quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Humberto Delgado

A ideia de conferir o nome de Humberto Delgado ao aeroporto da Portela, proposta pela Câmara Municipal de Lisboa. no ano em que se comemora a passagem de meio século sobre o bárbaro assassinato do "general sem medo", que ousou afrontar a ditadura nas "eleições" presidenciais de 1958, é um gesto de grande significado.

Oriundo das hostes do Estado Novo, com um papel determinante na criação da aviação em Portugal, tendo sido diretor-geral da Aeronáutica Civil, Delgado viria a dissociar-se de Salazar nos anos 50, depois de ter exercido funções como Adido Militar na embaixada portuguesa em Washington. Por iniciativa de setores não comunistas da oposição democrática (que antes já haviam pensado em nomes como Cunha Leal, Jaime Cortesão ou Mário de Azevedo Gomes), o nome de Humberto Delgado acabou por ser aceite por toda a oposição, depois das forças próximas do PCP terem prescindido da candidatura de Arlindo Vicente.

Derrotado numas "eleições" provadamente fraudadas, num ambiente de aberta repressão e intimidação, Delgado viria a ser demitido das funções públicas, exilando-se inicialmente no Brasil e, posteriormente, na Argélia, de onde seria atraído a uma cilada montada pela polícia política portuguesa, no lugar de Los Palos, em Villanueva del Fresno, junto a Olivença, em Espanha, onde seria barbaramente assassinado, em 13 de fevereiro de 1965.

Esperamos agora que o governo português siga esta recomendação da Câmara Municipal de Lisboa. Ficava-lhe bem.

Em tempo: deputados de todos, repito, todos os partidos subscreveram uma proposta no mesmo sentido. Aguarda-se, com interesse a posição do executivo.

31 comentários:

Anónimo disse...

Se um primeiro ministro que pouco fez e ficou na categoria do "podia ter sido", tem direito a nome de aeroporto (Porto); se um papa que nem português era, tem direito a nome de aeroporto (Ponta Delgada), muito mais tem Humberto Delgado. Pena é que seja sempre a política a ditar as homenagens e não tanto o percurso profissional ("fundador" da TAP).

Anónimo disse...

Se até o pulha do Cunhal tem direito a uma avenida (numa zona bem má, bem sei), bem que também este pode ter um aeroporto.

Anónimo disse...

O que é ser barbaramente assassinado?

Anónimo disse...

Cinquenta anos depois, ainda acham necessário andar com homenagens a alguém que, do ponto de vista político, acabou por não "chegar lá" e fazer qualquer diferença. Alguém cuja acção se restringiu a um contexto muito particular, num período muito particular e que, para a grande História, nunca terá qualquer importância.

A Esquerda tem este hábito irritante: a necessidade de se se estar sempre a auto-homenagear.

Luís Lavoura disse...

Não concordo.
O aeroporto é de Lisboa e mais nada. Não tem nada que ter nomes de seja quem fôr.
Quem dá nomes aos aeroportos é o povo. E o povo chama-lhe "aeroporto de Lisboa". E chega, que é isso que ele é.

Anónimo disse...

Meio século depois???!!!

E que tal mudarmos o nome do país para Antifa, a capital para Abrília e a língua para Cravo. E pronto!

Anónimo disse...

Lido por aí, noutro cabide:

"da série: o que fazer em ano eleitoral quando não há dinheiro para inaugurações
por Alexandre Borges, em 12.02.15

Avenida Eusébio, aeroporto Humberto Delgado... Até Outubro, Costa ainda vai baptizar a óptica Irmã Lúcia."

Anónimo disse...

Eu acho bem. Pareceu-me de muito mau gosto que Sá Carneiro tenho dado o nome a um aeroporto depois de ter morrido num desastre de avião. Sá Carneiro, que pessoalmente e politicamente era - julgo eu - uma pessoa decente, deve aliás estar a dar voltas no túmulo ao ver o que fizeram do partido que criou e bem arrependido deve estar (onde estiver) por ter levado Cavaco para as Finanças. A ala liberal em que participou não tem nada a ver com o liberalismo das criaturas de hoje. Estas criaturas poderiam ser, no regime anterior, titulares dos mesmíssimos cargos que agora ocupam.
JPGarcia

Anónimo disse...

Sr Embaixador o post de hoje e mais uma vez brilhante. Mas nos comentários, o fascismo vem ao de cima, com toda a sua raiva!

Pável Rodrigues disse...

Câmara de Lisboa perdoa 1,8 milhões de euros ao Benfica!(http://desporto.sapo.pt/futebol/primeira_liga/artigo/2015/02/12/c-mara-de-lisboa-perdoa-1-8-milh-es-de-euros-ao-benfica)
E depois... Avenida Eusébio, aeroporto Humberto Delgado... Até Outubro, Costa ainda vai baptizar o Largo do Rato de Rotunda Irmã Lúcia....

Anónimo disse...

A política como medida de todas as coisas...

Joaquim de Freitas disse...

Em Roma chamava-se a damnatio memoriae. Em França, ainda existem as ruas Robespierre, o que é normal, pois que Robespierre foi talvez o único revolucionário, com Saint Just, incorruptos. Merecia estar no Panthéon, onde se encontra Napoléon , que restabeleceu a escravatura, que Robespierre tinha abolido, que instaurou o primeiro sufrágio universal masculino e bloqueado o preço do pão, para que todos pudessem compra-lo.

Mas a história por vezes zigzaga ! Um maire do FN acaba de desbaptizar certas ruas numa cidade do sul. Entre as quais, a rua Salvador Allende. Talvez este maire preferisse Pinochet.

Ao ler certos comentários neste "post" constato que a nostalgia fascista continua presente em Portugal, após meio século de democracia. E que há aqui gente capaz de fazer a mesma coisa em Portugal, se pudessem.

São os mesmos que não vêm um PR que em 2012 escrevia: " “Eu não vejo razão para que não seja reduzida a comissão que é cobrada a Portugal pelos empréstimos que recebeu do FEEF"
quando a Grécia conseguiu alterações de taxas e de prazos. E que não compreendem que o Governo Grego procure o mesmo resultado.

Que não vêm que é o mesmo PR que sugeriu em 2013 a recomposição da Troika com a saída do FMI, exactamente o que defende agora Tsipras. " “É chegado o tempo de reflectir sobre se a composição e o papel da troika................ na medida em que os objectivos da União Europeia são bem diferentes do FMI”. Bravo presidente.

Os mesmos que não vêm um governo português e um PR que esperam que a Grécia saia esmagada do encontro de Bruxelas, e que aplaudem cada vez que a Frau Merkel diz não aos gregos.

Mas se os gregos conseguirem um resultado positivo que alivie o sofrimento do povo grego, estou para ver se os mesmos sempre submissos vão ignorar ou vão , finalmente, levantar a voz para pedir o mesmo tratamento para Portugal. Como o Senhor Embaixador já o escreveu num "post" precedente.

Anónimo disse...

Como sempre, o comentário do Freitas é do mais demagógico, faccioso e - sejamos frontais -, estúpido que aqui se pode ler.

E, reparem, como consegue pegar numa coisa e torná-a noutra completamente diferente, só para bolçar as alarvidades da praxe.

Anónimo disse...

"Cada cabeça, sua sentença". O "ditado" é mais para ser aplicado aos doutos comentaristas, que misturam alhos com bugalhos. Coitados!...

Unknown disse...

Ouço muitos améns e argumentos mas continuo a não concordar que se ande a mudar os nomes .É um marco histórico que se deturpa não acrescentando nada, nem homenagem, pois nasce duma mentira.

Anónimo disse...

Oh anónimo das 14:14, você é porcaria reaccinária, homem! Deixe lá o comentador Freitas que tem pelo menos cultura política e histórica, que você seguramente não possui.
Qual é o problema de o aeroporto em vez de Portela, que é apenas o nome local,não possa vira ser Humberto Delgado, um anti-salazarista morto pela Pide. Ou você queria que ficasse Aeroporto Salazar, como a Ponte, que o deixou de ser?
Bruno Salgado

Correia da Silva disse...


Caro Joaquim de Freitas
..
Portugal.....após meio século de democracia ?????

A democracia dos chicos-espertos? dos oportunistas ?
dos corruptos ?
dos demagogos ?
do compadrio ?. ....



É esta a ditosa Pátria minha amada?

Atentamente
Correia da Silva


patricio branco disse...

um bom nome para o aeroporto, ele que foi um dinamizador da aviação civil em portugal, há uma relação directa, mas também uma apropriada e certeira homenagem ao candidato e opositor a salazar, nos 50 anos do seu traiçoeiro assassinato.
vai ser um teste, esta proposta, costa bem o percebeu, vamos a ver o que se passa, mas que brevemente vejamos o nome do general no aeroporto da portela.
a propósito, passou há pouco na tv a excelente película sobre o seu assassinato, a preparação e a execução, chama-se "operação outono"

Anónimo disse...

O Sr. JF vê fascismo em todo lado: Nem Salvador Allende nem Estaline, nem, Hitler, Pol Pot,Chavez;Fidel, Cunhal, etc

Veja debaixo da cama antes de ir dormir !

Ponha os ollhos em França e veja o que deu o amor acrisolado-rosa ao multiculturalismo....

Anónimo disse...

Verdadeira fantochada!!!

Se isto é o que o Costa quer para o País estamos perdidos depois do Passos nos ter afundado.

Correia da Silva disse...


Para agrado de gregos e troianos anónimos, proponho AEROPORTO DO ANONIMATO.

Anónimo disse...

Hoje em dia olha-se para as Avenidas Novas e nada daquilo diz algo à população atual. Porquê? Porque foi tudo coisa de "amigalhaços", necessidade de "honrar" a malta do regime sem ter em conta a devida importância das pessoas.

Já agora, existe, hoje em dia uma Praça General Humberto Delgado em Lisboa. A figura diz tanto à população que toda a gente lhe chama... Sete Rios!

Anónimo disse...

É verdade o que está na Wikipedia???

"(...)Em 1941 assumiu publicamente as suas simpatias para com a Alemanha Nazi, publicando dois artigos na Revistas Ar onde, sobre Hitler, afirmou: “O ex-cabo, ex-pintor, o homem que não nasceu em leito de renda amolecedor, passará à História como uma revelação genial das possibilidades humanas no campo político, diplomático, social, civil e militar, quando à vontade de um ideal se junta a audácia, a valentia, a virilidade numa palavra"

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Embaixador : Creio que devo apresentar-lhe as minhas desculpas por ter "incendiado" o seu blogue com o meu comentário sobre Humberto Delgado. Tinha as minhas razoes, porque há um fio condutor no seu "post" : a ignorância política de uns comentadores, ou, pior ainda, a conivência, ou cumplicidade nos crimes fascistas do passado quando, tacitamente, os"compreendem" ou mesmo os "justificam" .

Revoltou-me o comentário do anónimo corajoso de 13 de Fevereiro às 04:49, quando escreve: " O que é ser barbaramente assassinado?". Como se assassinar um adversário político, atraído numa emboscada, com a sua secretária, que foi estrangulada , pelos esbirros da PIDE não fosse um acto bárbaro .

Revoltou-me o comentário corajoso do anónimo de 13 de Fevereiro às 07:01, quando escreve: " "alguém que, do ponto de vista político, acabou por não "chegar lá" e fazer qualquer diferença". Não chegar lá, escreve, e não ter a coragem de escrever porque é que Humberto Delgado não chegou lá!

Sim, ainda existe em Portugal uma clientela nostálgica do tempo em que os adversários políticos desapareciam de duas maneiras : no exílio ou no Tarrafal, Peniche ou outras estâncias de "repouso" fascistas.

Sim, foi o fascismo que assassinou um Homem que procurava uma via democrática para Portugal , uma via que daria aos Portugueses uma existência social. Porque não é a consciência dos homens que determina a sua existência, mas bem ao contrário a sua existência social que determina a sua consciência.

Mas os fascistas não querem que os homens possam adquirir uma existência social.

Sim, são os mesmos que o assassinaram que partiram agora ao assalto das democracias europeias, sob o manto democrático, com outros nomes, que não consegue esconder o racismo, a xenofobia, o anti semitismo, a islamofobia , e que combatem a solidariedade entre os povos, portanto necessária mais que nunca, quanto mais não seja para apresentar uma frente unida contra os que sonham duma boa guerra para resolver as dificuldades visíveis do sistema capitalista.

Sim, são os mesmos que , ao mais alto nível do Estado, numa total falta de coerência com os discursos do passado, - Governo e PR-, criticam os verdadeiros leaders dum país pobre esmagado pela máquina da finança internacional.

Porque , ou o mundo de amanhã é solidário , reafirmando os valores essenciais ou o mundo expõe-se ao perigo do passado.

Carlos Fonseca disse...

Quem disse que o fascismo acabou depois do 25A?

Neste espaço de comentários, os neo-fascistas medram como cogumelos no Inverno e como o estrume nas montureiras.

As saudades que os mais velhos devem ter da Legião e da "bondosa" PIDE...

Joaquim de Freitas disse...

Sr. Correia da Silva : Compreendo-o perfeitamente e acho que tem razão. Nunca vivi na democracia portuguesa porque parti antes da Revolução. Mas se tivesse vivido em democracia em Portugal, talvez nunca tivesse emigrado. Quero dizer com isto que a liberdade, pelo menos a de se exprimir, existe. Mas podemos pôr a questão seguinte : "Para que serve a liberdade se não temos uma existência social digna?

Sim, porque uma democracia só vale pelo valor dos membros que a compõem. Quero dizer que a democracia não é podre, como se diz, mas muitos homens são-no.

A democracia é um sistema que garante que seremos governados como o merecemos. E podemos dizê-lo doutra maneira : Temos os homens políticos que merecemos.

O que pode levar-nos a considerar que já não estamos em democracia quando se vêm tantas leis liberticidas. E que a justiça se aplica segundo o poder económico ou a influência de alguns.

A conclusão seria então que vivemos num sistema onde tudo se decide segundo o interesse dum pequeno numero de "reinantes" misturando dirigentes financeiros, grandes patrões, proprietários de media e seus representantes : o pessoal politico incarnado por todos aqueles que conhecemos bem, e que se submetem, à alternância "democrática". Seria bom de bem memorizar os seus nomes, para os derrubar no momento oportuno.

Anónimo disse...

A proposta da Câmara de Lisboa parece-me bem. Afinal de contas, trata-se de homenagear um homem que teve a coragem de afrontar o ditador fascista, que mais tarde o mandaria matar, embora o Rosa Casaco e outros Pides assassinos o tentassem desculpabilizar.
Quando reli o que Rosa Casaco referiu sobre a morte de Humberto Delgado (e outros aspectos) publicado no Expresso on-line, em memória do General, passados que estão 50 anos sobre o seu miserável assassinato, aquilo provocou-me mal-estar e perturbou-me. É repulsivo.
Daí que, a proposta de Costa ou da Câmara no seu conjunto me pareça correcta.
Todavia, já que se fala da Câmara de Lisboa (e de António Costa), aproveito para aqui deixar o meu profundo desagrado por duas das suas últimas iniciativas: a estupidez da decisão de proibir o trânsito no centro da cidade (ou Baixa) a viaturas consideradas demasiado antigas, “por razõess ambientais” – o que aliás pode ser contestado judicialmente, pois não tem sustentação, já que outros veículos na mesma situação o podem fazer, como táxis e autocarros -, o que atinge sobretudo quem não tem meios para comprar um carro novo, e a da isenção do pagamento de taxas municipais no valor de cerca de 1,800 milhões de euros ao Benfica! Esta última é igualmente inaceitável. Esperemos que esta proposta camarária não passe na Assembleia Municipal (não sei se já teve lugar a discussão e votação).
Vasco Guerreiro

Anónimo disse...

Proponho que o porto de Lisboa passe a chamar-se "Porto Henrique Galvão". Que a ponte Vasco da Gama passe a chamar-se "Ponte Mortos do Tarrafal", que a Rua do Carmo passe a chamar-se "Rua dos Resistentes Antifascistas" e, finalmente, que se decrete já que, daqui a mais cinquenta anos (ou seja, quando fizer um século), Elvas mude de nome para Humberta.

Anónimo disse...

Ó Freitas, o Delgado também era fascista e grande amigalhaço do regime. Mas "converteu-se" à democracia quando foi aos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA! 'Tá a ver? Não foi à União Soviética, nem a Cuba, nem à China, nem a nenhum desses regimes canalhas de que você, camarada Freitas, tanto gosta.

Agora, para 1500 palavras...

Anónimo disse...

Há por aqui uns comentadores anónimos que morrem de amores pelo patife do Ditador de Santa Comba Dão, detestam a Democracia e todos aqueles que enfrentaram, até com o sacrifício das suas próprias vida, o abjecto regime do Velho Beato Fascistóide.
Oh Freitas mande-os ao raio que os parta! Já agora, proponho que aquele troço fechado, sem uso, que não leva a lado nenhum, da A-5, Lisboa-Cascais, se designe de Troço Passos Coelho ou Cavaco Silva.
João Pereira

Anónimo disse...

E no aeroporto, para além do nome, tb deve ser eregida uma estátua ao Gen H. Delgado

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...