quarta-feira, setembro 10, 2014

A História do Elísio



A minha terra, Vila Real, tem uma memória viva. Chama-se Elísio Amaral Neves. Somos velhos amigos e essa é uma declaração de interesses que aqui deixo, desde já.

O Elísio andou por Belas-Artes, trabalhou na promoção turística oficial da região mas, desde há muito, dedica-se a investigar sobre a cidade cuja naturalidade partilhamos. Ao longo de muitos anos, coletou informação sobre Vila Real. Lembro-me dele a vasculhar alfarrabistas por todo o país e a "sacar" tudo quanto pudesse dizer respeito à cidade. Mas o Elísio está muito longe de ser um "rato de biblioteca". É um estudioso permanente sobre a vida e a história da cidade, mas alguém que promove ações concretas de estímulo ao conhecimento, mobilizando gente das novas gerações, tendo introduzido como que uma nova "linguagem" local, na maneira pública de lidar com as coisas da cultura. Teve a inspiração de fazer uma recolha de "história oral" sobre a cidade, sobre as suas instituições, os seus costumes, as suas figuras, os episódios mais marcantes do seu quotidiano. Assentou o essencial desse estudo, se bem posso julgar, essencialmente a partir do século XIX. Com apoio autárquico, organizou palestras para as quais convidou gente de todo o género, testemunhos de natureza muito diversa, que falaram sobre a cidade, nos seus mais ínfimos mas relevantes aspetos. Editou até hoje uma imensidão de publicações, onde ficou registado todo esse património de recolha, fez "fac-simile" de documentos raros que foram abundantemente distribuídos, recolheu e divulgou fotografias inéditas e, ao final de alguns anos, como que "ofereceu" uma memória que nos tornou a nós, vilarealenses, não apenas mais orgulhosos da nossa terra mas, mais importante do que isso, crescentemente curiosos sobre realidades para as quais verdadeiramente só acordámos pela sua mão.

Há anos que, quase sempre à distância, sigo com grande admiração o trabalho do Elísio, aquilo que ele faz com imensa alegria, com um constante sentimento de partilha, com um entusiasmo quase "juvenil", diria mesmo que com alguma saudável "loucura", tal a diversidade, por vezes bem divertida e irreverente, dos empreendimentos em que se envolve. Quando me acontece comentar com outros amigos o percurso e a obra do Elísio Neves, por mais de uma vez nos temos colocado a questão: que seria hoje da memória da nossa cidade se ele não a tivesse tratado a tempo, com o carinho e a seriedade com que o faz? Vila Real deve-lhe muito e acho que tenho a obrigação de aqui o deixar dito, com todas as palavras.

No que me toca, fica um abraço de gratidão para ti, caro Elísio.

3 comentários:

Anónimo disse...

Exactamente.

Um abraço para si (outro para ele, se acaso aqui vier).
Vítor Nogueira

Anónimo disse...

Um SENHOR!
O Sr Embaixador tocou, e muito bem, no “ponto” mais alto, na atualidade, da cidade e da região!
antonio pa

Celso disse...

Esta referencia deixada aqui sobre obra que o Elísio Neves vem desenvolvendo sobre Vila Real e Vliarealenses tem todo o mérito. Pode-se dizer que o Elísio Neves "vestiu a camisola" e tem feito um trabalho magnifico p´ra memória futura. O nosso amigo Seixas da Costa também tem vindo a fazer um interessante trabalho sobre Vila Real e Vilarealenses e ansiamos que em breve nos presenteie com algumas publicações em papel, pois apesar de tudo, ainda são insubstituíveis. Um grande abraço a estes dois Vilarealenses. Celso Maio

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...