quinta-feira, novembro 28, 2013

Mário Soares


O ativismo político do Dr. Mário Soares está a polarizar o país. O tom e a natureza de algumas das suas tomadas de posição entusiasma uns e choca outros. 

Gostava de dizer duas coisas apenas sobre esta nova visibilidade do meu amigo Dr. Mário Soares.

A primeira é que eu também me sinto, algumas vezes, pouco confortável com algumas expressões utilizadas, em entrevistas e intervenções, pelo anterior presidente português e creio mesmo que a eficácia do seu discurso ficaria melhor servida se outro tipo de linguagem fosse adotada.

A segunda é dirigida a quantos hoje o contestam e combatem o que entendem ser a deriva radical de Mário Soares: acho que deveriam sentir-se satisfeitos pelo facto dessas tomadas de posição acabarem por polarizar, numa figura que pede meças a quem quer que seja em Portugal, em termos de luta pela liberdade e pela democracia, muito daquilo que hoje configura um profundo e inorgânico descontentamento popular que atravessa o país. Deviam pensar nisto.

29 comentários:

Anónimo disse...

«...a eficácia do seu discurso ficaria melhor servida se... »

uma dúvida:

não será "...mais bem servida..."?

obrigado!

Anónimo disse...

Uma no cravo, outra na ferradura.

João Marques Petinga Avelar disse...

Nós pensamos. Pensamos que é triste ver alguém que foi grande não saber colocar-se no lugar devido e, por uma questão de vaidade e snobismo, deixar-se enredar pela baixeza das atitudes que toma.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro anónimo das 18.00: é o que eu penso. E notou que lhe dou aqui o direito a exprimir a sua opinião pouco lisonjeira sobre o que eu penso.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro João Avelar: o dr. Mário Soares assume atitudes que, podendo ser discutíveis, representam muita gente neste país.

Anónimo disse...

A ideia que tenho de MS, foi sempre a mesma. Acontece que agora tenho o exemplo ilustrativo perfeito: O MS é o Garrett McNamara da política! Que bem que ele sabe ver se o “mar” está “flat” ou está na “ondulação” certa… E pega sempre a “onda” certa…e não a larga até à praia…
No princípio, por aqui, chamavam-lhe o “rolha”… Tinha a ver mais com as nossas atividades regionais…
antonio pa

Anónimo disse...

Ler "Memórias de um PS Desconhecido", foi retirado de "circulação, há uns largos anitos!



Alexandre

opjj disse...

Tudo isto porque o até então simpático 1º ministro lhe tocou na fundação.
Há duas que não esquecem:
1- Ó Sr. guarda desapareça!
2- Importar terra da Alemanha para as flores dos seus vasos, não será anti-patriótico?
O seu subconsciente está a comprometer o seu ar bonacheirão, e é pena que esteja a jogar na roleta!
Cumprimentos

Ana Paula Gomes da Costa disse...

Os ataques ao Dr. Mário Soares, ultimamente, têm sido ignóbeis, bem de acordo com a canalha intelectualmente indigente e eticamente oca que se apossou do Poder em Portugal.

Anónimo disse...

"2- Importar terra da Alemanha para as flores dos seus vasos, não será anti-patriótico?"

Mas está tudo louco?!

Anónimo disse...

Retirado da monumental obra "The great war for civilization - The conquest of the Middle East", de Robert Fisk:

"(...) Far more obnoxious was the UN panel led by former Portuguese prime minister Mário Soares which embarked on an “information-gathering” mission to Algeria in the autumn of 1998. It produced a report that might have been written by the Algerian government itself. In an extraordinary act of moral cowardice, Soares allowed Algerian officials to read the UN report before it was published, entirely accepted the Algerian government’s claim that it was “fighting terrorism” and concluded that “Algeria deserves the support of the international community in its efforts to combat this phenomenon.” In just nineteen pages, the report used the word “terrorism” or “terror” ninety-one times without asking who these “terrorists” were or why they opposed the government. It agreed with interviewees who said that “excesses” committed by the security forces could not compare with the “Islamists’ ” “crimes against humanity.” Although around 20,000 Algerians were still being held on “terrorism” charges, the UN panel interviewed only one of them. No wonder Attaf distributed the Soares report to the local Algerian press for publication. When Amnesty International condemned the UN report as a “whitewash,” Attaf brusquely dismissed the charge. (...)"

A África sempre foi um problema para o MS...

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Oh Senhor Embaixador,

O Dr Mário Soares está em grande forma. Não reparou que até o Santo Padre se inspirou nas palavras dele?

Manuel Bar disse...

Tive ocasião de privar com o dr. Mario Soares,desde 1974,quando era secretário de Embaixada em Paris.Sempre o vi a defender,genuinamente, os interesses do país.Hoje continua a fazê-lo.

Anónimo disse...

A opinião da 'velha senhora', numa espécie de sonetilho demasiado sério e desinspirado (deve ter-lhe faltado o Alvarinho):

'violência' 'ditadura'
'banda' tem 'medo do povo'
chocam uns mas eu aprovo
contra cravo e ferradura

as palavras foram ditas
não se vai voltar atrás
violento e incapaz
é o poder dos trogloditas

o soares 'stá senil
co'uma tal loquacidade?
usa é sim a liberdade
de falar contra o que é vil

só assim morrer não há de
o vinte e cinco de abril

Um Jeito Manso disse...

Não posso concordar consigo, Embaixador.

Numa altura destas, com todos os vexames e humilhações a que os portugueses estão a ser submetidos, com a indignidade com que são tratados, com a miséria que está a ser espalhada, acha, Caro Embaixador, que é tempo de mesuras?

Há alturas nos jogos em que é indispensável que haja alguém que entre de pé em riste. Melhor fora que não fosse preciso. Mas, sendo, que avance a gente lúcida e corajosa.

'Por delicadeza deveríamos deixar-nos matar'?

Mário Soares acha que não. Eu também acho.

[Poderia também aqui referir as palavras do Papa Francisco que, na essência, diz o mesmo. Mas já o disse no outro dia e, se quiser, teria todo o gosto:

http://umjeitomanso.blogspot.pt/2013/11/o-papa-francisco-atacou-o-capitalismo.html ]

Desejo-lhe uma boa noite Embaixador.

Cunha Ribeiro disse...

Gostei. Mas também gostava que o Sr Embaixador falasse de SÓCRATES. Que curiosidade!

EGR disse...

Pois deviam senhor embaixador; deviam pensar a sério mas não é isso que acontece como se verifica por alguns comentários aqui efetuados.
Infelizmente.

patricio branco disse...

ao dizer demita se sr presidente, não deixei de pensar na ironia deste apelo de mario soares, efectivamente grande parte da responsabilidade de cavaco silva ser hoje presidente cabe precisamente a soares que ao se candidatar directamente em 2006 e por procuração em 2011 facilitou irremediavelmente as eleições de silva, dividindo os votos.

mas o velho politico continua o percurso que iniciou aos 14 ou 15 anos e que continuará pelos vistos até ao seu ultimo dia.
foi portanto um bom momento, o apelo dirigido a cavaco para se ir.

Miguel Reis disse...

Soares é assim mesmo, porque não deve nada a ninguém: lúcido, consequente, lutador. Hoje, em Portugal, estamos pior do que no tempo de Salazar. Temos uma liberdade de expressão condicionada e não temos seriedade econômica nem financeira. Já viram nalgum paus aumentar as exportações com simultâneos aumentos do desemprego e das falências?

Anónimo disse...

Tenho, ou tinha, a maior admiração pelo Doutor Mário Soares, sobretudo pelo seu desempenho como Presidência da República na área externa, com a qual deu ao mundo uma imagem de um Portugal culto e moderno, sem renegar os valores do seu passado, como nenhum outro estadista ou governante português o fez até hoje.
Por isso, não posso deixar de lamentar as suas últimas atitudes públicas, porque, quer a nível nacional, quer a nível do seu próprio partido, em nada favorecem a pacificação do actual ambiente político, excessivamente crispado.
Pena é que Mário Soares não tenha aproveitado este suplemento de vida, que espero longo, que Deus (no qual não acredita) lhe deu, após a grave enfermidade que quase o derrubou, não fosse a admirável tenacidade de que em todos os momentos da sua existência deu provas, para exercer um magistério activo mas sereno de defesa dos valores essenciais que entende ameaçados, em vez de se transformar num activista de algum modo incendiário, que nada veio acrescentar, antes pelo contrário, à criação de um clima propício a que os cidadãos e os partidos, incluído o PS que ele fundou, reflictam com profundidade sobre a grave crise nacional que a todos afecta.
Não resisto a transcrever as palavras de Luís Amado, militante do PS, pelo qual foi deputado, ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros, na "Visão" de ontem:
"Colocar em causa a legitimidade de um Presidente da República eleito e de um Governo que tem uma maioria parlamentar que o apoia, projetando a sua queda por ações de massas e pela pressão da rua,é próprio de uma tradição revolucionária ou poujadista, que tem sempre subjacente um apelo à violência".
Não é certamente desse apelo que nós necessitamos, sobretudo de alguém com as responsabilidades de Mário Soares. Basta que as próprias condições do momento sejam propícias à criação de situações de violência, como bem lembrou o Papa Francisco. Não faz falta que venha alguém, do alto do seu prestígio, ajudar a atear o fogo.
Leão do Amaral

Defreitas disse...

É pena que se brinque com coisas sérias e que não se interpretem as palavras como devem ser interpretadas , mas como as querem interpretar. Sei que é um pouco difícil ouvir as realidades e como não gostamos brincamos. Devemos preocupar-nos com os que nos destroem e não com os que alertam para essa destruição.

Anónimo disse...

Estas coisas não se passariam se reinasse, como devia, o Senhor Dom Duarte, mas desde a Carta Constitucional que as coisas não tiveram mais remédio e o descoco impera! Leia os Diários das Sessões das Cortes da Monarquia (se àquilo ainda se pode chamar Monarquia...) Constitucional e repare que ainda eram piores que os de hoje.

a) Henrique de Menezes Vasconcellos (Vinhais)

Defreitas disse...

Desagrada-me também o estilo ou certas declarações que poderiam ser feitas com outras palavras. Mas quem sou eu para julgar do seu estilo, eu que só hà uns meses para cá é que voltei à minha língua pátria. E isso sente-se quando me leêm!

Existem vários tipos de inimigos de Mário Soares, que foi, como muito bem escreveu o Sr. Embaixador, , quer gostemos ou não, um dos dois políticos profissionais de alto nível conhecidos no estrangeiro. Álvaro Cunhal foi o segundo.

Inimigos que votaram"utilmente" pelo PS em 1975, mas que nunca aceitaram essa "fatalidade" ! E que votaram em seguida CDS ou PPD .

Depois temos os Portugueses do Ultramar. Que nunca perdoaram a Mário Soares de "ter entregue" as colónias, como se elas devessem ser portuguesas até ao fim da humanidade. E que não viram o vento da História mudar no fim da segunda guerra mundial.
Acontece que viajei nessas colónias antes e depois da independência, assim como na África do Sul e ex- Rodésia. O meu agente na África do Sul era um "boer" puro, adepto , claro, do "apartheid". Vi o que muitos Portugueses fizeram por lá, nas "nossas colónias" ! Nem sempre muito digno nem humano. Mesmo se nao tinha o nome de "apartheid".

Depois há aqueles que de qualquer maneira nunca poderiam ser "amigos" do Dr. Mário Soares. A direita no estado puro, sobreviventes do salazarismo, com o qual se acomodavam bem, e que achavam que Portugal era um pais de "cocagne" ( como traduzir ? talvez "paraíso ou clube med....) onde qualquer que fosse o sofrimento e da miséria da grande maioria ... havia o sol generoso e os três"efes" !. Ignorância absoluta ou inconsciência mortal !

Estes mesmos que hoje vêm partir a juventude portuguesa para o estrangeiro, como há 40 anos, e que não os comove. Porque é o eterno destino , dizem eles, daqueles que são culpados de negligência : de mal votar !

Anónimo disse...

"Hoje, em Portugal, estamos pior do que no tempo de Salazar. Temos uma liberdade de expressão condicionada e não temos seriedade econômica nem financeira"

Há quem não tenha a noção do ridículo...

Se for possível julgar as pessoas pelos seus apoiantes, chegamos facilmente à baixa opinião que muitos têm do Mário Soares.

Anónimo disse...

Oh Leão do Amaral,
O Amado não se pode levar a sério, homem! Depois de MDN e MENE está hoje, como bem sabe, ancorado no Banif, um Banco que vive actualmente do “oxigénio” do Estado, os tais “resgates” que você, eu e os restantes contribuintes pagam. Ainda recentemente se noticiava que deviam uma “prestação” de 150 milhões que não pagaram no prazo (terão pago entretanto?) e que, por exemplo, daria para o Estado (leia-se este governo) poder ir buscar para cobrir os tais 100 milhões que tenciona roubar aos pensionistas. O chefe de gabinete do Amado, quando era MENE é hoje chefe de gabinete do PM Passos Coelho, não sei se sabia. O que dá imenso jeito, sobretudo quando se foi para um banco em dificuldades e a precisar de um resgate. Nada como ter o contacto certo, por conseguinte.
Há muitos socialistas no PS como o dito Amado. Agora que alguém como ele diga o que diz do Dr. Soares e esteja por outro lado sempre pronto, como já o ouvimos em mais do que uma ocasião, a salvaguardar as posições deste governo, é para não levar a sério. O Amado tem o seu “coração político” nos braços do Banif e do PSD, o resto é conversa, daí os comentários que fez ao Dr. Soares, como já fez apelando ao PS para que dialogue mais com este governo, etc e coisa.
Os Amados da vida (do PS, ou de otros Partidos) não são para levar a sério, oh Leão do Amaral. Existem para servir e defender interesses privados, que lhes pagam um salário, elevado. Ponto!
João Silveira Rodrigues,
Monte-Estoril

Anónimo disse...

Bem haja Dr. Mário Soares, não lhe "doa a língua" para continuar a verbalizar o que é necessário dizer.
Para a sigla das 19.38, digo(escrevo) leia o A.O'Neill e ver-se-á retratado, "Respeitinho é bonitinho". Cá na "terra" portuguesa.

Helena/Cascais

Anónimo disse...

Revigorado de corpo e alma, Mário Soares auto-constituiu-se numa espécie de Alto Comissário da Nação,
ditando ordens aos diversos sectores da sociedade portuguesa,a que se chamavam antigamente os Três Estados do Reino:
Clero, Nobreza e Povo.
Começou pelo Povo, através dos seus representantes: o Presidente da República, eleito por sufrágio universal e directo, e o Primeiro-Ministro, que constitui uma emanação do voto popular para a Assembleia da República. A um e a outro, Mário Soares mandou-os demitirem-se, já.
Seguiu-se o Clero: no diário "Público" de hoje, Mário Soares ordenou ao Patriarca de Lisboa que falasse, indicando-lhe o sentido da sua fala, e mandou também que passasse a gostar do Papa Francisco, que ela acha ser detestado por D. Manuel Clemente (quem não acreditar nisto, é favor consultar aquele jornal).
Faltando ainda a Nobreza, é bom que o Duque de Bragança esteja atento e preparado para receber os recados de Mário Soares e os transmitir aos nobres e titulares, quer os que o são por direito hereditário, quer os que o são por auto-persuasão.
O drama disto tudo é que, alcandorado no pedestal em que se instalou, não chegam aos ouvidos do Doutor Mário Soares os conselhos da sensatíssima Senhora Dona Maria de Jesus Barroso Soares nem de tantos outros que apelam à moderação e ao bom senso nas suas constantes intervenções públicas, orais ou escritas.

Anónimo disse...

… E acrescenta a 'velha senhora':

das palavras que nos disse
grande mário senilmente
esqueci 'os delinquentes'
a 'julgar' quando caisse
o 'governo moribundo'

dê-lhes mário a fazer dor
no governo e no estupor
que o país metem ao fundo

se incomoda embaixador
(por tão pouco furibundo?)
a linguagem mais mordente
poderá pôr esta gente
(mais estúpida do mundo?)
a acabar o estertor

Anónimo disse...

Talvez fosse altura de haver entre nós quem tivesse a autoridade moral para perguntar o que Juan Carlos I perguntou a Hugo Chávez: Por que não te calas?
Que isto de botar faladura todos os dias, começa a não haver paciência para vê-lo, lê-lo ou ouvi-lo.

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