domingo, março 07, 2010

Orfeão

Acabo de saber, pelas notícias, que faleceu o maestro Gunther Arglebe. 

A memória dizia-me algo sobre o nome. Tinha razão: a ele se deve, numa infausta tarde de 1967, o "chumbo" que eu e o Albano Tamegão tivemos, naquela que seria a nossa comum e promissora entrada para o Orfeão Universitário do Porto. No meu caso, recordo, com o muito audível argumento de que não tinha "uma voz que interessasse" ao Orfeão. 

O maestro tinha, claro, toda a razão do mundo. A verdade, porém, é que, a partir daí, se perderam duas inestimáveis vocações...

Aqui fica, para compensação e por boa sugestão, o "Desafinado" por  João Gilberto ou, a pedido de outras famílias, por  António Carlos Jobim.

13 comentários:

Julia Macias-Valet disse...

Nao fique triste.
Ha 25 anos atras (+ ou -) houve um concurso para futuros locutores da Radio Comercial, ao qual concurri.
Também fui chumbada. Ao que parece tinha (tenho) um sotaque demasiado alentejano ou seja também uma voz sem interesse.
Depois nao querem que se diga que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem...

Alcipe disse...

Eu fui sempre "desafinado", categoria mais tarde reabilitada e dignificada por João Gilberto...

Anónimo disse...

Numa pesquisa sobre como elaborar curriculuns/curricula vitae encontrei um exemplo interessante de um senhor que apesar do seu sucesso estrondoso como empresário, tinha o sonho de tocar violino e tocava, só que o efeito era desastroso para quem o ouvia porque a deserção era completa face aos grunhidos que ele conseguia fazer emanar da boca do violino, e o ruído pelos vistos insuportável era mais determinante que o poder instituído pelo seu cargo.
Juro que não estou a insinuar nada...
Mas por cá também se diz que quem muito jura muito mente.
E mais ...
Também fui vitima ou bafejada por esse tipo de Azar/sorte, mas palpita-me que não fosse, no meu caso, só o não encantar a professora de canto coral, acho que na altura 1971 o coral só deveria ser constituído por meninas que obedecessem aos critérios instituídos pelo estatuto comprovado de berço de oiro, e não tive oportunidade de apresentar à Sra.a minha árvore genealógica... Claro que estou a constatar que o Sr. aí não me serviria de referência...
Só para lhe dizer que nem pense que desisti... Continuo a cantar...
Já encantar?!!!
Isabel Seixas

PS Paciência

pcaralac disse...

Tive o privilégio de integrar o Orfeão Universitário do Porto em 1995 mas não através do côro... entrei para as danças. Felizmente estas já existiam porque pela opinião do Maestro Mário Mateus (também bem fundamentada e com toda a razão!!!) ficava fora...
Curiosamente o Orfeão fez ontem dia 6 de Março 98 anos.

Convido-o a visitar o site www.orfeao.up.pt

Os meus melhores cumprimentos

2010-03-07
Pedro Arala Chaves

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Pedro Arala Chaves: nesse mesmo ano, o meu professor de Matemáticas Gerais (cujas aulas se passavam no meesmo quarteirão onde se situava o Orfeão) chamava-se Arala Chaves.

Alcipe disse...

Bom, dizem-me aqui do meu lado melhor que o "Desafinado" é da autoria de Tom Jobim... Não deixa de qualquer modo de ser dignificado pela interpretação de João Gilberto... Para a acta!

Anónimo disse...

Ambos ótimos indutores do sono...
sem efeitos secundários.
E hoje até é um domingo... permissivo
Que boa escolha
Isabel Seixas

pcaralac disse...

Primo direito do meu pai.
Reformou-se. Mas está aí para as "curvas"...
Andei na Faculdade de Ciências e conheci pessoas que o adoravam como professor mas também pessoas que o detestavam. Espero que tenha sido um dos gostaram...

2010-03-07
Pedro Arala Chaves

Helena Sacadura Cabral disse...

Ó Senhor Embaixador que feliz fiquei com a sua desdita... É que eu fui proibida, no Liceu Felipa de Lencastre, de fazer parte do coro porque arrastava as outras para a desafinação.
Traumatizada tentei aprender piano. Nem as dificuldades económicas da professora me ajudaram. Disse a meu Pai que "não valia a pena"!
Em compensação se numa ópera - de que gosto muito - se alguém se afastar nem que seja por um fio da partitura, eu salto como se recebesse uma descarga eléctrica. Como é possível?!

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Pedro Arala Chaves: tenho memórias neutras. Esse foi o primeiro de dois anos "nulos" no curso de Eletrotecnia que não concluí. Nunca "fiz" Matemáticas Gerais...

Helena Oneto disse...

:)! Há "chumbos" que deram origem a famosas vocações! conheço muitos casos...

Helena Sacadura Cabral disse...

Abençoada desistência, Senhor Embaixador. A Electrotecnia teria ganho um engenheiro culto. Mas a diplomacia teria perdido um dos seus melhores Embaixadores!
Logo, como diria a Amália, foi Deus!

Guilherme Sanches disse...

"great minds think alike!"
Pela mesma altura, um pouco antes, eu também tive a mesma ideia, mas em Coimbra. O Coral de Letras, aberto a todas as faculdades, era o mais acessível, e... era o Coral de Letras.
E lá fui. Inscrevi-me, descobri então que era tenor, e entrei... (o Coral de letras não era tão exigente como o OUP). O maestro, nos ensaios, ouvia que alguém desafinava e lá andava de voz em voz, de ouvido no ar, mas quando se aproximava... eu baixava o nível do som, que era abafado pelo coro, ou só gesticulava com a boca (se calhar fui eu que sem saber inventei o playback).
Confesso que até me esforçava bastante, e nem era (...) porque estava agendada uma digressão à Holanda, para um encontro coral comemorativo dos 150 anos da canção "Noite Feliz" - "Stille Nacht, heilige Nacht", escrita em 1816 pelo Padre austríaco Joseph Mohr. Nada!
Não demorou muito, um dia fui apanhado - ah! és tu! não tens ido às aulas de canto!
E nas aulas de canto, naquele gargarejo fónico, confesso que nessa altura nunca entendi o que o professor, com sotaque "belga", queria dizer repetidamente com - "mande o son más para cima", " más para cima", acompanhado com a palma da mão em concha virada para baixo, num gesto que fazia um movimento de onda ascendente entre o pescoço e o nariz, ou entre a garganta e o palato. Tentei tudo o que poderia ser o son más para cima, mas sem sucesso.
Mesmo apesar das aulas de canto, eu próprio reconheci que a minha voz também não interessava.
Não desisti, e fui estudar viola. A viola é um instrumento meigo, pega-se nela ao colo, e essa parte eu aprendi rapidamente a fazer bem, e até com certo estilo, mas os acordes e o dedilhado...
Hoje, a tantos anos de distância, para quem conhece etes candidatos a cantores, com uma formação musical que o Liceu de Vila Real deu e que não chegava para distinguir uma clave de sol duma máquina de cimbalino... foi preciso descaramento!
Hoje teria sido mais dramático e traumatizante ouvir qualquer coisa como: - ó pá! tu não cantas nada, zero! Tu vales zero! Dedica-te a outa coisa! Podes vir a ser um grande embaixador, um ótimo ortopedista ou mesmo engenheiro, mas a cantar... nã!
Ainda bem!

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