Na passada semana, convidei, para um jantar, doze jovens portugueses que estão a frequentar o INSEAD, a prestigiada "bussiness school" internacional existente em Fontainebleau, que já foi dirigida pelo professor António Borges.
Para quem, como eu, vive há mais de uma década fora do país, foi interessante poder trocar impressões com representantes de uma nova geração saída de universidades portuguesas, colhendo a sua perspetiva sobre o modo como leem a situação que Portugal atravessa.
Curioso, mas um pouco menos agradável, foi constatar que, na sua esmagadora maioria, esses futuros profissionais têm, como objetivo imediato, vir a exercer a sua atividade no estrangeiro.
15 comentários:
"leem", segundo o AO
Pois se o sr. primeiro-ministro e outros governantes aconselham os Portugueses a emigrar - por que bulas estes não haveriam de pensar assim? É triste, é muito triste.
Gente que cresce com referências culturais estrangeiras, capaz de falar a língua franca, educada no seio de um povo que se odeia a si mesmo, doutrinada por uma comunicação social que faz ativamente campanha contra o país, cega pelas luzes do "mundo lá fora" que lhes chega em doses cavalares pela televisão e incentivada a emigrar por políticos e universitários que lhes dizem ser isso um fator de sucesso... quer o embaixador que eles pensem como?
E espere até a "geração Sócrates" (as criancinhas que já aprendem Inglês no infantário) crescer... Conhece alguém que faça traduções ou trabalhe numa editora? Ele que mude já de profissão!
Caro Catinga: eu não iria tão longe...
Visitei a INSEAD no tempo de António Borges quando uma amiga minha, a Elsa Esteves, também ali trabalhava nos serviços administrativos. A Elsa Esteves, para mim a Elsinha, nascida em Fontainebleau, quiz seguir os pais que regreçaram a Arcos de Valdevez e deixou o seu emprego na INSEAD, bem remunerado, para aguentar as dificuldades do desemprego durante mais de ano em Portugal antes de encontrar pequenos "biscates" primeiro no Algarve, onde o que ganhava não lhe chegava para vir ao norte duas vezes no mês, à casa dos pais, e depois outros "biscates" em Arcos de Valdevez, antes de encontrar outras precaridades de senhas verdes a que de facto não estava habituada aqui em França...
Cada vez que lhe vou dar o meu abraço recordo-lhe a sua coragem... mas sinto uma raiva no interior da minha pessoa de português quando constato a capacidade que o País dos seus pais não tem para um memhor acolhimento destes jovens que querem dar a Portugal os seus talentos.
José Barros
"Exercer a sua atividade no estrangeiro."In FSC
Até parece que têm alternativa!...
Só Se Forem médicos e e...Basicamente... Urologistas...
Não me surprende, caro embaixador e amigo. O que me intriga é o facto da sua surpresa. É lamentável que este "know how" humano não esteja ao serviço do nosso país, na desejada e imprescindível reconstrução. Desculpa-se, porém, devido às conhecidas faltas de recurso, meios técnicos, mas acima de tudo, ps necessários avanços de tecnologias de investigação. Abraço, Gilberto
Não me surprende, caro embaixador e amigo. O que me intriga é o facto da sua surpresa. É lamentável que este "know how" humano não esteja ao serviço do nosso país, na desejada e imprescindível reconstrução. Desculpa-se, porém, devido às conhecidas faltas de recurso, meios técnicos, mas acima de tudo, ps necessários avanços de tecnologias de investigação. Abraço, Gilberto
Senhor Embaixador, quem nao e pasteleiro de Belém nem especulador na bolsa, que procure outros horizontes
a) Feliciano da Mata
Quem quer ir embora que vá mesmo e não regresse.
Outro é o problema dos que não querem ir mas a tal são obrigados.
Estes que voltem logo que as condições o permitam.
Dá Deus nozes...
Caro Embaixador,
Teria sido interessante averiguar se no Insead se ensina ainda que a boa gestão empresarial assenta na alavancagem, e que quanto maior a alanvacagem financeira melhores os índices que medem a qualidade da gestão.
É que a formatação para este tipo de gestão era (pelo menos até há muito pouco tempo) feita nos bancos de todas as escolas, incluindo as business schools.
Cumprimentos, Embaixador.
Eu não sou politizado mas se tivesse a idade desses jovens também dificilmente queria continuar por este país. Tenho pena mas seria assim. Por outro lado não me importaria de trabalhar em Portugal através de uma empresa estrangeira cá. Mas... eu já sei pouco.
eles sabem que muito dificilmente encontrarão lugares como desejam em portugal, é a triste realidade.
que portugal não tem oportunidades para os jovens,etc.
E que o conselho do primeiro ministro é de que emigrem ou, no caso deles, que continuem fora do pais. Triste, como diz haf.
Obrigada por ter trazido o assunto de novo nesta altura. Os ingleses no inverno no Funchal tinham um número significativo de empregados de hotel que os serviam. No verão levavam esses trabalhadores para a antiga Brighton e para Jersey, conhecida também - até por ingleses - por "Jércia" tal a frequência com que tem sido foneticamente pronunciada por madeirenses. Pleno emprego; bem melhor que a ida para a Venezuela ou África do Sul. A corrente que banha as ilhas do Canal é a mesma do Funchal: a Corrente do Golfo. O conhecimento de trabalhar sobre as pedras de calhau, fez dos madeirenses uns "especialistas" ao nível dos nossos académicos de hoje... Tudo mão de obra bem vista por outros dirigentes europeus, habituados a terem bom trabalho, por menor preço! Entretanto outros países foram conhecendo melhor Portugal, chegando à mesma conclusão dos comerciantes ingleses das décadas de 50 e de 60. Nós até já estamos aonde os ingleses já não estão... Os alunos com nível excelente que o digam. Os Governantes oferecem o "conhecimento" deles sem contrapartidas; os pais chegam mesmo a proibí-los de regressarem após os estágios. Entretanto os chineses aumentam o número de pessoas a aprenderem o português. Tudo muito global, muito certinho, muito aplaudido, mas sem regras, sem contemplação por aqueles países que não exportam os mercedes para os novos ricos da Ásia, e têm de regredir em direitos sociais adquiridos e postos ao vento numa competição com os salários das camadas da população, que nesses países não têm assegurada : a saúde, a reforma ou o ensino gratuito para os filhos. Aqui é que falhámos. Já tinhamos experiências passadas suficientes para sermos mais cuidadosos. Faltou o "lobby" dos governantes de alguns países, dos deputados, dos Presidentes das Repúblicas e por fim dos diplomatas. Depois da adesão à UE e au Euro, quantas reuniões para assinarmos tudo de: X!
Caro senhor embaixador, deixei Portugal ha 20 anos porque uma bela oportunidade profissional se apresentou e porque sempre sonhei sair de Portugal para trabalhar (e tinha trabalho em Lisboa). Mas nao lhe escondo que poder responder a anuncio em igualdade de situaçao com jovens franceses que terao certamente frequentado escolas bem mais prestigiadas do que a minha e ser escolhida para o lugar me deu imenso prazer.
Caro anonimo de 23/04 às 23:44, esses jovens que querem sair de Portugal nao me parece que deshonrem Portugal muito pelo contrario dao uma imagem de um pais dinamico e capaz de competir com o mercado internacional do trabalho. Vejo nessa atitude uma "démarche" positiva. O que é pena é que aqueles que nao queriam deixar o pais tenham que o fazer e na maioria dos casos sem qualquer formaçao profissional.
Por vezes o sonho das pessoas pode ir mais longe do que : metro-boulot-dodo...
Nos anos 70 os meus pais decidiram trocar o Alentejo pela linha de Sintra. Nao porque nao tivessem trabalho no interior mas porque queriam dar uma formação académica melhor aos filhos do que aquela a que eles proprios tiveram acesso.
Sera que os meus pais também deveriam ser proibidos de regressar ao Alentejo ?
Deixar um pais ou uma região nao é renegar nem esse pais nem essa região muito pelo contrario é representa-la noutro lugar. Deixar Portugal nao é esquecer Portugal. É por vezes contribuir de longe ao seu desenvolvimento. No meu caso, tenho a certeza que participei em decisões e volumes de negocios importantes onde o meu pais saiu certamente enriquecido.
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