Ontem falou-se aqui do jornal francês "Libération" e do iminente esgotamento do seu projeto em papel. Agora, anuncia-se o surgimento, em Portugal, do "Observador", um meio de comunicação social que se anuncia a si próprio "sem os condicionamentos do papel"...
Trata-se de uma nova aventura jornalística que tem a curiosidade de dever ser o primeiro órgão informático em Portugal que é construído de raiz. Não devo estar muito longe da verdade se disser que parece haver, por detrás desta interessante aventura comunicacional, o natural aproveitamento de uma onda geracional ligada à internet, aculturada à blogosfera e ao Facebook.
Trata-se de uma nova aventura jornalística que tem a curiosidade de dever ser o primeiro órgão informático em Portugal que é construído de raiz. Não devo estar muito longe da verdade se disser que parece haver, por detrás desta interessante aventura comunicacional, o natural aproveitamento de uma onda geracional ligada à internet, aculturada à blogosfera e ao Facebook.
Mas há algo mais dentro desta iniciativa. Há nele um evidente projeto ideológico de direita, titulado por competentes profissionais do jornalismo e do comentário que alimentam um inequívoco ideário liberal e que, nos últimos anos, têm servido de suporte doutrinário, nem sempre óbvio e raras vezes "mecanicista" (para utilizar uma categoria teórica marxista), à ocupação do poder por parte da maioria política que a conjuntura trouxe ao país. Gente de uma nova direita que, seguramente, vai dar sequência a muito do que foi desenvolvido, nos últimos anos, bastante em blogues mas, igualmente, em revistas como a "Atlântico" e "Nova Cidadania", ambos muito tributários desse viveiro de pensamento conservador que tem sido o Centro de Estudos Políticos, da Universidade Católica Portuguesa.
Este não é o primeiro "Observador" que se produz em Portugal. Em 1971, a direita marcelista fez surgir uma revista, dirigida por Artur Anselmo, que, à época, teve alguma importância no debate político. Mas não teve grande êxito.