sábado, abril 10, 2010

Política local

Oloron-Sainte-Marie é uma belíssima pequena cidade junto aos Pirinéus, perto de Pau, a dois passos de Espanha, onde uma associação de portugueses já com muitos associados franceses, dirigida por uma "mulher de armas", Elsa Godfrin, faz maravilhas para cativar os locais para os valores culturais e turísticos do nosso pais.

É sempre muito interessante observar a vida desta orgulhosa França de província, com uma ativa sociedade política, muitas vezes marcada por uma agenda que se afasta das grandes tensões nacionais, mas que não deixa de ter os seus momentos de "stress".

Hoje, ao almoço, o Maire da cidade, Bernard Uthurry, contou-me a história deliciosa de uma postura municipal que, há cerca de dois anos, decidiu fazer publicar, para limitar o excesso de ruídos de que os seus concidadãos se queixavam. O texto da decisão andava há anos pela Mairie, tendo-o herdado do seu predecessor. Cheio de trabalho, e confiando no conselho que lhe era dado pelos seus adjuntos, assinou-o praticamente sem ler.

No dia seguinte, acordou com a agência France-Presse e os jornais regionais em  agitação: o texto previa a supressão do cantar dos galos na cidade! Mobilizadas pelo "fait-divers", a imprensa nacional e as televisões agarraram logo o tema. O Maire foi assim acordado politicamente pelos galos que, sem pensar, proibira de cantar. E teve de recuar na sua decisão, face à gargalhada nacional que se anunciava.

A política, por vezes, também se faz destes bizarros sobressaltos.

3 comentários:

Anónimo disse...

"Gargalhada nacional que se anunciava".

Que pena, no contexto do às vezes rir como melhor remédio...
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Isto de se assinar de cruz…ás vezes é um sarilho!
Quanto a galos, há por aí, ou antes, por aqui, uns poucos. Cada “galaró”! Numa “convenção” qualquer ouvi umas propostas que só mesmo de quem se preocupa com a “barba desenhada”. Isto há cada patusco (ou “galito”) que só visto! E, ao ouvi-lo, tive um desses sobressaltos. Por causa da bizarria do que ali se propunha.
P.Rufino

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
Aí proibe-se o cantar dos galos. Aqui agradecia-se uma postura a proibir o "cantar de galo"...

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