sexta-feira, novembro 08, 2013

Insensatez

Foram, no mínimo, lamentáveis as declarações produzidas por entidades políticas portuguesas, sugerindo-se como possível "ajuda" às autoridades moçambicanas, em matéria de cooperação policial bilateral, de pôr cobro à insegurança que reina naquele país. Esses comentários, dos quais ressaltou uma triste forma de paternalismo, foram ao ponto de fazer notar aos responsáveis moçambicanos os efeitos, em matéria de investimento externo, que podem decorrer da presente situação de crise. Como se eles o não soubessem...

Este tipo de propostas e sugestões - como ensinam as mais elementares regras da diplomacia - devem sempre ser feitas com total discrição, no pleno respeito pela sensibilidade dos países. Permitir-se este tipo de comentários na praça pública - e em televisões que são avidamente vistas em Moçambique - tem como despudorado objetivo retirar dividendos políticos, "dar ares" de se estar atento aos interesses portugueses.

Mais pudor e maior profissionalismo é o que se recomenda.

14 comentários:

Defreitas disse...

Incrível ! Moçambique como na Tunísia ! Madame Aliot-Marie, então Ministro dos Negócios Estrangeiros Francês, tinha proposto ao governo da Tunísia aquando da primavera árabe, de pôr ao seu dispor o "savoir faire", a competência da policia francesa, reconhecida no mundo inteiro, segundo as suas palavras, para restabelecer a ordem. Para "calmar" os Tunisinos. Claro que esta oferta de serviços, acordou na memória de muitos Tunisinos os tempos da repressão policial francesa, de triste memória, durante o protectorado francês.

Claro que se os responsáveis políticos Portugueses querem ser o tapete do governo Moçambicano, que tenham cuidado com o retorno da manivela! Tudo isso tem um relento de colonialismo.

Anónimo disse...

Pois. É que Cavaco dispōe de maus conselheiros diplomáticos, demasiado jovens e inexperientes. A partida de Fezas Vital deixou um vazio por preencher e Portugal começa a dar demasiados tiros no pé em matéria de relações com áfrica. Espera-se que um governo PS traga gente mais sábia e experimentada e sobretudo que não recupere Amado que está bem onde está, aparecendo volta e meia... A defender posições do PSD...

Anónimo disse...

Pois.... fazemos como os europeus fazem connosco. Temos aprendido bem....

Anónimo disse...

Deviam estar calados, TODOS.

Estamos num País de showbizz!



Alexandre

Carlos Fonseca disse...

Senhor embaixador,

Falando mal e depressa, estar a pedir a esta gente que nos "governa" maior contenção e respeito pelas soberanias alheias, é o mesmo que pedir a um alveitar para fazer uma intervenção cirúrgica.

opjj disse...

V.Exª. refere-se a quem?
Mas não deixa de ter razão na sua observação.
Bem Haja

Anónimo disse...

Resolve-se a coisa de uma forma simples: manda-se o PR a Moçambique e eles raptam-no.

Anónimo disse...

E se os moçambicanos se lembram de perguntar pela Maddie? E pelo Rui Pedro? Deus queira que não lhes man demos esses nossos especialistas...

Anónimo disse...

Parece que por causa destas fantásticas inabilidades os moçambicanos aceitaram a oferta!
João Vieira

Anónimo disse...

Subscrevo estas suas palavras.
A Diplomacia a merecer ser reciclada. Resta saber por quem!
a)Rilvas

EGR disse...

Senhor Embaixador : subscrevo o post mas subscrevo também a pergunta segundo a qual não é demais exigir a quem nos governa profissionalismo e pudor.
Embora de natureza diversas deixo aqui alguns exemplos: um Secretário de Estado não sabe que, estando em Macau, não estava na Republica da China; o Primeiro Ministro exibindo o seu grande domínio da língua portuguesa declara em Bruxelas que "é extemporâneo nesta altura falar..." acrescentando as suas habituais frases sobre " o regresso a mercado " e o "envelope financeiro..."; por outro lado o Ministro da Defesa refere-se ao risco de "um estado social absorvente" se tornar totalitário; o da Defesa diz que teríamos de passar um ano sem comer nem fazer nada para pagarmos a dívida e, finalmente, um Secretário de Estado da Administração Pública, em dia de greve da função ameaça os funcionários com mais cortes salariais.
PS. por não ter visto, na ocasião, o esclarecimento que me deu quanto a designação do cargo ministerial que foi desempenhado por Alberto Martins não lho agradeci.
Aqui lhe deixo o meu obrigado e a desculpa pelo atraso.

Anónimo disse...

É difícil encontrar maior e mais lamentável amadorismo a todos os níveis do que o do nosso Pétain nacional, que aceita presidir a um protectorado alemão como foi, " mutatis mutandis", o Estado Francês de 1940 a 1945.

Unknown disse...

Infelizmente, Senhor Embaixador, o mal é bem mais amplo com a classe política agarotada que temos.

Já viu esta notícia?

http://www.tvi24.iol.pt/503/politica/cds-pp-nuno-melo-mocambique-eurodeputado-tvi24/1507825-4072.html

Então o deputado europeu Nuno Melo mete-se no assunto Moçambique nestes termos?

Primeiro, dá o ar de que não sabe minimamente do que fala, ao misturar grosseiramente o assunto "raptos" com a questão RENAMO. Segundo, ofende Moçambique ao misturar com estas dificuldades a ajuda orçamental que recebe da União Europeia. Terceiro, usa uma linguagem que tem o nível diplomático de um carroceiro.

E é ele, ao que parece, 1º vice-presidente de um partido liderado pelo vice-primeiro-ministro e que foi até há pouco tempo ministro dos Negócios Estrangeiros!

Quem se julgam estes meninos? Quem pensam que são? E terão ideia do mal que fazem?

Portas e Travessas.sa disse...

Está entregue à garotada...vai durar 10 anos para recuperar o prejuízo.

Zé da Adega

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...