terça-feira, janeiro 22, 2013

Afonso Costa

Durante 10 anos, entre 1927 e até à sua morte, em 1937, Afonso Costa residiu em Paris, no Hotel Vernet, no nº 25 da rue Vernet, a dois passos dos Champs Elysées.

Sempre me pareceu significativo - embora não achasse estranho - que ninguém até agora se tivesse preocupado em deixar assinalado o local onde morreu um dos mais destacados estadistas republicanos, perseguido e exilado pela ditadura militar e pelo "Estado Novo".

Essa falha foi colmatada, passando o Hotel Vernet a consagrar, a partir de hoje, um dos seus mais ilustres hóspedes, com uma placa com os seguintes dizeres: "Afonso Costa / Ancien Premier Ministre du Portugal / a vécu dans cet hôtel / pendant son exil en France / 1927-1937".

25 comentários:

Anónimo disse...

Em Março de 2009, Agnés Pellerin, colaboradora da Revista Latitudes, editou "Les Portugais à Paris - au fil des siècles et des arrondissements", na editora Chandeigne, que retraça alguns percursos.
Reproduso aqui, em francês, uma curta apresentação do livro
"Les Portugais à Paris
Le « Grand Paris » est aujourd'hui la « troisième ville portugaise » du monde, après Lisbonne et Porto, tant le nombre d'habitants portugais, ou d'origine portugaise, y est important. Cet ouvrage, quartier par quartier, évoque de manière ludique la présence, les visites ou les séjours de quelques personnages historiques, célèbres ou obscurs, au fil des siècles, piste les traces visibles du Portugal dans les rues de Paris, sans oublier celles de l'immigration récente. Riche en anecdotes, le livre s'enrichit à la fin d'un guide des principaux lieux de la vie intellectuelle et gastronomique portugaise de la capitale et de sa banlieue."
José Barros

LUIS MIGUEL CORREIA disse...

Sempre interessantes as visitas ao seu espaço de escrita, comentários e imagens.

Anónimo disse...

Plenamente de acordo.
Agora prepare-se para levar com os monárquicos em cima: “esse maçónico, esse carbonário, etc”

Julia Macias-Valet disse...

Mario Soares viveu durante o exilio no n°26 da rue Violet no XVème em Paris.
No apartamento onde viveu o nosso ex-presidente da républica vivem hoje amigos meus. O prédio nao tem qualquer indicaçao da passagem dessa importante figura da vida politica portuguesa.

De hoje para amanha é capaz de ser um bocadinho "apertado". Mas se no futuro houver a vontade de assinalar esse local com uma placa terei o maior prazer em estabelecer o contacto entre a nossa embaixada e os habitantes desse prédio.

Anónimo disse...

Pois é... interessante "point of view" sobre um dos republicanos mais "enragés" da sua época.
Mas como não sou politizado não posso dar a minha opinião sobre o homenageado. Eu até não sei

Anónimo disse...

e viva o doutor afonso costa de quem o povo tanto gosta...


patricio branco disse...

bonita placa e histrica e politicamente correcto assinalar a passagem de certas personalidades nos locais onde viveram

Anónimo disse...

Esperemos que essa placa não tenha sido colocada nem promovida pelo governo português, nem por nenhuma representação, ou representante, oficial do Estado Português... Por que esse tipo é de má memória!...

Anónimo disse...

Parabéns, Francisco,por mais esta iniciativa a dias da saída de Paris. Chamado be aproveitar o tempo até ao último minuto. Lembrar Afonso Costa é um dever de elementar justiça.Assim como tantos outros que o acompanharam no exílio e que ficaram por Paris vários anos, aí homiziados após o insucesso do 7 de Fevreiro: Bernardino Machado, Jaime Cortesão,António Sérgio, creio que também o antigo Presidente do Governo José Domingos dos Santos, Brito Camacho e outros mais. Existe uma fotografia de todos eles por baixo do Arco de Triunfo num 11 de Novembro. Onde se poderá, em Paris, homenageá-los em conjunto?
forte abraço
zf

Anónimo disse...

Porquê que a “malta” que não se “dá” por cá vai toda parar a Paris?

Anónimo disse...

Lembrar a história e de quem a faz e fez, é um dever do país e dos seus representantes. Obrigado.
N371111

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Anónimo das 18.37: Afonso Costa não "se deu" por Portugal porque a ditadura o perseguiu. Não foi o único, como saberá.

Anónimo disse...

"Em França um banqueiro virou-se para António Cabral, ex-ministro da Monarquia perguntando-lhe: - “Conhece um tal de Afonso Costa, em Portugal”. António Cabral disse que sim, que o conhecia bem… ao que o capitalista respondeu – “Pois deve ser um dos homens mais ricos do seu país, dada a quantia que possui na conta que por cá abriu…”, Memórias de António Cabral - Faz todo o sentido, portanto, a placa e a homenagem.

Mônica disse...

Embaixador Francisco
Eu gosto demais de placas. Meu pai nao foi nada de importante mas tem uma sala numa escola particular de minha cidade, uma placa com seu nome, porque foi um dos que incutiram no povo a vontade de ter uma escola de segundo grau. Papai e um grupo conseguiram esta primeira escola para a cidade. Eu tenho muito orgulho desta placa existir.
comc carinho Monica

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Nuno Resende:
1. Toda a gente sabe que Afonso Costa era um homem rico. Não sabia que era proibido sê-lo. É, contudo, a primeira vez que vejo uma insinuação de que fosse desonesto. Mas enfim...
2. Quanto a António Cabral, tendo sido ministro da fase mais autoritária da monarquia, a isenção do testemunho fica à prova.
E, claro, o seu comentário foi publicado, porque, contrariamente aos tempos em que Afonso Costa foi perseguido, a liberdade é um direito. Aliás, entre nós, bem republicano

Anónimo disse...

A questão é, porquê Paris? Será que os hotéis são mais baratos?
(Também é necessário algum distanciamento político. Tudo é relativo! Mesmo com ironia).

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Senhor Embaixador,

Um hotel no qual eu nunca me irei hospedar, embora o Afonso Costa não fosse dos piores.

Segundo uma nota do Diário do meu Bisavô ele só não foi um ferrenho Monárquico por ciumeira de outro Monárquico:

“O Dr. Affonso Costa, homem intelligente, trabalhador, activo, ambicioso. Apezar de ter sido republicano no tempo de estudante, quis mais tarde, sobretudo depois de casado com uma sobrinha do General António Campos, aj. De campo d’El-Rei, aproximar-se do Paço. Quem empatou o desejo do novo e notavel politico nascente foi o XXXXXXXXXXX na sua constante furia contra toda e qualquer pessoa que pudesse na Côrte fazer-lhe sombra. Esse XXXXXX, vulgo o XXXXXXXXX, foi o maior fabricante de republicanos que houve no reinado do saudoso Rei D. Carlos. T.M.B. Lx. 1916.”

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Só espero que o seu sucessor não se lembre de mandar colocar uma placa para um outro politico que está refugiado em Paris

gherkin disse...


Mais outra consecução a culminar tantas outras no dealbar da sua retirada. Parabens meu caro!
O habitual abraço do
Gilberto Ferraz

Anónimo disse...

Afonso Costa e Americo Tomaz, farinha do mesmo saco !

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro José Tomaz Mello Breyner: gostei do conceito de "fabricante de republicanos"! Um destes dias, às Janelas Verdes, vamos conversar com bonomia sobre tudo isto.

Anónimo disse...

Às Janelas Verdes ou a Buenos Ayres? Eu não sei

Maria de Sousa Pinto disse...

E quem foram os responsáveis pela ditadura militar e subsequente Estado Novo? É espantoso o branqueamento que se teima em fazer à 1ª República que, tendo alguns méritos, foi o descalabro que a História regista e nos levou a uma longa noite de 48 anos!...Responsabilidades dessa personagem, agora homenageada, há muitas como tão bem saberá...
Como diria o outro, placas há muitas!...

Anónimo disse...

aqui d el rey que andam ai os talassas e a carbonaria! cuidai-vos!



Anónimo disse...

Oh francisco, oh chico esperto: copio algumas das censuras a si.

E, claro, o seu comentário foi publicado, porque, contrariamente aos tempos em que Afonso Costa foi perseguido, a liberdade é um direito. Aliás, entre nós, bem republicano.
Balelas.

Afonso Costa não "se deu" por Portugal porque a ditadura o perseguiu. Não foi o único, como saberá.
E depois do 25 do a? Quantos gajos "não se deram" por cá?

E quem foram os responsáveis pela ditadura militar e subsequente Estado Novo? É espantoso o branqueamento que se teima em fazer à 1ª República que, tendo alguns méritos, foi o descalabro que a História regista e nos levou a uma longa noite de 48 anos! ...Responsabilidades dessa personagem, agora homenageada, há muitas como tão bem saberá... Como diria o outro, placas há muitas!

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