quinta-feira, dezembro 29, 2011

Havel e Corvacho

Neste final de ano, morreram Václav Havel e Eurico Corvacho.

Visitei Havel em Praga, acompanhando António Guterres, no final dos anos 90. Conheci pessoalmente Corvacho, em 1974/75, nos tempos do MFA.

A morte de Václav Havel mereceu grandes e merecidos títulos. O herói da Revolução "de veludo", um humanista e um democrata, concitou loas de todos os quadrantes. Contrariamente a Alexander Dubček, Havel escapou à habitual tragédia das figuras-charneira da História e viu, em vida, consagrado o seu papel. Intelectual e escritor, apoiou o caminho do seu país em direção à União Europeia, depois da partilha da Checoslováquia. E morreu em glória.

Muito menos leitores deste blogue ouviram falar de Eurico Corvacho. Foi um militar de abril, próximo da "esquerda militar", o grupo que então mais se ligou ao Partido Comunista Português. Foi comandante da Região Militar Norte e a sua imagem surgiu pela primeira vez aos portugueses, pela televisão, a denunciar a atividade de um grupo de extrema-direita que se opunha à Revolução, o ELP - Exército de Libertação de Portugal. Foi membro do Conselho da Revolução. E morreu esquecido.

Havel e Corvacho tinham pouco a ver um com o outro? O discurso maniqueu, tão no "l'air du temps", dirá que Havel quis a democracia para o seu país e que Corvacho apenas queria implantar uma nova ditadura. Eu digo que, cada um, à sua maneira, teve uma ideia de liberdade para o seu país. A História favoreceu aquele que, afinal, tinha razão. Ainda bem.

19 comentários:

Anónimo disse...

Isso é o mesmo que comparar as calças com a feira de castro !!!

Eu ainda tenho o meu pai vivo mas as suas idiologias ( por coptação) estão mortas, mas há muita gente morta que deixou as suas idiologias vivas!

Pode ser tudo semelhante mas não é a mesma coisa!

OGman

Anónimo disse...

idIologias? ele há cada idIa... :D
xg

Anónimo disse...

isso é o mesmo que comparar o calças com o ferreira de castro.

o calças era um brasileiro de sabadim, la para ao pe de viana, ou pelo menos nao muito longe dela, que fez fortuna na borracha...



bh

Anónimo disse...

Caro Sr. Embaixador.
Em primerio lugar as minhas desculpas por fazer um comentário fora do contexto mas como seu admirador gostaria imenso que comentasse a grande asneirada do governo português em pedir clemência pela deportação de elementos de uma família portuguesa que residiam no Canadá ilegalmente.

Anónimo disse...

As desculpas não se apresentam, pedem-se!

Anónimo disse...

Corvacho teve responsabilidades no MFA e no Conselho da Revolução num período muito conturbado. Quando chefiava a Região Militar Norte, aquela região conhecia uma violência contra pessoas e bens que não era só ameaças. Os incêndios às sedes do Partido Comunista deflagravam em muitas vilas e cidades.
Pessoalmente assisti, passivo, ao ataque e destruição pelo incêndio de duas: uma em Braga, outra em Arcos de Valdevez. O ELP, com apoios da extrema-direita, não seria estranho a estas manifestações de arruaceiros onde por detrás, sabia-se, havia um General português que desertou com material roubado.
Recordo momentos em que o MFA aproximou a perda de controlo da situação e se isso acontecesse a história do 25 de Abril perderia o humanismo que mostrou ao mundo para ser mais dramática!
Corvacho mereceria uma melhor referência histórica. Mas a história é muitas vezes injusta e seletiva.
O tal general desertor, quando regressou a Portugal, pouco tempo depois, ninguém lhe pediu contas, foi promovido, recebeu indemnizações... e a história não se importa de selecionar os seus feitos!
José Barros

Tininha.Fina disse...

Ainda bem, como diz.

E aproveitando a efeméride...

2,6% de aumento em relação ao ano anterior, e ainda falta a tarde de hoje e o dia de amanhã. Um pouco mais tarde, é verdade, cerca de 2 minutos depois do habitual (o primeiro costuma ser às 00:01), mas bem a tempo, publicou o seu setecentésimo post de 2011.

É obra!

Parabéns, senhor Embaixador, a si e a todos os que por aqui o acompanham.

Anónimo disse...

José Barros,
e o tal General, depois promovido a marchal, tem Rua com nome e tudo.
Bom Ano!

Helena Sacadura Cabral disse...

E Rosa Coutinho, que é feito dele?

Francisco Seixas da Costa disse...

Cara Dra. Helena Sacadura Cabral: o que é feito do almirante Rosa Coutinho está explicado aqui: http://duas-ou-tres.blogspot.com/2010/06/rosa-coutinho-1926-2010.html

Anónimo disse...

E assim se percebe porque razão nem todas as datas festivas são feriados: há dias dos quais as pessoas se esquecem...

Monchique disse...

OH Senhor Embaixador, todos nós temos maus momentos mas este seu post ultrapassa as medidas. Corvacho foi verdadeiramente um bandido que se entreteve a mandar prender, perseguir, seviciar, sim, seviciar, dezenas de portugueses que estavam contra ele. Era um nojo ver seu filho, ainda miudo, na rua onde viviam (São João de Brito)vestido com um simulacro de farda do exército com uma arma na mão passeando nos jipes, pressurosamente acompanhado por uma arraia miuda fardada. Corvacho traiu e abandalhou o Exército, só a nossa tradicional benevolência o salvou do pior. Havel era um homem bom, defensor da liberdade e da cultura, que sofreu sevicias às mãos dos comunistas e dos seus esbirros. Como é possivel a um Embaixador escrever o que escreveu.Nesta época de Natal, só lhe posso dizer: que Deus lhe perdoe.

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Monchique: não publico o seu comentário porque ele excede, em linguagem, o que este blogue costuma admitir. O radicalismo ideológico não é bom conselheiro. Um Bom Ano para si.

Anónimo disse...

Mas... ainda há um comentário mais "pesado"? Venha ele!

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Senhor Embaixador
De facto é indesculpável a minha falha de memória. Espero que Vasco Lourenço esteja bem vivo.

Anónimo disse...

Está vivo e a dizer disparates!

Anónimo disse...

Há muitos que não só dizem, como fazem disparates. Mas o povo apoia e vota neles.
Quanto a 2012 será outro ano...disparatado, como já tinha sido o que se fina. Não tenhamos ilusões.

Monchique disse...

Sou livre e penso que sendo "editorialista/director" deste site tem todo o direito de publicar apenas o que entender. Bom Ano Novo, Senhor Embaixador, também para si.

jpt disse...

Não conheço em detalhe o conteúdo do comando regional que o falecido Eurico Corvacho exerceu no Norte do país e cada vez que se fala nesse período abundam os radicalismos que diabolizam e endeusam coisas que nem terão sido tão relevantes. Quanto ao postal que aqui coloca e à comparação que realiza fico curioso sobre o conteúdo do comércio com Angola que Vaclav Havel terá realizado. Um bom ano para si

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