sábado, junho 03, 2017

Ronaldo

Há algum oportunismo no nosso gozo com os êxitos de Ronaldo. Estava num restaurante com vários ecrans durante os 4-1 dado pelo Real Madrid à Juventus. Todos exultámos com os golos de Ronaldo e com a vitória "merengue". "Nós" tínhamos ganho! E se fosse o contrário? Se o Real Madrid tivesse perdido? Ficaríamos tão tristes como ficámos agora contentes? Claro que não! Se o Real tivesse perdido, a derrota era deles, ser-nos-ia relativamte indiferente. Mas como ganharam, com Ronaldo, a vitória também é nossa.

sexta-feira, junho 02, 2017

Todos os anos, pela Primavera


Todos os anos, pela Primavera - como dizia a peça de teatro Sttau Monteiro - reúne o clube de Bilderberg. E, todos os anos, algum mundo mediático agita-se em torno desse misterioso grupo, a quem são atribuídos poderes à escala global. Sem Bilderberg, o laborioso setor das "teorias da conspiração" (que tem na imagem uma ilustração perfeita) perderia uma adubagem poderosa.

Para alguns, com a legitimidade que cada um tem de pensar o que muito bem entende, Bilderberg representa uma espécie de clube de interesses, à escala global, que procura garantir, por discreta cooptação, que aqueles que revelaram a adesão a um conjunto básico de princípios, podem ser ajudados a assumir funções e, eventualmente, a atuarem em consonância com os objetivos que o grupo se propõe defender. A triagem desses eleitos é feita, em cada país, por alguém em quem o grupo delega a responsabilidade da seleção, na certeza que tem de que os seus critérios essenciais são sempre preservados.

No nosso caso, Francisco Pinto Balsemão representou o papel de « pivot » português de Bilderberg e, nessa função, ao longo dos anos, foi convidando a estarem presentes nas reuniões anuais figuras que tinham já algum passado que parecia indiciar um futuro promissor.

Escrevi, há meses, um texto para a apresentação de um livro de Frederico Duarte de Carvalho sobre este assunto. Dado que o tema, como é da inescapável sua natureza sazonal, voltou "à baila", respigo algo que então escrevi e que, claro, reitero:

"Quase cinco décadas a observar o mundo e as suas instituições levaram-me a alimentar algum ceticismo sobre a capacidade de certos interesses conseguirem mobilizar, como se de uma religião se tratasse, prosélitos que, no nosso caso, vão da ala esquerda dos socialistas a conservadores radicais. Bilderberg, como a Trilateral e outras estruturas desta natureza (porque há algumas outras), o que é que são, na minha visão pessoal?

São foruns onde vigora uma espécie de «template» comum : defesa acérrima da economia de mercado, recusa de receitas económicas estatizantes, sob o cultivo de um pensamento semore muito liberal - na leitura europeia de liberal, não na americana, claro. Durante a Guerra Fria, a profunda rejeição do comunismo e de tudo quanto o pudesse favorecer levou, muitas vezes, à transigência cínica com alguns autoritarismos conservadores. Bilderberg para mim foi e é isso – e não muito mais.

Nas suas reuniões, são ouvidas opiniões informadas, gente intelectualmente quase sempre muito bem preparada, às vezes algumas vozes fora do «mainstream» do clube. Isso permite uma oportunidade única de ter uma imersão total, em escassas horas, num manancial de ideias que, nem por serem direcionadas, deixam de ter grande interesse.

E há um outro aspeto em que Bilderberg tem importância: no «networking», nas redes de contactos e conhecimentos que se estabelecem e promovem nesses encontros. Um bom contacto leva a uma outra conversa futura, às vezes a um negócio, seguramente a uma atualização da agenda telefónica ou de emails."

Nesse texto, expliquei também que divergia do autor referido, quanto à ideia de que Bilderberg promove pessoas para chegarem a certos postos. E acrescentava:

"Eu acho, bem ao contrário, que essas pessoas são escolhidas para irem a Bilderberg porque, na perspetiva de quem as selecionou, eram gente com futuro.

No caso português acho que Pinto Balsemão fez o óbvio : escolheu aqueles que via como «high flyers», enganou-se algumas vezes mas, no essencial, acertou. Porquê ? Porque o nosso «baralho» é pequeno e, por cá, quem tem um olho é rei..."

Escrevo este texto apenas com uma mágoa. É que, ao fazê-lo, sei que estou a alimentar a discussão sobre o assunto, a suscitar novos comentários na escola do "não é por acaso que..." e nada disso tem o menor sentido.

Uma nota final: Francisco Pinto Balsemão deixou de ser o "selecionador" português e escolheu Durão Barroso para lhe suceder.

Global challenges


Estão abertas as inscrições para a 3a. edição do "Global Challenges", o curso organizado pelo ISCTE, ministrado em inglês, a ter lugar de 25 a 29 de setembro de 2017.

Tal como nas edições anteriores, farei parte dos docentes deste curso, desta vez num painel com Marina Costa Lobo e Jaime Nogueira Pinto.

Pereira Gomes


Há dias escrevi isto por aqui:

"Para a coordenação dos serviços de informação acaba de ser nomeado o embaixador José Júlio Pereira Gomes, uma excelente escolha do governo, avalizada pela oposição. Trata-se de um qualificadíssimo diplomata, do melhor que existe nas Necessidades, sereno, culto, com imensa experiência em matérias de Estado."

Não retiro uma linha ao que escrevi, mesmo depois da polémica suscitada nas últimas horas em alguns setores para-políticos e de imprensa. É tudo - mas tudo, porque não alimento demagogias! - o que se me oferece dizer. Conheço o suficiente da questão para poder ter a consciente serenidade de manter esta posição.

Desafios estratégicos e de Segurança


Luís Amado foi ministro dos Negócios Estrangeiros e ministro da Defesa, durante vários anos. É uma personalidade com vasta e rica experiência no setor, que sempre demonstrou um raro poder de conceptualização sobre as grandes questões internacionais e a inserção de Portugal no mundo. É hoje consultor e docente em Sciences-Po, em Paris.

No âmbito das conferências que a Universidade Autónoma de Lisboa e o jornal "Público" estão a promover, e que me coube organizar, dedicadas aos Interesses de Portugal no Mundo, decidi convidar Luis Amado para nos falar sobre os Desafios estratégicos e de Segurança com que Portugal se defronta, no mundo complexo dos nossos dias. 

A conferência tem lugar no próximo dia 6, terça-feira, pelas 18.00 horas, na UAL, rua de Santa Marta, 56, em Lisboa.

Angelismo

Na língua portuguesa, a expressão é raramente utilizada. Angelismo é uma atitude de inocência ou credulidade, que descarta, ingenuamente, motivações mais interesseiras. Ao atentar na onda de loas com que foram recebidas as últimas declarações de Ângela Merkel sobre a Europa, claramente sugerindo a Alemanha como impulsionador de um processo de autonomização em matéria de defesa e segurança, perguntei-me se não estaríamos a embarcar num novo «angelismo», desta vez com etimologia derivada de Ângela e já não de anjos. Mas, no segundo seguinte, também me interroguei sobre que outras alternativas estão disponíveis no mercado de alianças.

Donald Trump, na brutalidade de muitas das suas posturas, tem a curiosa vantagem de tornar as coisas muito simples, por mais complexas que elas sejam. A nova América projeta uma agenda de afirmação nacional de interesses com imensa transparência, descurando deliberadamente a retórica acomodatícia de que, por muitos anos, se alimentou o «politicamente correto» das relações internacionais. Trump diz ao que vem: o relacionamento externo da «sua» América far-se-á exclusivamente nos termos que melhor corresponderem aos seus objetivos nacionais. E di-lo «alto e bom som», para óbvios efeitos internos, com isso reduzindo muitas das hipóteses de recuo ou compromisso.

Angela Merkel e os aliados europeus da América tiveram o privilégio de ouvir, sem ambiguidades, as novas regras do jogo, que vão do comércio internacional, passando pelas regras ambientais, chegando à segurança e defesa. E a Alemanha, que sempre me pareceu ser o país europeu que mais cedo percebeu o que Trump podia vir a representar, não tardou a tirar uma conclusão simples: agora, pela primeira vez desde há décadas, a Europa só pode contar consigo própria. 

Esta constatação acarreta, contudo, alguns problemas. 

Desde logo, de que Europa falamos, se dos bálticos e da Polónia que vivem ainda na situação pós-traumática de uma Guerra Fria que acham reiniciada, ou de quantos, ainda que sob uma aparente firmeza conjuntural face ao autoritarismo arrogante de Moscovo, estão mais do que desejosos de encontrar mecanismos de acomodação com a Rússia? A começar, sejamos claros, pela própria Alemanha e pela França, porque as fanfarronices de Macron face a Putin devem ser lidas à luz da necessidade de dar-se ares de «duro», num contraste fácil com Hollande, até às eleições legislativas.

Uma segunda questão prende-se com o facto de Trump não ter confirmado explicitamente a garantia última de defesa coletiva decorrente do artigo 5° do Tratado de Washington. Não o fez por acaso e isso não passou despercebido. Num mero contrato, pode-se funcionar numa base de boa fé. Numa aliança, que é feita de princípios, valores e objetivos comuns, é a confiança que prevalece. E, quando ela deixa de existir, é a desconfiança que emerge. E uma forte desconfiança projeta-se inevitavelmente sobre a eficácia, nos dias que correm, do compromisso transatlântico. Dir-se-á que Trump marcou, na palavras, a sua distância face a Moscovo e esse é o cimento essencial de aliança que sempre federou a NATO. Mas também há quem se não esqueça que o mesmo Trump, meses atrás, tecia loas a Putin e hoje parece recuar nessa estranha deriva apenas pelas trapalhadas a que esse caminho o conduziu.

Mas há um terceiro problema que, neste estado de orfandade europeia da afetividade do outro lado do Atlântico, está a emergir. Trata-se do lugar futuro da Alemanha no quadro dos poderes europeus. 

Por essa Europa fora, a perspetiva de um papel central da Alemanha numa Europa de segurança e defesa é uma ideia pouco consensual. Claro que, a seu lado, descontado o Reino Unido no pós-Brexit, estará a França – com umas forças armadas poderosas, com capacidade de projeção de forças, um poder nuclear, um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Mas a Alemanha, para muitos (sejamos claros, também para si própria) continua a ser um fantasma histórico. Ver a Alemanha a rearmar-se não é uma ideia sossegante para muitos, embora talvez se trate já de um preconceitos sem sentido. Mas um novo «angelismo» não parece fácil de adotar numa Europa onde o passado está sempre à espreita.

Relações internacionais


A foice, o martelo e eu


Há dias, a pretexto de uma crítica que fiz às ideias políticas de Miguel Urbano Rodrigues, numa nota respeitosa que escrevi por ocasião da sua morte, fui, nas redes sociais, zurzido de “anti-comunismo”. Só faltou acrescentarem “primário”...

A acusação de “anti-comunismo” está ligada, entre nós, a um certo período histórico. “Anti-comunistas” eram quantos, no pós-25 de abril, diabolizavam o PCP (apenas a este partido isto era aplicável), negando, implícita ou explicitamente, a sua legitimidade para integrar o espaço democrático. Para alguma esquerda, ser “anti-comunista” era, ao tempo, quase sinónimo de “fascista”, de defensor da ordem ditatorial anterior, que tinha no PCP como inimigo jurado.

Reconheço alguma razão nesse reflexo porque, já depois do 25 de abril, ainda houve gente que sonhou ilegalizar o PCP – e nunca poderemos agradecer suficientemente a coragem tida por um homem como Ernesto Melo Antunes, ao impor a recusa política dessa sinistra ideia, na sequência do 25 de novembro.

Porém, uma coisa é ser “anti-comunista”, nesse preciso registo, outra bem diferente é ter o direito a expressar, sem risco de insulto, uma discordância com a agenda política hoje titulada pelo PCP. No meu caso, combato muito daquilo que o PCP defende, acho obsoleto e retrógrado muito da sua agenda política, mas não admito que, por essa razão, alguém me qualifique de “anti-comunista”.

Faço parte de uma geração política que foi educada no respeito pelo “Partido”, na admiração pela bela história de luta dos comunistas portugueses, principais vítimas da repressão da ditadura, tempos em que com eles me senti bem solidário, a quem agradeço os sacrifícios que fizeram e que muito contribuíram para a nossa liberdade.

É claro que algum PCP teve tentações autoritárias no período do PREC, mas muitos de nós, por essa altura, também embarcámos em aventureirismos que, fazendo parte indissociável do nosso passado, fazem igualmente parte daquilo que foi a nossa aprendizagem política: a ideia de que não há nada mais parecido com uma ditadura de direita do que uma ditadura dita de esquerda. E não me obriguem a dar exemplos.

Lembrei-me de tudo isso, há dias, quando, com o presidente da República, mas também com o secretário-geral do PCP, participei numa justíssima homenagem a Mário Castrim, militante comunista. Durante essas horas, não me dei conta de que alguma distância, no plano das ideias políticas, me impedisse de apreciar o jornalista e o escritor que nos ajudou, com arte e ironia, a atravessar o "ar irrespirável” da ditadura. Alguém que, para retomar o belo poema de Manuel Gusmão (também ele comunista), citado na ocasião pelo ministro da Cultura, nos ajudou a encontrar,"contra todas as evidências em contrário, a alegria”.

quinta-feira, junho 01, 2017

À distância

Há minutos, fui convidado para fazer uma palestra: algures em novembro "próximo". É muito bom ver as coisas planeadas com tempo, embora também devamos pensar que, daqui até lá, pode sempre haver circunstâncias supervenientes que venham a arruinar estes cuidadosos agendamentos.

Há uns anos, numa rua de Paris, estava afixado um cartaz para um concerto de Tony Bennett, o clássico "crooner" americano. Fiquei surpreendido, desde logo porque pensava que ele já tinha morrido, mas também, mesmo que fosse vivo, que ainda fizesse espetáculos.

Fiz um comentário à frente, creio, do meu amigo João Durão, que estava por lá de passagem e que me disse: "Eu estou surpreendido é com o otimismo do homem". Julguei que fosse o eterno "sorriso pepsodent" de Bennet que justificasse a frase. Mas o João logo acrescentou: "É que estamos em maio e ele ainda se atreve, com aquela idade, a marcar um espetáculo lá para o fim de novembro..."

€ 7,50


Foi há dias. Uma folga. Coisa rara, nesta vida de aposentado. (Ao menos, quando era funcionário público, tinha um horário!) Por lapso, tinha anotado mal uma aula. Agora, tinha à minha frente duas horas para preencher.

Comecei a andar pela rua, havia um alfarrabista e, claro!, entrei.

O livro tinha sido editado em 2007. Dez anos, é muito tempo, como cantava o outro. Onde é que eu estava em 2007? No Brasil. Nunca vira aquele livro e considero-me um bem sucedido bisbilhoteiro de estantes e mesas de livrarias. A capa era dura. Já custara €30 (!), depois €20, agora estava €7,50. Comprei.

Vi uma esplanada minúscula, numa leitaria manhosa. Pedi um sumo de laranja, depois uma bica. E ainda um bolo de arroz. E um novo sumo. Fiquei por ali, quase as duas horas, a tal folga, a folhear o livro, a ler alguns textos soltos. Porque o livro era para ser digerido assim.

E deliciei-me. Que bom que é poder ler - em português culto, limpo e enxuto - histórias de mundos que passaram ao nosso lado, alguns que cruzámos em Lisboa e noutros lugares, onde se fala, de forma aberta, franca, de pessoas, de factos, de ideias, de tudo. E esse tudo sob um olhar inteligente, atento, interessado e interessante. Um olhar refletido em papel, em artigos, agora juntos, numa unidade com certeza nunca imaginada aquando da escrita.

Paguei provavelmente mais pelo que comi e bebi, cujo sabor já esqueci, do que os €7,50 que dei por um livro que, afinal, vale agora (para mim) bem mais dos que os €30 iniciais capa. E não só porque me encheu, com inesperado gosto, a folga. Também porque, desde então, o reabro quase todos os dias, "ao calhas", como dizíamos em miúdos. Sempre com novas surpresas, nas mais de 500 páginas.

Se querem saber, não havia lá no alfarrabista mais nenhum exemplar do "Século passado", de Jorge Silva Melo, editado pela Cotovia (que o tinha mandado saldar pela Promobooks a €7,50). Assim, a partir de amanhã, na Feira do Livro, passem pelo stand da editora e peçam o vosso exemplar a €7,50. Se eles resistirem, digam que vão da minha parte. Pode ser que eles se comovam.

(Em tempo: pessoa atenta a estas coisas disse-me que este último comentário sobre a editora terá sido excessivo. É que passado que seja um período razoável na comercialização de um livro, não há outra solução que não seja saldar os exemplares não vendidos. Foi o que fez a "Cotovia", é o que fazem, ao que parece, todas as editoras. O meu "mea culpa" perante a "Cotovia". Até porque, tal como escreveu Harper Lee, o meu desejo é que "Não matem a cotovia").

quarta-feira, maio 31, 2017

Pesca à linha

Diverte-me imenso o oportunismo de certa esquerda, alguma que tem tanto de crente como eu tenho de maçon, que passa agora o tempo a "pescar" frases do papa Francisco, que, de quando em quando, lhe "dão jeito", como se ele fosse uma espécie de guru esquerdalho. 

Verdade seja que fazem exatamente a mesma figura que alguma direita fazia quando cavalgava, com simétrico oportunismo, o hiper-conservadorismo (ia escrever reacionarismo, mas opto por deixar entre parêntesis) desse Ronald Reagan religioso que se chamou João Paulo II.

Esta adaptabilidade multi-usos dos chefes da igreja católica ajudará a explicar a sua sobrevivência? 

Posso imaginar que me venham dizer que isto é "areia demasiada" para quem é ateu.

terça-feira, maio 30, 2017

A vontade de Merkel

Não pode deixar de saudar-se a vontade manifestada por Ângela Merkel de dar corpo a uma maior expressão autónoma europeia em matéria de segurança e defesa.

A perspetiva do Brexit, somada às "lessons learned" dos seus traumáticos encontros com Trump, tê-la-ão convertido a uma doutrina em que, no passado, o empenhamento alemão foi sempre muito discutível e, em especial, demasiado limitado na prática para a importância do país.

Vamos agora esperar para ver se, àquelas palavras, vão corresponder atos concretos. 

Desde logo, o urgente reequipamento das forças armadas alemãs, das quais há sinais preocupantes em matéria de estado de prontidão.

Mas, essencialmente, interessará testar este voluntarismo retórico nas futuras ações de estabilização político-militar, tuteladas por mandatos internacionais, em que a Berlim for pedida uma contribuição à altura da importância dos outros interesses que a Europa projeta em seu nome.

Esperemos que Angela Merkel não venha a revelar-se como aquele capelão militar do RI 13, lá de Vila Real, que, um dia, à partida de tropas para a guerra colonial em África, teve esta "infamouse" tirada: "Rapazes! Preparemo-nos para a guerra! Ide!"

Nuno


O Nuno Brederode Santos partiu há um mês. Ontem, com a Céu, alguns daqueles que ele classificaria como "o ventre mole do núcleo duro" dos seus amigos lembrámo-lo, da forma e no local em que achámos que ele gostaria de ser lembrado. Deixo esta sua bela fotografia e as palavras de Lincoln: "It has been my experience that folks who have no vices have very few virtues".

segunda-feira, maio 29, 2017

Notícias raianas


António Costa e Mariano Rajoy encontram-se hoje, em Vila Real, numa cimeira entre governantes de Portugal e de Espanha. Não qualifico de "ibérico" este encontro peninsular por (boas) razões que quatro décadas de Necessidades me ajudaram a cultivar (e que não são para aqui chamadas).

(O encontro tem lugar na minha terra, em Vila Real, uma cidade pouco dada às luzes da ribalta mas que uma gestão camarária recente muito inteligente tem vindo a recolocar no mapa.)

Há uma semana, também em Vila Real, os presidentes dos parlamentos dos dois países, acompanhados de deputados de todos os principais partidos, debateram já alguns temas de interesse comum. Tive o gosto de ser convidado para fazer, na abertura desse encontro, uma intervenção em que elenquei os grandes desafios europeus que os dois países devem enfrentrar na Europa que aí vem.

Notei, nessa ocasião, que as "sintonias" político-partidárias entre Lisboa e Madrid raramente foram o terreno necessário para um entendimento frutuoso. Cavaco Silva e Felipe Gonzalez ou António Guterres e José Maria Aznar foram a prova provada disso, com o contraponto do "tandem" menos bem sucedido entre José Maria Zapatero e José Sócrates. Esperemos que Costa e Rajoy confirmem a "regra".

O grande tema da Cimeira de hoje é a cooperação transfronteiriça. Há mais de 40 anos (acho que já referi isto por aqui, pelo que peço perdão por eventual repetição), dois jornalistas espanhóis escreveram um livro (não sei se editado por cá) intitulado "La  Raya de Portugal, la frontera del subdesarollo", que evidenciava que a pobreza e o subdesenvolvimento rimavam com a proximidade a Portugal. Anos antes, um grande jornalista português, Manuel da Silva Costa, escrevia o "Portugal país macrocéfalo", um retrato trágico de como então (e não havia o Pordata) o país era Lisboa e "o resto" era "paisagem".

As coisas mudaram muito. Em Espanha, seguramente para melhor, com um excelente "aménagement du territoire" (expressão francesa para a qual "ordenamento" me não satisfaz), que não atenuou pr completo algumas debilidades. Por cá, embora com variantes de acordo com a região, o despovoamento, a desertificação e a pobreza "qualitativa" acabam por marcar a esmagadora realidade da nossa zona raiana.

Por essa razão, ter a cooperação transfronteiriça no topo da agenda da cimeira é um ato de inteligência e bom-senso. E tentar encontrar maneira de ancorar essas zonas a apoios europeus é excelente.

Queria apenas fazer um alerta, a propósito de uma realidade que, no entanto, e no essencial, não se alterou nas últimas décadas. As realidades institucionais que, de ambos os lados da fronteira, enquadram os modelos transfronteiriços são muito assimétricas: de um lado estão Autonomias, democraticamente fortes, com estruturas poderosas e testadas. Do lado de cá, à falta de regionalização (e pouco importa aqui se ela seria desejável ou não), temos apenas CCDR e municípios, associados ou não. 

Torna-se assim muito importante para Portugal garantir que essa assimetria se não converte num fator de fragilização da posição das entidades nacionais, quando chegar a hora da gestão da soluções comuns e do desenho e colocação no terreno dos mecanismos para dar expressão prática à cooperação transfronteiriça. É essencial que o peso específico de um dos lados não prevaleça sobre o outro em moldes que possam configurar uma qualquer hierarquia de interesses. E mais não digo, porque as entidades a quem esta mensagem se destina sabem bem do que estou a falar.

A Lusofonia e os interesses externos de Portugal


O embaixador António Monteiro, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, é seguramente uma das figuras diplomáticas portuguesas que melhor conhece África.
Nascido ele próprio em Angola, teve como um dos seus primeiros postos profissionais Kinshasa. Mais tarde, noutras funções, viajou amplamente pelo continente, vindo a ser figura central na negociação dos Acordos de Bicesse. Chefiou depois, em Luanda, a Comissão Conjunta Político-Militar para a implementação do acordo. Como Diretor-geral Político-Económico do MNE, deve-se-lhe o "desenho" da CPLP, que ajudou a construir. Embaixador na ONU e em Paris (curiosamente, vim a suceder-lhe em ambos os postos), continua hoje a seguir com atenção o mundo da lusofonia, a que está ligado em termos profissionais.
É uma reflexão aberta sobre os interesses que compete a Portugal defender nesse âmbito que António Monteiro irá fazer, a meu convite, em mais uma sessão das conferências sobre "Os interesses de Portugal no mundo", semanalmente organizadas pela Universidade Autónoma de Lisboa, numa parceria com o jornal "Público".
A conferência do embaixador António Monteiro terá lugar na 3ª feira, dia 30 de maio, pelas 18.00 horas, na Universidade Autónoma de Lisboa, Rua de Santa Marta, nº 56, em Lisboa.
A entrada é livre, até ao limite de disponibilidade da sala.

domingo, maio 28, 2017

Miguel Urbano Rodrigues


Ouvi falar dele, creio que pela primeira vez, ao meu primo, Carlos Eurico da Costa. Ambos tinham trabalhado nessa efémera experiência que foi o "Diário Ilustrado".

Miguel Urbano Rodrigues cedo se exilou no Brasil, deixando muito bom nome como jornalista no Estadão, onde chegou a editorialista. Escrevia muito bem, textos cultos, onde espelhava uma vida com muitas experiências e ricos encontros. Tudo isso, contudo, era limitado por uma cegueira (outros terão um vocábulo mais amável) política que lhe coartava a evidente genialidade da pena. 

Militante do PCP, viria, já bem depois do 25 de abril, a dirigir "O Diário", uma espécie de MDP-CDE impresso (só alguns entenderão o paralelo), uma publicação que (passe a blague) era a verdade a que os comunistas tinham direito. 

"O Diário" foi um jornal curioso: reunia um conjunto de excelentes profissionais (entre outros), mas produzia um jornalismo que, na sua globalidade, tinha uma qualidade que deixava muito a desejar. Contudo, à distância, creio ser justo dizer que foi melhor do que a imagem que dele guardou a história do nosso jornalismo.

Com Franco Nogueira, Miguel Urbano Rodrigues fez depois por vezes um dueto caricatural esquerda-direita, uma fórmula que um espertalhote qualquer inventou na RTP. A esmagadora maioria da esquerda não se revia naturalmente no sectarismo semanalmente afirmado por Miguel Urbano Rodrigues e a direita, então comodamente instalada no poder cavaquista, fingia quase "ser de centro", em face do tremendismo estado-novista tardio de Franco Nogueira. A perfídia, em "jornalismo", tem destas coisas. 

Miguel Urbano Rodrigues andou depois pelo mundo, creio que viveu em Cuba e no Brasil. Nunca o encontrei, nunca falei com ele. Mas li muito do que escreveu. Prejetava a imagem de alguém que havia perdido (e era inconsolavelmente saudoso de) um mundo político em que sinceramente acreditou - o que é muito respeitável, mas apenas quando isso é inócuo para a liberdade dos outros. No que me toca, nesta que é a hora da sua morte, e tendo em comum com ele uma rejeição de um certo passado, sinto-me suficientemente à vontade para afirmar que há muito que não tínhamos os mesmos amanhãs como objetivo - se é que alguma vez isso verdadeiramente aconteceu.

Dias ranhosos


A expressão pode ser lida num registo sem excessiva elegância, mas "dias ranhosos" era um dito que me recordo ouvir, na minha infância, para qualificar manhãs que "abriam mal", com o teto pesado, ameaça de chuva ("céu sachado, chão molhado", se visto na véspera), às vezes com um ventinho húmido e desagradável a acompanhar. 

Depois, por entre as nuvens, alguns dias "compõem-se", mas um início de dia "ranhoso" (que raio de nome, pensando bem!) é algo que me indispõe e torna logo irritadiço. Verdade seja que as manhãs nunca foram a parte favorita do meu dia, com ou sem sol. Mas houve quem tivesse artes, como ninguém, para me ajudar a atravessar essas horas em geral tormentosas.

Tive uma secretária com a notabilíssima qualidade de saber "ler" o meu estado de espírito, nesse tempo penoso até ao almoço. Logo de manhã, pelo modo como eu vocalizava o "bom dia", à chegada ao escritório, pelo grau de "simpatia" com que recebia o café matinal que ela me trazia, para logo mergulhar nos jornais e nas papeladas do tabuleiro das "entradas", ela fazia algo que só uma excecional profissional (também da psicologia?) conseguia fazer: uma inteligente triagem das chamadas telefónicas, em função do meu estado de espírito, bem como das pessoas, da minha "entourage", que eu me apeteceria receber.

Eu explico. 

Se acaso sentia que eu vinha demasiado "contra o vento", ela cuidava em não me passar telefonemas de pessoas que sabia que só me iam irritar, daqueles que só ligam para pedir coisas ou para trazer problemas, de alguns a quem, em ocasiões anteriores, eu tinha atendido chamadas com um prévio comentário ou interjeição (num desabafo para ela) que sentira como negativo. E o acesso a mim ou ao meu gabinete era também "filtrado", vedado meticulosamente a quantos ou quantas ela pressentisse que só me iam trazer chatices. "O doutor está ocupado" ou "pediu para não ser interrompido" ou coisa assim - eram algumas das fórmulas utilizadas. Na esmagadora maioria dos casos, eu não lhe tinha sequer chegado a dizer nada... E quase sempre acertava! 

Porém, se ela pressentisse que quem me ligava ou surgia por ali, mesmo sem hora marcada, era gente com quem eu iria ter prazer em falar, com quem, em geral, me divertia, que me ligava desinteressadamente ou queria dizer apenas um "olá" para saber como eu andava, o acesso era logo facilitado. Cheguei a ter eco de muitas "ciumeiras", e ela pagou algum preço por isso.

Que saudades eu tenho dessa amiga, agora a viver a vida na profundidade dos "States", que entendia como ninguém a maneira de contornar as minhas manhãs "de candeias às avessas", de "blues" (como por lá se diz), que, como ninguém, era capaz de ir gerindo o início de alguns "dias ranhosos", dando-me tempo para recuperar o bom humor de que, em geral, me alimento.


Olho agora lá para fora e vejo que o dia, afinal, está a ficar menos "ranhoso". Aproveitemo-lo.

sábado, maio 27, 2017

A Taça, o Nuno, o chá, o Browns, os "Gunners" e a vingança de Wenger


Acabo de ver na televisão a minha equipa londrina, o Arsenal, vencer a "Cup final", num jogo emocionante até ao fim. (Tenho estas defesas internacionais afetivas, talvez para compensar azares desportivos domésticos). Lá por Londres, no antigo Wembley, tive em tempos o supremo privilégio de assistir a algumas finais, espetáculos memoráveis nessa insubstituível "catedral" histórica do futebol.

Hoje, acompanhei a segunda parte do jogo com um belo "Earl Grey" da Twinings, com a água na temperatura certa, porque, como dizia a minha mãe, não se deve "cozer o chá".

Há minutos, ao dar pela falta dos "scones" a acompanhar, lembrei-me do Nuno Brederode Santos. Quando eu vivia por Londres, o Nuno passou por lá algumas vezes. Na primeira, encontrámo-nos para um copo no bar do Browns. "Eu, nesta terra, fico sempre no Browns", tinha decretado o Nuno. E ficava muito bem. O Browns era um hotel clássico, numa transversal a Picaddilly (não tenho pachorra para ir ao Google ver o nome da rua), à época bastante agradável. O Nuno explicou-me que o "afternoon tea" do Browns era tido por um "must". A verdade é que não me recordo de alguma vez ter tomadi chá com o Nuno.

Meses mais tarde, num sábado, com os meus pais, que estavam por ali em férias, fomos lanchar o Browns. À entrada, corretíssimo, um funcionário observou-me: "I'm afraid, sir, but you forgot your tie!" De facto, eu não levava gravata. Lembrava-me lá eu de andar de gravata num fim-de-semana! "May I ask you to select the one you like the most from our 'private' collection?", disse, gongórico, sorrindo. E lá lá fui a um "closet" descortinar uma tira de pano, de que escolhi a mais berrante (para escândalo de quem ia comigo, mas não do empregado), para pôr ao pescoço, autorizado assim a poder degustar a seleção magnífica de compotas com que por ali se acompanhavam as mini-sandwiches, os "brownies" e aqueles imbatíveis "scones", nos "trays" cónicos de regra.

Por uma única vez, bem mais tarde, dormi uma noite no Browns - e disso não guardo nenhuma memória impressiva, embora me digam que o hotel hoje está esplendoroso. Não sei se agora (com os russos e árabes a pagar) o hotel ainda exige o uso da gravata, nem se o chá da tarde por lá ainda se recomenda, Só sei que, com o Nuno, não poderei nunca mais comentar essa Londres de que ele tanto gostava (e houve outras Londres que partilhei com ele e o seu grande amigo Zé Laranjo, que também já se foi).

Por que é que me lembrei, nesta hora da final da Taça de Inglaterra, do chá? Pela "falta" dele por parte dos jogadores e dirigentes do (meu) Arsenal, pelo modo miserável como deixaram isolado no meio do campo, sem um abraço, sem um gesto de solidariedade, o (agora) mal-amado treinador Arsène Wenger, um "gentleman" (embora francês) que deu mais de vinte anos pelo clube e que parece destinado a ser escorraçado (embora lhes ofereça a "chapada" derradeira da vitória de hoje).

O "meu" Arsenal era outro, era o de Highbury Park, do "Fever Pitch" do Nick Hornby, do bairro operário das fábricas militares em que prosperou. Beber uma "pint" no "Wig and Gown", em sábados em que, anónimo e sozinho, ia de metro a Islington, foi uma espécie de batismo no mundo dos "gunners". É que, à época, muitos grunhos, arrotando cerveja e grunhindo interjeições num indecifrável "slang", talvez tivessem "mais chá" e sentido de gratidão do que esta tropa de hoje, que não respeita quem os serviu com lealdade e bastante sucesso por tanto tempo.

sexta-feira, maio 26, 2017

Realismo e juízo


Haverá alguém, no seu perfeito juízo, que acredite que o qualificativo dado por Wolfgang Schäuble a Mário Centeno - "o Ronaldo do eurogrupo" - é algo mais do que uma arrogante “boutade”? 

Só alguma saloiíce lusitana é que acha que a “teoria económica” da Geringonça é vista com admiração nos círculos preponderantes no eurogrupo. É claro que eles podem achar curiosos os resultados obtidos, mas ninguém os convence minimamente de que tudo não decorre de um acaso pontual. Para eles, trata-se apenas de um "desenrascanço" conjuntural, fruto de alguma acalmia dos mercados, do efeito das políticas temporalmente limitadas do BCE, do salto das exportações (que entendem nada ter a ver com a ação do governo), do surto do turismo (por azares alheios e sorte nossa, como o “milagre do sol”), bem como do "pânico" de PCP e BE em poderem ver Passos & Cia de volta, desta forma “engolindo sapos” e permitindo ao PS surpreender Bruxelas com o seu seguidismo dos ditâmes dos tratado. Ah! Eles também constatam que a política de estímulo do consumo acabou por não ser o “driver” anunciado do crescimento. E que tudo o que foi feito está muito longe das imensas reformas que eles consideram indispensável, nomeadamente no regime laboral e nas políticas públicas mais onerosas para o OGE (Saúde, Educação, Segurança Social, Fiscalidade), por forma a promover uma redução, significativa e sustentada, da dívida. É assim uma grande e indesculpável ingenuidade estar a dar importância à "boca" do cavalheiro alemão!

Também só a crendice paroquial concede um mínimo de plausibilidade à ideia de Mário Centeno vir a chefiar o eurogrupo. Conhecidos os desequilíbrios doutrinários no seu seio, passa pela cabeça de alguém (pelos vistos passa!) que venha a ser escolhida uma pessoa que tem titulado uma linha em aberto contraponto com o sentido do “mainstream” que domina aquele fórum? Mesmo que houvesse interesse em ter um socialista para no lugar (dado o excesso de gente do PPE, hoje um pouco por todo lado), esse "socialista" teria sempre de ser (ou ficar) do tipo de Dijsselbloem, isto é, uma voz ventríloqua de Schäuble. E, se acaso isso fosse possível, que interesse podia ter para nós? Colocar Centeno a ter de desdizer-se face ao passado recente, vocalizando, contra o seu sucessor, aquilo com que não concorda? E com que “cara” ficaria António Costa, depois de ter publicamente assegurado que apoiaria o espanhol Luis de Guindos? Conheço-o suficientemente para ter a certeza de que se não prestaria à trampolinice de Durão Barroso, quando se locupletou com a presidência da Comissão Europeia, depois de tanto "entusiasmo" revelado com a candidatura de António Vitorino.

 Paremos assim para pensar e, entretanto, tenhamos juízo.

quinta-feira, maio 25, 2017

As malas e os diplomatas

O embaixador de que falei na historieta anterior, Cabrita Matias, era um "sábio" prático, daquelas pessoas que faz doutrina própria com base nas experiências e as transforma em indiscutíveis verdades universais.
Um dia, disse-lhe que, ido de Oslo, ia passar um fim-de-semana a Estocolmo. Aconselhou: "Escolha um hotel longe da estação!" Pensei logo: conhece a área, o "red light district" dever ser por perto. Mas, por acaso, era exatamente por ali que eu ia ficar! Creio que era um Sheraton, se a memória não me trai. E disse-lho.
"Ó homem, isso é uma imensa asneira", decretou. Mas porquê? A zona é má? "Nada disso! A regra é universal" (não fazia a coisa por menos). "Aprendi isso em França, com os famigerados Hotel de La Gare. Quer saber porquê?" Esse era o meu maior desejo, nesse momento.
"É muito simples, meu caro. Um hotel junto de uma estação tem dois problemas: é sempre demasiado distante para nós carregarmos as malas e demasiado próximo para chamar um táxi! É sempre uma tragédia. E para si é pior". Porquê? "Porque é casado" (ele era solteiro). "E as mulheres não sabem "to travel light"!"
Ele tinha toda a razão (em tudo o que tinha dito...) e eu passei a seguir a sua recomendação...
(... até ao dia em que foram inventadas as malas com rodas! Como é que é possível que tenham passado milénios entre a invenção da roda e esse "ovo de Colombo" que foi colocá-las nas malas? Quantas "Tauro" eu carreguei pelas ruas da vida!)

Parabéns, concidadãos !