segunda-feira, novembro 29, 2010

Blake & Mortimer

Este é um post "geracional". Saiu hoje o novo e esperado álbum da série "Blake et Mortimer", inspirado nas obras de Edgar P. Jacobs (1904-1987), agora desenhado por Jean Van Hamme e Antoine Aubin. Trata-se do 2º volume do "La malediction des trente deniers".

Para quem tem a coleção completa da obra de Jacobs e dos desenhadores que foram seus seguidores - como é o caso de quem escreve este post - é um exercício interessante apreciar a evolução do estilo e das personagens, sejam elas centrais ou conjunturais. Pergunto-me, contudo, o que poderá representar para as novas gerações um estilo de desenho e de escrita como o da "escola belga", que está muito ligado à segunda metade do século XX, se bem que com temáticas próximas dos dias de hoje.

Três notas, entre muitas outras, se podem fazer. Uma maior presença de figuras femininas é um facto evidente nos albuns mais contemporâneos. Por outro lado, a manutenção do cachimbo nos desenhos de Mortimer e de outras figuras demonstra uma saudável resistência ao "politicamente correto". Finalmente, alguém consegue explicar por que razão o "mau-da-fita", Olrik, se mantém, desde há anos, com a patente de "Coronel"? Não há promoções por lá?

13 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Senhor Embaixador nem fale em promoções, senão o mau Olrik ainda acaba é em soldado raso...
Belo post. O que eu me deliciei - e ainda delicio - com estas aventuras.
É que não é só o Tintin que vai dos 7 aos 70!

Anónimo disse...

Ai sr. embaixador
as promocões estão congeladas (há neve em VRL)!!!

cumprimentos

César Ramos disse...

Sr. Embaixador,

Sou também fã de "Blake & Mortimer" e estou igualmente a deliciar-me com este TomoII.

Já estava preocupado com o desgraçado do Prof. Mortimer há tanto tempo de 'molho' no oceano, entregue à sua (má) sorte, num salva-vidas a que o "coronel" tirou os remos.

Estava já a aquecer o helicóptero para ir dar um 'coup de main' ao Prof., quando Blake me passou a perna e avançou primeiro [a mim, na banda desenhada acontece-me de tudo!]...

Há quem pense que fui para a Aeronáutica a pensar no Major Alvega, mas o meu guru 'pilotaço' foi sempre Johnny Hazard.

Olrik nunca é promovido, porque tem um posto de "aviário"! Ficou em "coronel", que é mais rótulo do que patente, imagem de marca de mercenários, aqui adequada a uma personagem pérfida, cruel e impiedosa, muito embora também cavalheiresca!

Fora dos quadros regulares das forças armadas, "coronel" era (é?) um 'título' atribuído a chefe político, cacique ou latifundiário no Brasil.

As revoluções de carnaval na América Latina [Tintim e os Tímpanos, por ex.], eram pródigas nas promoções a "coronel" de qualquer um que caísse nas boas graças dos tiranos; mas, também, eram despromovidos a rasos, logo ao primeiro deslize!

Assim, Olrik, terá atingido o generalato.

Entretanto, e se me permite, apenas uma crítica à situação de Francis Blake: "by Jove"!... este, Oficial regular e herói mundial, é que parece vítima de qualquer cabala, que não o deixa passar de Capitão!

C/os meus cumprimentos,
César Ramos

Gil disse...

Meu caro Embaixador,
Depois do fiasco do Espadão, dos precalços na Atlântida/Açores e das patetices nas Catacumbas de Paris, acha que o Olrik merecia uma promoção?
Francamente, nem no MNE o homem conseguia!

César Ramos disse...

(...) com a devida autorização do Senhor Embaixador, permita-me:

- Drª Helena Sacadura Cabral:

Adoro-a, bem como a sua obra e todo o seu perfil.
Porém, não limitemos os velhotes no acesso à leitura do Tintin!...

Recomenda-se às pessoas dos 7 aos 77 anos!

E... teremos de levar em linha de conta, a esperança de vida a aumentar (...)

Perdão, pela minha brincadeira.

Com os meus respeitos,
César Ramos

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro César Ramos: Foi, como compreende, o desejo de me não imiscuir nos critérios de gestão da administração pública da nossa parceira na "Oldest Alliance" que me levou a não suscitar a pertinente questão da não promoção de Blake. É um tema reconhecidamente sensível que, aliás, também se liga ao problema (também esse nunca resolvido)do estatuto do capitão Haddock - e estranho o seu silêncio sobre este último. Melhor sorte teve o Alvega, neste caso fazendo juz à tradicional maior facilidade de promoções existente na Força Aérea, como bem sabe. Se necessário, que fique claro que estas colunas estarão abertas - como sempre estiveram! - à defesa do "movimento dos capitães". Já quanto ao Olrik, apenas me pareceu importante sublinhar a circunstância de não serem transparentes os critérios de ascensão profissional que o abrangem - e não aceito, por discriminatória, a ideia do "coronelismo" à moda brasileira. Uma atividade operacional daquele calibre merecia, convirá!, outro destino. Mas não se sabe o que serão "por lá" os cursos do Estado-Maior...

João Pedro disse...

Como é óbvio,
Olrik ficou coronel ad aeternum depois da queda do Império Amarelo, cujos projectos de dominar o Mundo foram arrasados pelo Espadão.

Anónimo disse...

Sr. Embaixador
Permita-me expressar o que me acontece, diria que diariamente, quando “abordo” o seu Duas ou Três Coisas:
- Nao há dúvida que o Sr. deita a luva, mas, também, nao falta quem a recolha!
É realmente um prazer passar pela sua prosa mesmo quando nao concordo com o teor da mesma
(vezes há que me acontece). Acresce -como se isso fosse pouco- que a maioria dos seus comentadores aportam geralmente “achegas” de alto nível que me ajudam a terminar o dia bem disposto e otimista.
Por exemplo, temos esta conversa de hoje sobre o Blake & Mortimer, que no fundo, é coisa que nao passa de bonecos. Mas, onde , a brincar a brincar, se dizem coisas sérias.
Cumprimentos para si e todos os seguidores.
Francisco F. Teixeira
P.S. - Nao me venham dizer que isto cheira a “graxa” pois nao conheco pessoalmente o autor deste “blog” nem qualquer dos comentadores.

Anónimo disse...

Dentro do mesmo tema, deixo uma sugestão: porque não sobre Modesty Blaise (que, a par dessa incontornável figura que era Willie Garvin, "the master of marcial arts e um perito no uso de faca") , ou, porque não sobre Judge Dredd (com o seu arque-inimigo Judge Dead) ? Admiráveis igualmente! Ainda que um pouco mais recentes. Mas, qualquer deles, fabulosos! Fiquei admirador e leitor de ambos!
P.Rufino
PS: quanto ás promoções e manutenção dos salários, sem quebra face à crise, só sei daquelas na CGD, Banco de Portugal (que contou com o apoio "curioso" do BCE) e Gestores Públicos!

Anónimo disse...

A BD belga é fora de série!

Comecei a ler muito recentemente as "Aventuras de Blake e Mortimer", embora seja mais apreciadora, por questões "geracionais", do Tintin.

Quanto ao coronel Olrik, passei
a admirá-lo mais por estar solidário com a Função Pública portuguesa!

Eu sei que já é no campo do desenho animado, mas “babo-me” a falar do Mr. Magoo, do Calimero, do Speedy Gonzalez, da Heidi e do Vickie. Que saudades! Se a Julia Macias-Valet ler este comentário vai entender-me :)

IBP

César Ramos disse...

Senhor Embaixador,

Agradeço a atenção que dedicou ao m/comentário, e esclareço que não silenciei, por não achar estranho, o Capitão Haddock permanecer na mesma patente considerando que é usual em certas marinhas mercantes (a área dele), a designação de "capitão" referir-se à máxima categoria de um Oficial de convés.

O simples termo "capitão", também é usado em algumas marinhas de guerra, normalmente para designar o posto correspondente a Capitão de Mar e Guerra.

Haddock, apesar dos abusos de álcool e tabagismo é considerado uma personagem respeitável, ao ponto de, a Imprensa chegar a tratá-lo por 'Almirante', e a Bianca Castafiore por 'Comodoro'!

Assim, comparado com Francis Blake, parece não estar na 'prateleira' das promoções!

Mais do que Capitão, têm o grande estatuto de figuras generosas sempre prontas a lutarem por ideais e pelos mais fracos...

Obrigado, por permitir a troca de opiniões desta natureza, admitindo que a B.D. é algo mais sério do que parece.

Respeitosos cumprimentos,
César Ramos

Alcipe disse...

O coronel Sponsz também não foi longe, teve que se refugiar na América Latina...

Quanto à questão geracional, devo dizer que o meu filho de 20 anos é um apaixonado incondicional por toda a banda desenhada belga "ligne claire".

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
Depois de um chá das 5 no Ritz - já sei, sou burguesa, mas trabalho que me farto -, vir aqui e ler o post e os respectivos comentários fez-me esquecer as PPP, que é como quem diz as Parcerias Publico Privadas, que agora até vão ter mais uma empresa pública a geri-las!
Caro Cesar Ramos dei comigo "deliciada" com o elogio.
Abençoado blogue!

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