terça-feira, abril 19, 2016

Sem culpa formada

O preconceito é uma coisa terrível e todos nós, confessemos ou não, somos um pouco ou muito preconceituosos. Não escapo à regra. Melhor (ou pior), sou muito preconceituoso.

Há um género de figuras (de figurões, já em registo de preconceito) que, de há muito, chamam a minha atenção. Olho para elas, para a sua cara, e fico com a ideia imediata de que são ou más pessoas ou óbvios "bandidos". São aquilo a quem eu chamo os que deviam de imediato "ser presos sem culpa formada". 

Numa sociedade ideal, esses meus ódios impressionistas de estimação seriam presos de imediato, depois investigavam-se com calma e, pela certa, na grande maioria dos casos, a possibilidade de se estar a cometer um erro judiciário era muito limitada. O mundo ficava muito melhor e eu ficava muito mais sossegado, o que é bem mais importante, claro.

Acontece-me muito ter esta reação perante alguns dirigentes do futebol, tal como em face de uns tipos de ar untuoso e gravata descaída que falam "da massa do vinte-vinte" em almoços de lóbi. Há dias, num jantar, fiquei ao lado de um deles. Não digo a profissão que tinha, para não prejudicar a sua inscrição da Ordem. Há minutos, sentado ao sol neste delicioso "Café Marly", nesta primavera imbatível de Paris, fazendo horas e água na boca para a sanduíche da TAP, tenho ali em frente dois espécimens desta fauna. 

(Num mundo ideal, chegaria daqui a minutos o comissário Maigret e engavetá-los-ia no 36 do Quai des Orfèvres. Mas Maigret não existe, embora continue a existir a magnífica "blanquette de veau" (provei uma deliciosa, ao almoço) que ele tanto apreciava comer na Brasserie Dauphine, restaurante que, por acaso, também não existe no tal mundo ideal em que, igualmente por não existir, estariam sempre "dentro" os bandidos de quem eu não gosto).

Mas, voltando à minha fixação, devo dizer que nunca encontrei tantas figuras do jaez que descrevi como na votação no parlamento brasileiro, há dois dias. Foi um fartote! 

Uma nota final: quem levar a sério o que aqui escrevi será "desamigado". Mas não perdoarei aos restantes, podem crer!

3 comentários:

Manuel disse...

e eu, se mandasse, mandava encarcerar todos os indivíduos que, maliciosamente, nos fazem crescer água na boca sabendo que não temos a mínima possibilidade física ou metafísica de saborear uma "blanquette de veau" num horizonte físico/temporal razoável.

Jaime Santos disse...

Dirigentes desportivos, sim, sim, facilitadores de negócios idem. Treinadores de clubes, depende, só os mal-educados e que não sabem falar Português, e com preferência por gravatas de cor verde (esta época)... Os muito arrogantes toleram-se enquanto ganharem jogos. Depois, calabouço com eles, de preferência com confisco total dos bens... E tendo a concordar com o Manuel relativamente à 'blanquette', mesmo havendo outros pratos em França que prefiro...

Anónimo disse...

Senhor Joaquim Freitas e senhor reys, quando forem agora ao Brasil cuidado os blindados e os tanques dos militares já estão por todo o lado. A constituição já foi derrogada e já tem recolher obrigatório. Cuidado que o golpe que vocês tanto falam já está. Caros otários que acima citei, golpe aconteceu no Brasil de facto em 1964, esse sim foi um golpe contra democracia, aquilo que agora se trata é de meter ladrões e corruptos na cadeia. Golpe senhores otários foi o que aconteceu no Chile em 73, esse sim foi golpe, golpe foi o que aconteceu em 76 na Argentina, esse foi golpe. Agora temos é a justiça a querer prender ladrões e corruptos que tem enriquecido á má cara á custa do povo, muito dele otário como temos aqui os exemplos do Freitas e do reys. Armados em intelectuais de meia tijela que acham que fica bem defender regimes corruptos só porque alegadamente se dizem defensores dos pobres e humilhados, pobres e humilhados sim, mas pelos ditos defensores. Deixem a justiça prender os ladrões, deixem de ter vacas e bois sagrados, por isso sou ateu, porque para mim nada está acima do escrutinio. O senhor reys para além de otário, ainda tem o dom de censor, deve ser familiar de algum antigo fascista daqueles de trazer por casa que tinham o hábito de censurar o pensamento alheio só poque não lhes era favorável. O embaixador tem o posicionamento dele a que tem direito, mas não entra no fascismo do reys.

O outro lado do vento

Na passada semana, publiquei na "Visão", a convite da revista, um artigo com o título em epígrafe.  Agora que já saiu um novo núme...