sexta-feira, novembro 26, 2010

Geografias

Ontem, num jornal alemão, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin (que aqui em França se escreve sempre Putine), diz preconizar uma "comunidade harmonizada de economias, de Lisboa a Vladivostoque". A ideia é teoricamente apelativa e, se vista na perspetiva de uma zona de comércio livre, pode haver algumas condições para ser explorada. Isso implicaria, no entanto, a prévia adesão da Rússia à Organização Mundial de Comércio (OMC) e um conjunto de outros entendimentos que tivessem em conta as relações especiais que Moscovo tem com alguns Estados do seu "near abroad". Verdade seja que, em matéria de entendimentos entre a Rússia e o seu ocidente, já estivemos muito mais longe.

A expressão "de Lisboa a Vladivostoque" não deixa de lembrar, numa perspetiva mais moderada, a consagrada fórmula geopolítica utilizada pelo general de Gaulle, ao falar numa "Europa do Atlântico aos Urais". E, por graça, vem-me logo à memória a snobeira de um amigo, residente na linha do Estoril, que entendia que o conceito gaullista podia ser aperfeiçoado e se deveria falar na "Europa de Cascais aos Urais"...

A cada um a sua geografia.

15 comentários:

Alcipe disse...

Se me dão licença : da Ilha das Flores aos Urais!

patricio branco disse...

Dos Açores aos Urais, melhor dito

Julia Macias-Valet disse...

Eu diria mesmo : De Moura aos Urais ! : )

Anónimo disse...

Alcipe e Patrício Branco têm razão, das Flores, ou Açores, aos Urais. Apoio! Ou então, melhor ainda, dos Açores a Vladivostok.
P.Rufino

Helena Sacadura Cabral disse...

Mas a Ilha das Flores é, de facto, de uma beleza imensa!
Teria pena de morrer sem a ter conhecido.

Francisco Seixas da Costa disse...

Já agora, permitam-me: de Vila Real ao Ural...

patricio branco disse...

Como uma vez ouvi dizer a Eduardo Lourenço num debate sobre a UE, "para nós a europa era o que estava para lá dos pirinéus, para cá dos pirinéus éramos qualquer outra coisa, mas não éramos europa". Referia-se ao que sentiam as gerações dos anos 50 e 60 em portugal e na espanha sem democracia, com franco e salazar, e ao fascinio que os países democráticos do lado de lá exerciam sobre essas gerações de jovens e adultos.

Outra expressão bonita foi "a casa comum europeia" de que falava gorbachev

cunha ribeiro disse...

Sr Embaixador,

Só acredito no sucesso desta ideia "putínica" se primeiro eliminarem ( ideia ultra-romântica) os "paraísos fiscais".

Anónimo disse...

Estimada Helena,
Vou ver se será no próximo Verão lá irei ás Flores, igualmente. Bem gostava!
Os Açores são uma maravilha (tal como a Madeira, ainda que diferentes).
Nós, neste belíssmo País que é o nosso, temos paisagens e lugares encantadores, magníficos de beleza!
P.Rufino

Anónimo disse...

Subtilezas do nosso Embaixador. Como se diria em francês Putine sem "e"?

cunha ribeiro disse...

Eu respondo, Sr Anónimo:

Dir-se-ia "asneira", tipo: " .... cala-te moço".

Anónimo disse...

Vou ser uma "desmancha-prazeres", mas como lisboeta, subscrevo o Vladimir Putin!

Alguma vez antes da "Cimeira da Nato", o Putin se ia lembrar de mencionar Lisboa?

Um bom exemplo das vantagens colaterais da organização de iniciativas internacionais... As altas individualidades melhoram os conhecimentos geográficos em relação a Portugal e têm direito a sobrevoar Lisboa que, diga-se em abono da verdade, é das entradas mais "triunfais" que conheço. Então de noite, é soberbo!

Temos um país lindíssimo, mas é pena cometerem-se algumas barbaridades arquitectónicas em nome do progresso (ou dos interesses!).

Aproveito para desejar um excelente fim-de-semana a todos.

IBP

Guilherme Sanches disse...

Este post é duas exceções (por muito incorreto que esteja este português):
Primeiro, o conjunto dos comentários é melhor que o próprio post.
Depois, com a concorrência de tanta prosa rimatória, ficou de fora a poesia...
Há dias assim
Um abraço

Anónimo disse...

Não seja por isso...

Leito fronteiriço analogia do Ural
Assume compromisso Tâmega rio ideal
Geografia dinâmica, livre a púdica
Versátil aglutina o saborosa lúdica

Venham,encontram nada mais que tudo
Jardins sóbrios,pedras,riso entrudo
Ponte romana termas pessoas fortes
Terras Aque flavie lideram Nortes

Em Súmula proximidade na distância
Reminiscência idade adulta infância
Diversidade cultural sempre a rodos

Chaves,claro,sólidas portas abertas
Memorial dos sonhos lutas despertas
Também capital de encontros e povos

Isabel Seixas
Em resposta a um múrmurio

Helena Sacadura Cabral disse...

Alguem pode passar um dia sem vir aqui? Nem pensar.
O prazer que o autor do blogue e os seus comentadores me proporcionam não tem igual.
A todos muito obrigada por este calor humano num inverno tão frio!

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...