Há um segredo bem guardado nos governos portugueses: o mais bonito gabinete (aceito apostas!) de todos os membros do governo, de ministros a secretários de Estado, é aquele que o secretário de Estado dos Assuntos Europeus ocupa no palácio da Cova da Moura. Sei do que falo, porque trabalhei nele por mais de cinco anos!
No 25 de abril, quando por lá andei como adjunto da Junta de Salvação Nacional, era o gabinete do general Spínola e, depois, do general Costa Gomes. Antes disso, era aí que se situava o Secretariado-Geral da Defesa Nacional e foi nesse gabinete que teve lugar uma cena importante da história portuguesa, faz hoje, precisamente, 50 anos.
No 25 de abril, quando por lá andei como adjunto da Junta de Salvação Nacional, era o gabinete do general Spínola e, depois, do general Costa Gomes. Antes disso, era aí que se situava o Secretariado-Geral da Defesa Nacional e foi nesse gabinete que teve lugar uma cena importante da história portuguesa, faz hoje, precisamente, 50 anos.
Não vou fazer aqui a história da chamada "abrilada" de 1961, uma tentativa de pronunciamento militar comandada pelo ministro da Defesa Nacional, general Botelho Moniz. A guerra em Angola havia começado semanas antes, a condução da política colonial era contestada em certos setores do regime, a preservação de Salazar à frente do governo era vista por alguns como um fator paralisante de uma evolução desejável do país, que caminhava para um impasse histórico.
Provavelmente sob algum impulso americano, um grupo de oficiais generais decidiu colocar ao presidente da República, o contra-almirante Américo Tomás, a reivindicação "das Forças Armadas" de que deveria demitir Salazar. O chefe do Estado ouviu os conspiradores, não lhes deu qualquer resposta nem o sentido do que pensava e terá informado Oliveira Salazar.
Na tarde do dia 13 de abril de 1961, nesse belo gabinete do palácio da Cova da Moura, os militares sediciosos, a que se juntou o marechal Craveiro Lopes (que, diz-se transportava a sua farda numa mala, para assumir a chefia do Estado), que se preparavam para concretizar o seu projeto, são surpreendidos pelo anúncio, feito pela comunicação social, de que Salazar... os havia demitido dos cargos que ocupavam. Numa imperdoável "naïveté", essas figuras cimeiras da estrutura militar, em lugar de terem previamente assegurado o controlo das unidades operacionais, partiram do princípio de que lhes bastava anunciar a sua determinação para fazerem cair o poder vigente. Enganaram-se redondamente: Salazar ficaria por mais sete anos no poder e o regime duraria ainda mais seis anos, depois dele.
Sobre este interessante acontecimento histórico, leia-se aqui e consulte-se o livro com que abre este post, a "A Abrilada de 1961", Lisboa, 1978, do coronel Fernando Ferreira Valença, e "Duas Crises: 1961 e 1974", Lisboa, 1977, do coronel Viana de Lemos, figura que faleceu no passado dia 11 de Fevereiro.
Sobre este interessante acontecimento histórico, leia-se aqui e consulte-se o livro com que abre este post, a "A Abrilada de 1961", Lisboa, 1978, do coronel Fernando Ferreira Valença, e "Duas Crises: 1961 e 1974", Lisboa, 1977, do coronel Viana de Lemos, figura que faleceu no passado dia 11 de Fevereiro.