quarta-feira, maio 21, 2014

De esquerda

Um velho amigo, que a saúde fez sair da vida ativa prematuramente, tinha uma fórmula imbatível para analisar quantos se diziam "de esquerda". Ao tempo do 25 de abril, com o surgimento de partidos das várias esquerdas, desde as extremas a alguns tão moderados que quase se diluíam na direita, muitos de nós, sob o radicalismo da época, interrogavamo-nos sobre se tal pessoa ou tal formação eram mesmo de esquerda. Aí surgia o António, com um sorriso, a esclarecer: "para mim, as coisas são muito simples: a esquerda "sou" eu e é pela aproximação ou não às minhas ideias que eu "meço" se uma pessoa ou um partido é ou não de esquerda".

Sempre achei a fórmula muito prática, embora conceda que, ideologicamente, é um tanto arrogante.

14 comentários:

Maurício Barra disse...

Perdoe-me a ironia, o senhor "medidor da esquerda" é do Partido Comunista ?
É que já ando ouvir isto há quarenta anos !

Helena Sacadura Cabral disse...

Francisco, esse António devia pertencer ao grupo que eu conheci...

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Maurício Barra: não era, não.

Francisco Seixas da Costa disse...

Cara Helena: acertou!

Anónimo disse...

Esse Sr. António não era de esquerda. Não sendo um extremo só podia ser(d)o centro! E, ou estava convencido disso ou então gozava com o pessoal. Louvável neste último caso!
antonio pa

opjj disse...

Caro Dr. Seixas da Costa isto de catalogar os princípios por esquerdas e direitas não será redutor? Só há bons num lado e pestes do outro!?
Conheço pessoas que fazem voluntariado nos hospitais e não se dizem de esquerda.
Sobre a sua observação do meu tom grave, dir-lhe-ei apenas que tudo o que escrevo, são constatações e factos.
Cumps.

Anónimo disse...

"O direito de António José Seguro ao esquecimento"

Rui Ramos
HÁ 2 HORAS
Os dirigentes do PS não perceberam que ao tentar deitar abaixo Passos Coelho a todo o custo, estavam a destruir as condições para um dia poderem eles próprios governar em Portugal.

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SEGURO
Segui, pela televisão, o discurso de António José Seguro na Convenção Novo Rumo. Ouvi as receitas, tomei nota das promessas. É óbvio que o secretário geral do Partido Socialista avançou com o discurso após a decisão do Tribunal de Justiça Europeu sobre o direito ao esquecimento: Seguro confia em que, se chegar ao governo, vai poder obrigar os motores de busca a apagar todos os traços dos compromissos e garantias de sábado passado. Só assim faz sentido. Porque senão, o que Seguro apresentou foi a mais longa nota de suicídio da política portuguesa.

Não quero ser injusto. O PS tem um grande problema: precisa de ganhar as eleições pela esquerda, para depois governar à direita. Em Julho do ano passado, perante a desagregação ministerial, o presidente da república pôs (e bem) o poder à mão dos socialistas. Hoje, o PS poderia ir a votos como o partido que garantiu a conclusão do ajustamento. Mas os inimigos de Seguro dentro do PS não lhe deram licença para agarrar a oportunidade. Agora, resta-lhe ser radical e milagreiro, para depois poder ser moderado e realista.

O destino de Seguro, com o seu Contrato para a Confiança, não tem mistério: será a versão portuguesa do último filme de François Hollande, menos as actrizes. Mas para o socialismo de cá, há o risco de ser pior. Sem maioria absoluta, um PS vitorioso nas próximas legislativas dependerá do PSD ou do CDS para governar, porque o PCP ou o BE não existem para fazer compromissos. Ontem, falou-se muito das coincidências programáticas entre o PS e a actual maioria. Mas um acordo parlamentar ou de governo não é simplesmente uma questão de medidas análogas. É uma questão de entendimento político. E aí, a intransigência do PS durante estes três anos terá consequências. Vai, quase de certeza, inspirar os inconformados que um pacto com os socialistas suscitar à direita: porque não imitar o Seguro dos últimos tempos, recusar qualquer cooperação e apostar num regresso rápido ao poder?

Há trinta anos, Mota Pinto não conseguiu reter o PSD no Bloco Central até ao fim — e então o PS e o PSD haviam recentemente chegado a consenso sobre uma revisão constitucional (em 1982) e tinham um inimigo político comum (o general Eanes). Imaginem como será com a raiva clubística de agora, para que Seguro, por opção ou sem opção, contribuiu deveras.

Pior: as legislativas de 2015 serão imediatamente seguidas das presidenciais de 2016. Um líder do PSD (ou do CDS) que pactuasse com o PS teria de desistir de um candidato presidencial próprio e subordinar-se à estratégia socialista. Já foi essa, aliás, a principal condição política do Bloco Central em 1983. O partido ou as facções da direita deixadas de fora vão poder inventar o seu candidato presidencial para minar qualquer acordo ou coligação. E a “esquerda do PS” fará outro tanto. Acham que vivemos tempos agitados? Esperem pelo PS no governo.

Os dirigentes do PS não perceberam que ao tentar deitar abaixo Passos Coelho a todo o custo, estavam a destruir as condições para um dia poderem eles próprios governar em Portugal. Ou perceberam, mas a pressão dos seus inimigos dentro do partido não os deixou escolher outro caminho. É a sina dos fracos: cometer erros de olhos bem abertos."

ainda não entenderam !!!!

Alexandre

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro opjj: claro que é redutor! Porque os tempos mudaram, porque também eu recuso o "monopólio do coração" pela esquerda (que seria um versão soft da "superioridade moral do comunismo") é que eu contei esta historieta com quatro décadas na qual, reconhecer-se-á, há até algo de "self-deprecating". Eu vivo muito bem com os meus erros, passados e atuais. Sem "gravidade" porque isto de blogues é terreno para sorrisos e ironias.

patricio branco disse...

ora aí está um criterio valido como podem ser outros, pelo menos é práctico...

Anónimo disse...

Fórmula arrogante?!
Olhe que não, olhe que não...

Isabel Seixas disse...

É sempre uma tentação analisar as pessoas "os outros"
à luz do nosso modelo ideal de comportamento bem como das nossas ideias.

Anónimo disse...

FSC: Sem "gravidade" porque isto de blogues é terreno para sorrisos e ironias.
Meu caro, feche o Blogue! Num Blogue escreve-se o que se sente e pensa, mesmo politicamente. Não importa que seja "ao de leve". É. Já todos os que aqui vão lendo o que escreve, por cá e sobre a "sua" Europa, sabemos bem o que pensa - politicamente.
Se é só sorrisos e ironias encerre a loja. Ou isto é plataforma para outros voos? Mas não é, como sabemos. Assuma o seu Blogue, ou seja, o que aqui diaz, com frontalidade snão com sorrisos e ironias.
a)M.Guerra

Anónimo disse...

Os filósofos idealstas dos séculos dezoito e dezanove defendiam que a realidade só existia na medida em que era percecionada. Qual a perceção que temos hoje do que é a direita e a esquerda?.
Questões fatuais de justiça social ou não.
Elementar meus caros...

Silva.

Anónimo disse...

Comentário que me dita a minha velha amiga, a 'velha senhora':

meu bem, queira ou não queira,
um blogue é cousa séria,
é cousa grave, férrea,
não sabe brincadeira.

alegre coisa e etérea
faço eu, rimalhadeira
que blogues só abeira
pra rimalhar, galdéria

às vezes um pouco ébria
e aérea, o copo a meio.
livre do meu enleio*
sério do que não é,*

séria - eu sou de léria
de esquerda, pra quem crê,
sinistra, pra quem lê,
e anónima - o que é feio!


*pessoa - já se vê!
o resto é só miséria.

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