quinta-feira, abril 01, 2010

Telefones

Sou de um tempo diplomático em que um embaixador ia de férias e se desligava totalmente da Embaixada, ficando esta 100% a cargo do chamado "encarregado de negócios". Tive embaixadores quase "inapanháveis" durante as suas férias.

(Já agora, se acaso virem escritas as letras "a.i." a seguir à expressão 'encarregado de negócios', fiquem a saber que significam "ad interim", para sublinhar que se trata de uma substituição temporária, para os distinguir dos 'encarregados de negócios' 'en pied' ou 'com cartas de gabinete', que asseguram a chefia dos postos diplomáticos nos quais não há embaixador nomeado).

Hoje em dia, sendo os seus números de telemóvel conhecidos de meio mundo, e sem prejuízo da esmagadora maioria do trabalho recair, nas férias, sobre os seus substitutos, pode dizer-se que os embaixadores como que estão ao serviço 365 dias por ano. Se um membro do governo ou um empresário pretende alguma coisa de um embaixador, é-lhe irrelevante se ele está de férias ou ao serviço, apanha-o quando necessário, na praia ou no campo, no país ou no estrangeiro. Verdade seja que isto ocorre em várias outras profissões mas, no nosso caso, conheço circunstâncias em que isso chegou a afetar a cadeia formal de responsabilidades dentro de Embaixadas, perante a respetiva capital. De facto, nesses casos, quem está a chefiar a Embaixada?

Lembram-se, com certeza, desses gloriosos tempos em que, quando os telemóveis não atendiam, se podia facilmente argumentar que estávamos "sem rede", em zonas do Portugal profundo ou num estrangeiro remoto. Como a plausibilidade dessa desculpa é hoje muito reduzida, o mais que se pode dizer é que ser diplomata se transformou numa profissão... sem rede! Mas, que fique claro!, não me estou a queixar.   

10 comentários:

Anónimo disse...

"Zonas do Portugal profundo"
" Vedadas a indiscretos telemóveis sem sentido de oportunidade"
A única conexão é a terapia intra pessoal, necessária mesmo aos pessoas/fascínio/dependentes para eliminar toxinas de ruídos na comunicação. Se bem que às vezes o eco acompanha-nos mesmo nas profundezas de um silêncio ensurdecedor...

Mas hoje é Sexta feira Santa...
Tenho a massa do folar a levedar...

Ah! a propósito quem decidir encetar a receita é melhor precaver-se e aumentar por quilo 20 gr. de fermento(50gr. por quilo), está muito frio.

Só para lembrar às Senhoras que amassar os folares tonifica os músculos do braço e antebraço substituindo uma ida ao ginásio que às vezes é a fundo perdido...
Não esquecer os pressupostos básicos da mecânica corporal que preconizam aumentar a base de apoio ou seja afastar e fletir as pernas, exercendo a força no sentido da gravidade ou seja na face plantar dos pés preservando a coluna.

Podem trautear a vossa canção preferida num murmúrio... De respeito para quem não está para Os ouvir...

Podem eventualmente comer uma amêndoa e auferir se possivel da oportunidade de Rien Faire ...

Boa Páscoa
A todos
Isabel Seixas

Julia Macias-Valet disse...

"Para grandes males, grandes remédios"
Eu quando nao me apetece que ninguém me aborreça desligo o telefone.

Desejos de Pascoa Feliz. E siga o meu conselho : Desligue o telefone.

Anónimo disse...

Pois é Sr. Embaixador ...
Tenho um folar para O Sr. e Esposa...
Não é para gabar ...
Mas modéstia à parte está uma delícia
Fizemos doze...
Já ando a distribui-los

Se quiser...

Se não puder...
Vou congela-lo, e fica a aguardar
por Si...

Boa Páscoa
Isabel Seixas

Anónimo disse...

O telemóvel foi na verdade uma invenção muito incómada, apesar das suas enormes vantagens. Um tipo deixa de estar incontactável. Mas também dá, por vezes, azo a coisas “divertidas”. Uma vez aconteceu-me estar numa casa de banho pública e a certa altura ouvir uma conversa telefónica. O sujeito, ali “sentado”, falava com alguém, sem a mínima preocupação sobre o que os outros “visitantes” do WC pudessem pensar daquela situação! Inacreditável! Outra, recentemente, sucedeu-me com alguém meu conhecido, que por lapso me enviou uma mensagem que era claramente dirigida a outrém, cujo nome mencionava logo no início aliás, sem se ter naturalmente apercebido! De tal forma era delicada a mensagem que, confesso, não tive lata para alertar ambos, quem enviava e o seu/sua destinatário/a. Ainda reli com atenção, não fosse eu estar confuso. Mas não estava. Enfim, coisas da vida moderna ...
P.Rufino

Helena Sacadura Cabral disse...

Isabel aconselho o mesmo exercício para os pasteis de massa tenra...
É como se fazem cá em casa e...posso confirmar que substitui a ida ao ginásio!
Senhor Embaixador, quando quero desligar, nem a família me apanha. O telélé fica mudo e acabo com o voice mail. Cortar com o mundo laboral é condição básica de saúde e de bom desempenho profissional.
Pode-se continuar a trabalhar, mas só naquilo que nos descansa: ler,ouvir música, ir ao cinema, passear, enfim até escrever nos bogues. Mas tudo só por prazer! :))
Boa Páscoa.

Anónimo disse...

"Outros tempos, outros costumes". É evidente que este " novo" tipo de comunicação é uma condição "sine qua non" da vida profissional dos nossos dias.
" à la retraite ", tempo de Liberdade... o telefone é só quando eu quero!
A todos, desejo uma Pascoa Feliz. Haja saúde
C.Falcão

Anónimo disse...

Continuo a não prescindir, em casa, do "velho aparelho de telefone preto", que se conseguem encontrar em feiras, ou lojas de velharias. É assim que atendo, uma vez em casa, quem me quer telefonar. Normalmente, prescindo a partir das 20 horas do telemóvel.
P.Rufino
PS: bem sei que com isto estou a contribuir para que um certo "zandinga" aufira prémios "de produtividade" (coisa que na função pública não se regista. É obrigação do funcionário dar o seu melhor e não ser pago por isso), mas não ter o clássico telefone em casa ainda me faz alguma confusão.

Helena Sacadura Cabral disse...

Deliciei-me com o post de P. Rufino. É que depois de ir ao Youtube cultivar-me...cheguei à conclusão de que nunca poderia ser CEO de coisa nenhuma a não ser de mim própria.
É que o meu americano não chega para tanta petulância, nem os meus conhecimentos de gestão, apesar da "altíssima" média de curso e das qualificações posteriores!
Deo gratias.

Anónimo disse...

Também gosto tanto de pastéis de massa tenra...

Decidi que é um sinal de rejuvenescimento na minha curva ascendente...

Quanto aos telefones, ainda nem tinha pensado na perspectiva do P. Rufino, mas sinceramente já não sei viver sem nenhuns...

Apesar que continuo a detestar "estriar" sapatos e telemóveis, os primeiros se pudesse bem que pedia a alguém para encetar as primeiras caminhadas, já os segundos passam sempre pela curiosidade ávida dos meus filhos, que a seguir me dão de mão beijada o feedback das funções principais.
Isabel Seixas

justino de mello disse...

Felizmente o TM fica sem bateria, tb. se perdem as redes, e uma vantagem, hoje comum aos fixos, vê-se quem liga ou o n.º, antes de atender...

E, mas porque temos de andar sempre com ele às costas ou no bolso?

Dantes só em casa ou numa cabina, estas hoje pouco acessíveis.

Qual é a urgência ou a pressa? Estamos a acelerar o tempo!..

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...