Há uma batalha no mundo das notícias que parece não ter sido ainda percebida pela maioria dos meios de comunicação social. Essa batalha vai acabar por ter vencedores e vencidos. É a batalha pela verdade.
Poluída pelos vícios das redes sociais, empurrada para o terreno digital onde ainda não consegue gerir com eficácia a opção pelas assinaturas e os modelos de publicidade, muita da comunicação social deixou-se colonizar, da pior forma, pelo sensacionalismo, na busca dos títulos “espertos”, que convocam o “clickbait” para mostrar as visitas aos anunciantes.
É impressionante como órgãos sérios e responsáveis parecem, no dia-a-dia, convertidos em adeptos de truques para iludir o leitor. Ao fazê-lo, ao “venderem gato por lebre”, esses meios de comunicação social não se dão conta de que estão a cavar a sua própria sepultura. É que, podendo ganhar algumas vantagens no domínio publicitário imediato, através de um público seduzido pelo sensacionalismo, perdem progressivamente crédito e bom nome. E isso, como é dos livros, dificilmente se volta a recuperar.
Como frequentador de muitos “sites” e espaços digitais, dou comigo a fazer, cada vez mais, uma separação do joio que está no meio do trigo. Porque alguns desses espaços me dão, por sistema, notícias ilusórias, me tentam iludir através de títulos “hábeis” e “leads” enganadores, vou tendendo, quase inconscientemente, a deixá-los de parte. Tenho a sensação de que, a cada dia que passa, crio uma espécie de “lista positiva” daqueles produtores de informação de onde saio com a sensação (porventura ilusória, dirão alguns) de que o produto que me é servido tem uma relação mais forte com a verdade. Estou perfeitamente convicto de que este será o caminho do futuro.
Com efeito, mergulhado num manancial de notícias, o leitor tende a apreciar cada vez mais a informação abalizada, com a apresentação equitativa da posição das partes, mesmo se acompanhada por uma opinião bem identificada, por uma assinatura prestigiada, em que o leitor sabe que pode acreditar, com vista a formar a sua própria opinião. O leitor do futuro - curiosamente, tal como o do passado confiava em que “se já saiu na imprensa é porque é verdade” – vai tender a aceitar que uma coisa é verdadeira se acaso a leu num orgão de comunicação em que, por amostragem cumulativa, se habituou a confiar. E, com toda a probabilidade, na lógica que fazia o sucesso dos “anchors” das tv anglo-saxónicas, vai olhar a cara da pessoa que lhe lê ou escreve as notícias e nela vai encontrar a empatia que credibiliza aquilo que ouve ou lê e em que acredita.
Os orgãos de informação devem entender que o seu sucesso, a prazo, passa por serem reconhecidos como “pessoas de bem”. A confiança vai ser a chave da informação no futuro.