domingo, agosto 30, 2015

Paulo Rangel


Tenho um sentimento ambivalente face a Paulo Rangel.

Várias vezes, tenho lido e ouvido, até em debates onde coincidimos, reflexões suas sobre questões europeias que relevam da sensatez de alguém que, tendo uma sólida formação académica, tem vindo a refletir com serenidade sobre o estado da Europa e das suas políticas e, no seu caminho recente pelas instituições bruxelenses, tem aproveitado para sedimentar ideias e decantar juízos que podem ajudar à construção de uma nova postura nacional nesse contexto. Num país que não se pode dar ao luxo de clivagens levianas na sua postura externa, algumas ideias de Paulo Rangel merecem ser ponderadas.

Contudo, e para (já não muita) surpresa minha, esse mesmo Paulo Rangel convive, frequentemente, com uma personagem com laivos trauliteiros, quase populistas, com um tropismo para o ataque descabelado e "ad hominem", nada consentâneo com o perfil respeitável antes referido. Fica a sensação de que o intelectual Paulo Rangel, não encontrando entre os seus um ambiente de apreço e acolhimento à altura da qualidade das suas ideias, se resigna a procurar aplausos de satisfação através de um recurso a um registo caricatural, demagógico, descendo o discurso a níveis que chegam a chocar pelo seu primarismo.

O que Paulo Rangel ontem afirmou na "universidade de verão" do seu partido, mesmo descontado o facto de se estar em tempo de campanha eleitoral (mas talvez justificado por ser na "silly season") toca um registo verdadeiramente inqualificável. Duvido seriamente que o intelectual Paulo Rangel, regressado à serenidade do seu gabinete, possa aceitar, sem um sorriso embaraçado, o que o militante Paulo Rangel foi capaz de afirmar, em coreografia saltitante de palco, para arrancar alguns títulos e meia dúzia de palmas de "jotas".

Há uma coisa que, um destes dias, Paulo Rangel vai ter de decidir, de uma vez por todas: se quer ser levado a sério ou não.   

24 comentários:

Anónimo disse...

Esta figurinha,é useiro na canalhice.A frustração de não alcançar a liderança do psd. leva-o a revelar os seus dotes de canalhice.

Anónimo disse...

Como é que um "homem sério na Europa" pode ser um "trauliteiro" cá dentro?
Ou o contrário, como é que um trauliteiro pode ser levado a sério?
Qual das duas faces é a verdadeira?

Cá por mim, e devido às muitas provas dadas, a face verdadeira é a de "trauliteiro de direita" e não o de "bem comportado europeu".
Afinal ele veio do PP trauliteiro do Paulinho das feiras e as origens não sãpo renegadas!

Esta roupagem europeia de "político bem comportado e construtivo" é para "enganar" quem quer ser enganado!

E só é "enganado" quem quer...e não me venha com a história da carochinha do"período eleitoral"!

Outeiro

Anónimo disse...

O que parece ao comum dos mortais é que há uma fortíssima influência politica na justiça.
Dizer que essa influência é só de um determinado lado mais vem reforçar aquele parecer do comum dos mortais!

Pedro Barbosa Pinto disse...

Não fora a passagem "...tendo uma sólida formação académica..." e este texto seria hoje em dia válido para a grande maioria* dos deputados (caseiros e europeus) do chamado "Centrão".
E ainda: - Só quem já decidiu muito bem o que leva muito a sério (o ordenado de Deputado Europeu) e conhece o chefe de ginjeira (tanto que se lhe opôs no partido) se atreveria a afirmar o que Paulo Rangel ontem afirmou!

* - Não digo " para a totalidade" porque, dada a quantidade necessária, a partir de um certo lugar nas listas já só entra pessoal para aplaudir, não de satisfação - para isso seria necessário entender - mas porque sim!

Anónimo disse...

O Senhor Embaixador mais uma vez mostrou aqui a vontade de exprimir claramente o que pensa e o que lhe parece. Desta vez escreveu mesmo com alguma condescendência.
Não me esqueço dos tempos em que o deputado Paulo Rangel me parecia o melhor que ia chegando ao PSD. Hoje, o Dr. Paulo Rangel estará deslumbrado com o que se vive no coração da UE... Usa o lugar que o PSD lhe deu para "espraiar" na nossa beira-mar do ocidente europeu os "laivos de autoridade sabedora dos castigos a aplicar bem, e, com rigor" quando não há dinheiro. É crime o tráfico de influências que não o era quando chegou ao PSD... Agora é de bom tom falar do ex-primeiro ministro e de um banqueiro português que cometeu os erros dos outros gestores na BANCA... Gostava que o Deputado que admirei algumas vezes tenha a oportunidade que outros portugueses tiveram de ficar num qualquer posto internacional, pois alguém fora de Portugal terá mais obrigação de lhe agradecer o favor... do que muitos de nós portugueses.

Jaime Santos disse...

Já não tenho qualquer simpatia pelas teses federalistas de Paulo Rangel, que a crise das dívidas soberanas e o tratamento dado à Grécia e em menor grau a Portugal, Irlanda, Espanha e Itália, se encarregaram de mostrar não fazerem sentido numa Europa onde primam as relações de força. Uma União Federal requer uma Identidade Europeia que (ainda) não existe e requer que os diferentes Estados se vejam uns aos outros não apenas como parceiros, mas igualmente como iguais, algo que também não acho que aconteça na Europa. No entanto, apesar de discordar dele, reconheço-lhe essa capacidade de pensar o Processo da Construção Europeia. Por isso, olho com perplexidade a tendência que ele tem para tentar marcar 'cheap points' em debates. Recordo-me de um debate com os candidatos ao Parlamento Europeu em 2009, em que Paulo Rangel não deixou de puxar da cartada anti-comunista para atacar Vital Moreira, no mais puro registo 'shoot the Messenger', e mais recentemente num 'Expresso da Meia-Noite' em que respondia a alguém, creio que do BE, e em que usou da mesma táctica. Por vezes pergunto-me como é que pessoas com formação em Direito e/ou Filosofia se deixam cair nestas diatribes, parece às vezes que o calor da Luta Política lhes estala o verniz e as deixa cair num registo primário, quando não populista...

Anónimo disse...

"A situação está a causar polémica. Rui Rangel já tomou várias posições públicas que questionam a investigação. Admitiu mesmo que a prisão pudesse ter sido ilegal, disse depois que o facto de José Sócrates não ter sido ouvido aquando da reavaliação dos pressupostos consistia numa irregularidade. Considerou mais tarde que, caso as suspeitas de corrupção fossem relativas ao período em que era primeiro-ministro, a sede para investigar o processo era o Supremo.

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/nacional/politica/detalhe/juiz_comentador_decide_futuro_de_jose_socrates.html"

Também gostava que este Rangel, pedisse excusa para analisar a decisão sobre a prisão do 44.

Estou á espera que claifique !

Bartolomeu disse...

Pressinto que este ano, as silly-arengas-da-estação, irão prolongar-se até às presidênciais... ou até um pouco mais.

Anónimo disse...

Este está cada vez mais parecido com o trauliteiro das Beiras(Jorge Coelho).

Majo disse...

~~~
~ Eu não faço distinções ente Paulo Rangel intelectual
e Paulo Rangel comunicador...

Penso que está a subestimar um futuro candidato a Belém,
não só culto, como ''abrangente''...

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josé ricardo disse...

A mim parece tudo um pouco primarismo eleitoral. O que o Rangel exprimiu, no calor de uma sala cheia de jotinhas (futuros salvadores da escanzelada pátria), não foi mais do que muita gente pensa. A questão é se estas tonterias devem ser ditas por alguém com responsabilidades partidárias. É o discurso do taxista no seu melhor.

Um abraço,
José Ricardo

Anónimo disse...

Pelos vistos há vários "Rangeis"! (Não sei se é este o plural mas há alguém que vai iluminar)

Anónimo disse...

A mim, faz-me impressão é ele defender que uma das maneiras de defender a língua portuguesa é nós aprendermos línguas estrangeiras. Confesso que ando às voltas com a lógica disto...

NG disse...

O carácter de Paulo Rangel é definido pelo contraste entre o chinfrim que foi fazer para o Parlamento Europeu chamando asfixia democrática à defesa de uma campanha de perseguição caluniosa e o silêncio com que assiste ao prime-time das televisões de sinal aberto, em pleno período eleitoral, ocupado pelo comentário de propaganda de militantes de um só partido.

Anónimo disse...

Sr. Embaixador,

Não fale apenas do Dr. Rangel. Fale de todos os políticos de todos os quadrantes. Em plena campanha ou pré-campanha só sabem dizer mal dos outros partidos e respectivos candidatos. De construtivo para o futuro do País não sai nada das suas boquinhas. Nada mesmo. Uma desilusão completa. Grande vai ser a abstenção.

inconfessável disse...

Depois da campanha eleitoral das europeias já nada me admira em Paulo Rangel.

Manuel do Edmundo-Filho disse...

Paulo Rangel acaba, assim, de legitimar aquilo que muita gente pensa e que o próprio visado, desde o início, tem defendido: que a sua prisão teve motivações políticas.

Anónimo disse...

Os juizes ou os magistrados do Mp marimbam-se para as pressões que muitos julgam existir; grande parte da nossa classe politica é o refugo...e quem trabalha e sempre trabalhou sabe disso. Tomara os politicos terem o minimo de esforço inteligência e saber de muitos que só têem o dever do silêncio.
O assunto não é pois tabú.

José Moreira disse...

Tanto comentário e nem uma resposta às questões do Paulo Rangel... quem cala consente portanto... deve custar a muitos o tiro certeiro no Costa Concórdia...

Anónimo disse...

Vitor Dias é que não está com tretas e defende melhor a dama de Seixas da Costa

http://otempodascerejas2.blogspot.pt/2015/08/paulo-rangel-ou_29.html

Anónimo disse...

"O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever.”
―José Saramago.

Unknown disse...

considero que jornalistas e tudologos, têm feito um mau serviço a democracia, nao dissecar as razões,porque a justiça anda tão produtiva!! Os factos são reais, portanto não dependem das narrativas. O que tambem são factos é que as equipas da Judiciaria e o Juiz C.Alexandre estão lá a 15 anos. nada mudou portanto.
O governo, que até membros seus tem, com processos abertos, não se tem pronunciado, acredito que nada tem a ver com os corruptos andarem tão turbinados.
Seria bom que, com seriedade se escrutinasse o que mudou!!
O procurador o supremo e a direcção do DCIAP mudaram, mas acharia maquiavelico que fosse essa a razão!!

Anónimo disse...

Extracto interessante do blog "Porta da Loja", com a devida vénia:

"Sobre Souto Moura, o então PGR, o PS disse o piorio e só não correu com ele do cargo, para dar o lugar a um "extraordinário" Pinto Monteiro, porque houve algum receio de se exporem demasiado. José Sócrates, então PM, queria mesmo isso.
Sobre o condicionamento judicial há vários exemplos. Este. Este e este.

Quanto a este PS, a este Costa e à ideia da igualdade de todos perante a lei é apenas uma anedota. De mau gosto, porque não acreditam nisso. Nunca acreditaram. Rui Mateus que o diga, se alguém o conseguir entrevistar...
No fundo, foi isso que Paulo Rangel veio dizer publicamente, embora o jornalismo nacional não percebesse bem, fazendo de conta que foi apenas um ataque político ao PS, porque é assim que funciona a mentalidade de redacção das judites, lourenças e companhia."


patricio branco disse...

Lamentavel e primitivo o que disse sobre a justica e comportamentos de partidos a proposito da prisao de jose socrates

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