quinta-feira, abril 08, 2010

La Lys

Em 9 de Abril de 1918, teve lugar, no norte da França, a batalha de La Lys, onde pereceram muitos soldados que a República portuguesa enviou, ao lado dos Aliados, para defenderem a liberdade da Europa.

Foi uma confrontação trágica para as nossas tropas. A manifestação do nosso respeito tem de estar à altura do sacrifício dos que então perderam a vida, muitos dos quais jazem no Cemitério português de Richebourg onde, na próxima semana, entidades oficiais portuguesas irão homenagear esse esforço supremo das  suas Forças Armadas.

9 comentários:

Anónimo disse...

É o realismo do dar a vida Por...
É o mínimo que se pode fazer,lembrar...
Deve ter perecido tanto soldado desconhecido...

Às vezes perante o preludio de suicídios colectivos ok chamemos-lhes batalha, tenho esperança ou pensamentos peregrinos que de repente o argumento mude, os adversários se cumprimentem e vão juntos beber uns copos.
Pode eventualmente ser um sintoma de insanidade.
Isabel Seixas

Mesmo assim acho que se fossem meus filhos faria tudo (até tráfico de quaisquer influências)para que fugissem à Tropa.

Julia Macias-Valet disse...

Outra guerra, outra terra
mas a mesma perda.
"Quelle connerie la guerre..."


Rappelle-toi Barbara
Il pleuvait sans cesse sur Brest ce jour-là
Et tu marchais souriante
Epanouie ravie ruisselante
Sous la pluie
Rappelle-toi Barbara
Il pleuvait sans cesse sur Brest
Et je t'ai croisée rue de Siam
Tu souriais
Et moi je souriais de même
Rappelle-toi Barbara
Toi que je ne connaissais pas
Toi qui ne me connaissais pas
Rappelle-toi
Rappelle toi quand même ce jour-là
N'oublie pas
Un homme sous un porche s'abritait
Et il a crié ton nom
Barbara
Et tu as couru vers lui sous la pluie
Ruisselante ravie épanouie
Et tu t'es jetée dans ses bras
Rappelle-toi cela Barbara
Et ne m'en veux pas si je te tutoie
Je dis tu à tous ceux que j'aime
Même si je ne les ai vus qu'une seule fois
Je dis tu à tous ceux qui s'aiment
Même si je ne les connais pas
Rappelle-toi Barbara
N'oublie pas
Cette pluie sage et heureuse
Sur ton visage heureux
Sur cette ville heureuse

Cette pluie sur la mer
Sur l'arsenal
Sur le bateau d'Ouessant
Oh Barbara
Quelle connerie la guerre
Qu'es-tu devenue maintenant
Sous cette pluie de fer
De feu d'acier de sang
Et celui qui te serrait dans ses bras
Amoureusement
Est-il mort disparu ou bien encore vivant
Oh Barbara
Il pleut sans cesse sur Brest
Comme il pleuvait avant
Mais ce n'est plus pareil et tout est abîmé
C'est une pluie de deuil terrible et désolée
Ce n'est même plus l'orage
De fer d'acier de sang
Tout simplement des nuages
Qui crèvent comme des chiens
Des chiens qui disparaissent
Au fil de l'eau sur Brest
Et vont pourrir au loin
Au loin très loin de Brest
Dont il ne reste rien.

Jacques Prévert, "Paroles", Gallimard, 1946

Julia Macias-Valet disse...

O ultimo fim de semana passei-o em Omaha Beach na Normandia, a praia onde em 6 de Junho de 1944 as Forças Aliadas desembarcaram para libertar a França e o Mundo.
Fiquei "bouleversée" pela imensidao daquela praia e "senti" o horror que terao vivido aqueles homens ao desembarcarem numa terra que nao era a sua para cumprir o dever que é o de todos nos : Viver em Liberdade.

O Memorial e o Cemitério Americano de Omaha Beach sao o testemunho da devastaçao que se viveu na aurora daquela batalha e que lhe valeu o apelido de "Bloody Omaha".

Outros homens, como por exemplo o poeta Joyce Kilmer (falecido em 1918 durante outra batalha de outra guerra em territorio francês) também la tem uma cruz.

Os poetas também morrem durante as guerras.

E porque esta semana é a Semana do Desenvolvimento Sustentavel aqui vos deixo o (talvez) seu poema mais conhecido :

TREES

by: Joyce Kilmer (1886-1918)

I think that I shall never see
A poem lovely as a tree.

A tree whose hungry mouth is prest
Against the earth's sweet flowing breast;

A tree that looks at God all day,
And lifts her leafy arms to pray;

A tree that may in Summer wear
A nest of robins in her hair;

Upon whose bosom snow has lain;
Who intimately lives with rain.

Poems are made by fools like me,
But only God can make a tree.

"Trees" was originally published in Trees and Other Poems. Joyce Kilmer. New York: George H. Doran Company, 1914.

margarida disse...

..."Os poetas também morrem durante as guerras" ...

Anónimo disse...

Os poetas também morrem durante as guerras.

Claro! até de morte natural
Na guerra a probabilidade é bem maior,quase natural...Agora quem não morre na guerra? Qual armadura?
A sorte? eventualmente o azar?O destino...

"La muerte siempre presente nos acompaña
En nuestras cosas más cotidianas
Y al fin nos hace a todos igual."
Víctor Manuel San José

Fico sem saber se morrem porque são os verdadeiros poetas ou se são poetas verdadeiros porque morrem
mas acho que é só porque padecem de mortalidade, e precisamos também de confirmar que não fica cá ninguém para a semente...ou então Só e chega porque estavam lá...
Para homenagear o Monsieur de la Palisse e ou confirmar a lei de Murphy

A poesia
Do "Soy fuerte porque soy mortal"

Faz-me equacionar se quem decidisse operacionalizar as guerras fossem por inerência os operacionais, na linha de frente ou seja os concetores/executores como seria!?...
Sr. Embaixador e
Oh! Júlia
Obrigada por me facultarem esta reflexão...
Adorei os poemas e a metáfora do transcental da árvore face ao minimalismo do poeta...

De qualquer forma como mãe "cumprir o dever que é o de todos nós : Viver em Liberdade."

Para mim...Pode implicar que seja preciso mandar fugir da guerra linear mata/morre.Mesmo pensando não consigo aderir a esse altruísmo implacável.
Isabel Seixas

Fique no entanto descansada que conheço o khalil Gibran "O profeta"

Sobre as crianças

Os vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da Vida que anseia por si mesma.
Eles vêm através de vós mas não de vós.
E embora estejam convosco não vos pertencem.
Podeis dar-lhes o vosso amor mas não os vossos pensamentos, pois eles têm
os seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar os seus corpos mas não as suas almas.
Pois as suas almas vivem na casa do amanhã, que vós não podereis visitar,
nem em sonhos.
Podereis tentar ser como eles, mas não tenteis torná-los como vós.
Pois a vida não anda para trás nem se detém no ontem.
Vós sois os arcos de onde os vossos filhos, quais flechas vivas, serão
lançados.
O arqueiro vê o sinal no caminho do infinito e Ele com o Seu poder faz com
que as Suas flechas partam rápidas e cheguem longe.
Que a vossa inflexão na mão do Arqueiro seja para a alegria;
Pois assim como Ele ama a flecha que voa,
Também ama o arco que se mantém estável.

Julia Macias-Valet disse...

Cara Isabel,
Adoro o texto de Khalil Gibran que ilustra o seu comentario, de tal forma que o escolhi para o baptizado de uma das minhas filhas em 2006. O meu irmao mais velho lê-o em francês com um delicioso sotaque português e fez uma interpretaçao fabulosa do contéudo em torno do "ritos de passagem" e do dever de transmissao de valores que os pais têm.

Felizmente que aqui o arco e a flecha nao têm nada de bélico...mas sao sinonimo de futuro.

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Caríssimo Senhor Embaixador Francisco Seixas da Costa, junto-me a essa memória tanto mais que o meu avô participou nessa I Guerra Mundial que o Museu da Presidência da Presidência da República quis evocar em Exposição que estará patente no Museu da Escola Politécnica até 23 de Abril. Este é um acontecimento infelizmente esquecido dos actuais manuais de História do Ensino Básico, talvez porque se queira ocultar os falhanços militares. Mas como dizia o Professor Jorge Borges de Macedo a História é feito dos sucessos e dos fracassos...

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

Helena Oneto disse...

Quando descobri "Duas ou três coisas" li, também, na íntegra "ou quatro coisas". Quando vi este post sobre a batalha de La Lys, lembrei-me do discurso exemplar que o Senhor fez no ano passado pela mesma ocasião. Reti dois paragrafos que transcrevo:

«Le débat sur la participation du Portugal à la 1ère Guerre Mondiale, n’est pas un sujet clos dans mon pays. Au-delà de tous ceux qui contestent l’option du Gouvernement républicain de s’unir aux alliés, d’autres croient que le pouvoir politique n’a pas bien pris soin des conditions dans lesquelles cette intervention s’est déroulée et qu’il y a eu des décisions qui ont fragilisé cette même participation. Ce débat continue et il est important qu’il ait lieu. Pourquoi ? Pour que nous puissions apporter une réponse véritable face à tous ces morts, devant toutes ces croix. Il est de notre responsabilité de rendre bien claire la raison pour laquelle ils sont morts.

Les pays et les peuples ne doivent pas seulement commémorer les batailles qu’ils ont emporté. Les défaites font partie de la vie, comme elles font partie de l’Histoire. C’est pourquoi, les hommes qui sont au Cimetière de Richebourg, sont des figures de notre Histoire, dont nous sommes fiers, parce qu’ils sont venus, loin de leur pays, défendre les valeurs que leur Gouvernement a cru devoir protéger, à une époque où il était nécessaire de défendre la liberté de l’Europe. Ces hommes, ces soldats, certainement mal équipés, peu entraînés et exposés à un environnement très différent de leur pays d’origine, sont venus ici pour montrer qu’un pays dont sa métropole n’avait pas encore été atteinte par la guerre, était, néanmoins, un pays qui se sentait concerné par cette guerre. Et ces hommes, ces soldats, ont lutté et sont morts, se sont sacrifiés avec honneur, probablement inconscients des valeurs pour lesquelles ils combattaient, sauf qu’il luttaient sous le drapeau portugais. Ce qui rend encore plus digne leur tragédie.»
Alocução proferida (por Sua Excelência Francisco Seixas da Costa, Embaixador de Portugal em França) nas cerimónia comemorativas da Batalha de La Lys, em Richebourg, em 18 dde Abril de 2009.

que pode (e deve) ser lido na integra aqui:
http://ou-quatro-coisas.blogspot.com/2009/04/la-lys.html

Lindos e oportunos os poemas que comentam esta triste data. Obrigada à Isabel e à Julia.

Tadeu disse...

a ler:

Diário de Guerra de um soldado português na 1º Grande Guerra.

http://antoniopovinho.blogspot.com/2006/05/dirio-de-um-soldado-beijosense-na-1_15.html

Os borregos

Pierre Bourguignon foi, ao tempo em que eu era embaixador em França, um dos grandes amigos de Portugal. Deputado à Assembleia Nacional franc...