo de 28 peritos de outros tantos Estados membros da UE (o Brexit ainda não se aplica, claro...) que, associados a especialistas das instituições comunitárias, estão a preparar, entre fevereiro e outubro de 2019, a convite da Bertelsmann Foundation e do Center for European Policy Studies, um relatório sobre o tema que se pode ver no quadro ao fundo.

Neste blogue, faz hoje dez anos


“A felicidade faz-se hoje bastante desta adesão aos sucessos que outros protagonizam, de quem nos assumimos próximos, colectivamente juntos na vitória, sempre com a derrota de outros como aparente contraponto indispensável. Para quem, como eu, tem a anti-competição como sólida e permanente doutrina de vida, confesso-me um tanto perdido neste ambiente. Mas será isto a alienação de que falava um clássico fora de moda? Talvez seja, mas esta comemoração das vitórias mais não é, para muitos, do que o complemento natural de existências simples, que seriam ainda menos relevantes se não se juntassem nessa onda gloriosa colectiva. É triste reconhecer isto, mas é a realidade.“

quinta-feira, julho 04, 2019

Paulo Nunes de Almeida


Acabo de saber do falecimento de Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial Portuguesa.

Sabia-o gravemente doente mas, nem por isso, deixa de ser para mim um choque a morte de um homem que me habituei a admirar e respeitar. Paulo Nunes de Almeida era um cavalheiro do mundo empresarial, um pessoa com uma delicadeza no trato que se conjugava com uma forte determinação no trabalho, como tive oportunidade de testemunhar nos últimos anos, durante os quais, a seu convite, participei num interessante projeto da AEP de que ele foi a alma e o grande dinamizador.

Deixo os meus sentimentos à sua Família.

“As Décadas da Europa”

Depois das “Memórias da Adesão” e de “A Europa na Encruzilhada”, é hoje lançado o livro “As Décadas da Europa”. Será às 17 horas, na Sociedade de Geografia de Lisboa.

O meu colega embaixador João da Rosã Lã, que aproveito para felicitar vivamente por esta iniciativa, foi a figura comum na organização destes três volumes onde, desde há vários anos, têm vindo a ser recolhidos testemunhos de protagonistas da aventura europeia de Portugal. 

Tive o gosto de contribuir, para este livro, com um capítulo sobre a Presidência Portuguesa da União Europeia em 2000, que transcreve uma palestra que fiz há alguns meses na Sociedade de Geografia de Lisboa.

quarta-feira, julho 03, 2019

Joana Gomes Cardoso


Uma figura risível da política extremista, a quem o voto deu recentemente a lição democrática devida, lançou agora por aí que Joana Gomes Cardoso, atual presidente da EGEAC, teria ascendido ao cargo em virtude de proteção familiar.

Conheço a Joana há muitos anos e, por isso, sou testemunha das diversas fases de uma carreira pessoal feita a pulso, nas áreas do jornalismo e da cultura, numa cumulação de experiências que apenas deve ao reconhecimento do seu mérito e qualidade profissionais. Por essa razão, acho que insinuações deste jaez, cuja origem também ajuda a auto-desqualificar, merecem apenas ser denunciadas e votadas ao desprezo. E deixo aqui uma abraço amigo à Joana.

A propósito deste caso, lembrei-me de reproduzir um texto que, aqui e no meu blogue, publiquei há uns meses, curiosamente motivada por uma notícia em que Joana Gomes Cardoso era igualmente envolvida. Ele aqui fica, de novo:

Há pouco, numa primeira página de jornal, sob o título “Tudo em família”, deparei com algo que, por muito que possa sugerir-se como jornalismo, não passa de uma mera insídia: a criação da ideia de que a carreira profissional dos filhos de gente conhecida, lá no fundo, tem sempre a ver com a notoriedade conseguida pelos pais. Um pouco adiante, dentro do jornal, a coisa aparece adociada com uma nota de chamada mais normal: “Já diz o provérbio popular: filho de peixe sabe nadar”. Porém, no cômputo geral do que ficou escrito, com o título da capa a marcar tudo, a “suspeitazinha” ficou instilada.

Nesse mundo doentio dos mitómanos das teorias da conspiração, do “não é por acaso que”, do “não há coincidências”, do “toda a gente sabe que”, da ideia recorrente de que a corrupção e o tráfico de influências andam hoje aí por todo o lado, de tanta gente frustrada com o quotidiano de si e dos seus, aberta ao despeito pelo sucesso alheio, o efeito ficou conseguido. E, claro, para um leitor, nada é mais cómodo do que deparar com uma notícia que conforta os seus preconceitos. Depois, no conjunto de casos citados, alguém virá pescar um ou outro tido como suspeito, como argumento generalizador para lançar lama sobre todos os restantes. E a nenhum foi dada a hipótese do contraditório para poderem dizer a sua parte da verdade.

Há sempre, neste tipo de artigos, uma inescapável componente de apelo à inveja, um dos mais medíocres sentimentos comuns da espécie humana. Por detrás da revelação escandalizada das ligações pais-filhos, tenta-se sempre sedimentar, de forma implícita, a sugestão de que, não fora o destaque dos pais, aos respetivos filhos a vida não teria corrido tão bem, que o sucesso destes se deve, essencialmente, à saliência pública dos primeiros. 

É óbvio que não é possível negar que, algumas vezes, isso pode ter ocorrido. Por essa razão, sempre entendi importante que fosse denunciado, alto e bom som, quem usufruiu de “cunhas” ou de empurrões profissionais indevidos. Mas, atenção!, sempre devendo prová-lo, caso contrário ficamos no mero campo da difamação, que hoje tem pasto adubado na “cultura” das redes sociais. O “achismo” e a conversa de café, dos que “ouviram dizer que”, não passam disso. De intriguistas e difamadores.

O tipo de insinuações como o que decorre da notícia de que acima falei é profundamente injusto para filhos ou filhas de gente com algum nome público, mas que subiram na vida exclusivamente por mérito e pelo seu valor pessoal, que têm uma confirmada e reconhecida qualidade própria e que até, algumas vezes, chegaram mesmo a ver a sua afirmação pessoal prejudicada pelo “ruído” criado no seu percurso profissional pelo nome do seu progenitor ou progenitora. 

Escrevi o que acabei de escrever sabendo bem que este texto não vai bem com o “trend” prevalecente nas redes sociais, que os “likes” hoje não abundarão. Mas é isto o que penso e, para mim, isso é o mais importante.”

(Em tempo” lembrei-me que Joana Gomes Cardoso é a atual presidente, eleita por unanimidade dos representantes dos professores, alunos e administrativos, do Conselho de Faculdade da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Sucedeu no lugar a Francisco Pinto Balsemão. Está-se “mesmo a ver” que também foi por “cunha”...)

Brok ou a outra Europa


Começou uma nova legislatura do Parlamento Europeu. Da bancada dos conservadores alemães da CDU não faz parte Elmar Brok. Estava lá desde 1980 (não, não leu mal), há 39 anos. O antigo líder alemão, Helmut Kohl, que o adorava, dizia que Brok só tinha tido três tempos na vida: nascer, casar e ser deputado europeu.

Cruzei-me com Brok, pela primeira vez, numa tasca em Taormina, na Sicília, em inícios de 1995. Ambos tínhamos por ali ido ao lançamento do “grupo de reflexão”, criado para rever o tratado de Maastricht: ele pelo parlamento europeu, eu como “alternante” de André Gonçalves Pereira, que representava Portugal. 

Brok era, e é, um alemão grande e gordo, de bigode farfalhudo, à época um viciado do charuto, mesmo nas reuniões. Ah! e um bom copo e melhor garfo. Entre cerveja e grappa, tornámo-nos, nessa noite, bons amigos. Até hoje.

Por dois períodos, Elmar Brok foi presidente da importante Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu. Mas o seu conhecimento das questões institucionais era lendário. Começou por fazer par com Elisabette Guigou na negociação dos tratados. Na feroz língua dos corredores europeus, eram conhecidos como “a bela e o monstro”... Portugal foi dos países que favoreceu a associação do Parlamento aos trabalhos de reforma institucional: revisão de Maastricht, que conduziu ao tratado de Amesterdão, e, depois, o tratado de Nice. Brok nunca esqueceu isso e, em 2000, muito nos ajudou a superar algumas dificuldades. 

Em conferências e seminários, para alguns dos quais fui convidado por sua sugestão, não obstante o nosso diferente alinhamento político, tenho encontrado Brok por essa Europa e outros lugares do mundo. Raramente conheci alguém tão sinceramente europeísta, no sentido de ver a Europa como um projeto solidário. É um homem de convicções, mas também de palavra: diz o que pensa e faz o que diz.

Nos últimos anos, a CDU alemã e o PPE europeu a que se ligara mudaram muito de natureza. O primeiro pela declinante força de Angela Merkel, o segundo pela “realpolitik” que permitiu que a obsessão com o poder nas instituições tivesse obrigado ao convívio, na mesma família política, com figuras “sulfurosas” do quilate de Orbán e quejandos. Esta já não é a Europa de Elmar Brok, tributária dos valores originários da democracia-cristã que, com a social-democracia, criou o magnífico projeto que deu prosperidade, paz e esperança ao continente.

Que dirá o meu amigo Elmar Brok das escolhas ontem feitas para as instituições, agora já sem ele por lá?

(Artigo hoje publicado no “Jornal de Notícias”)

Oxygène


Olhei o “Público” de hoje e dei comigo a pensar que, apesar de tudo, ter a Charlotte Rampling à frente da Comissão (vejam-se as fotografias) talvez não fosse mau de todo. Desde que o “Oxygène” do marido francês não substituísse o “Hino à Alegria” do alemão de Bona. Mas, depois, lembrei-me que o Jean-Michel Jarre já saiu da vida da atriz há muito, após uns pecadilhos extra-conjugais. E que a nossa senhora, salvo seja, chama-se Ursula qualquer coisa e foi a confessada feliz aposta dos amigos de Orbán. Se o mundo não está perigoso, não sei bem o que esteja.


terça-feira, julho 02, 2019

Porto (11)


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segunda-feira, julho 01, 2019

A festa de um amigo


Recordo-me que foi na Bahia, no Brasil, que conheci o Jorge Rebelo de Almeida, vai para 15 anos, num almoço organizado pela cônsul-geral Filomena Bordalo.

O Jorge, que chegou a exercer advocacia, é hoje um dos principais industriais da hotelaria portuguesa, à frente do grupo Vila Galé. Às vezes, abro um jornal e lá surge um novo hotel Vila Galé. Quando me acontece (e tem acontecido frequentes vezes) reservar um quarto num dos hotéis do grupo - e há-os de Sintra ao Porto, da Ericeira a Évora, de Braga ao Algarve, entre muitos e muitos outros, alguns no Brasil - telefono ou escrevo uma SMS ao Jorge com as minhas impressões. 

Há dias, fui seu convidado para a inauguração de uma nova unidade Vila Galé, que agora abriu em Elvas. Sou (por isso) naturalmente suspeito na minha apreciação, mas achei o hotel excelente. Tratou-se “apenas” da conversão de uma ruína que manchava o panorama urbano e que passou a ser, sem contestação, a melhor unidade hoteleira local.

Mas não era bem sobre isso que queria falar.

É que o Jorge Rebelo de Almeida representa, no mundo empresarial privado português, um “estilo” que é muito raro e que muito aprecio. Ao longo destes anos, vi o Jorge conseguir fazer acontecer as coisas, agarrar-se aos projetos com uma determinação muito pouco comum, não descansando enquanto cada passo não fosse concluído. Dizem-me que, no negócio, sabe de tudo, vai ao pormenor, mobiliza as equipas, entusiasma os colaboradores. 

Mas - e é isso que quero, essencialmente, destacar - o Jorge não faz parte dos queixinhas, dos “reclamadores” por atitude, daqueles que acham que tudo lhes é devido, dos que passam os dias a protestar contra tudo e contra todos. Raramente tenho visto alguém tão positivo na forma de atuar, procurando superar as dificuldades pelo diálogo incessante, sem arrogância mas com determinação, sempre com humor, espalhando uma “boa onda” que frequentemente derruba muros que uma outra atitude seguramente preservaria. Além disso, o Jorge não é muito sensível ao “ar do tempo”: no difícil período da “troika”, decidiu investir e remar contra a maré, fazendo apostas arriscadas, ou que só o não foram porque ele “sabe da poda”.

Há dias, na inauguração de Elvas, foi interessante ver que eram os trabalhadores do Vila Galé aqueles que mostravam o maior entusiasmo. A festa do Jorge era, claramente, também a deles.

Na minha outra juventude

Há muitos anos (no meu caso, 57 anos!), num Verão feliz, cheguei a Amesterdão, de mochila às costas. Aquilo era então uma espécie de "M...