segunda-feira, março 29, 2010

Europa

Para quem se interessa pelo futuro europeu, para quem quer ter um olhar realista sobre os caminhos possíveis na coordenação das políticas económicas europeias, recomendo o artigo que Maria João Rodrigues publica hoje no "Le Figaro", infelizmente não disponível para acesso.

Trata-se de um texto que reflete a aprendizagem das lições da aplicação da Estratégia de Lisboa, dela partindo para a necessidade de deverem ser tidas em conta outras realidades que, há uma década, não eram tão evidentes: "A concorrência internacional intensificou-se com a aparição de novos atores mundiais. a tendência para o envelhecimento é muito mais profunda, a mudança climática exige um outro modo de vida e estamos ainda a digerir uma crise financeira, económica e social sem precedentes".

A antiga ministra portuguesa aponta respostas novas que devem ser consideradas, para além de um quadro em que o crescimento seja o objetivo central: "Temos de nos voltar para um crescimento mais verde, mais inteligente e que favoreça a coesão social. A inovação para o desenvolvimento durável é agora a vantagem comparativa que a Europa deveria forjar".

Este artigo é tanto mais importante quanto se sabe que, no último Conselho Europeu, algumas das propostas da Comissão Europeia para a nova "estratégia" Europa 2020 sofreram grandes resistências, pelo seu caráter constrangente. Talvez assim se percebam melhor os obstáculos de percurso por que passou a Estratégia de Lisboa.

3 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Senhor Embaixador
A sua crença na Europa é bem maior do que a minha, que vem enfranquecendo muito. E trabalho nisto há muitíssimos anos, como sabe. Mas congratulo-me sempre pelo seu otimismo!
Concordo que teremos que nos voltar para "outro tipo de vida/crescimento" que, a muitos, poderá até parecer retrocesso. Mas que, pessoalmente, considero de identificação daquilo que somos como país e do que gostaríamos de ser. Esta dualidade está longe de estar resolvida na nossa sociedade. E tenho algumas dúvidas de que a Europa se preocupe muito com o nosso problema identitário.
A Sra Merckl cedeu, desta vez, porque os bancos alemães estavam cheios de papel da Grécia. E, não a ajudar, podia sair mais caro à Alemanha.
Mas não duvide que com Portugal e Espanha, algo vai fiar mais fino. Por isso quando refere no seu texto que o crescimento "exige um outro modo de vida e estamos ainda a digerir uma crise financeira, económica e social sem precedentes", concordo com a primeira parte. Já quanto à digestão da crise, julgo que estamos, ainda, longe dela. Por enquanto, apenas estamos a "comer" a crise. A digestão vai começar lá para o fim do ano, nas previsões mais otimistas...Até lá, ainda irá passar muita água pelas nossas pontes!

Anónimo disse...

Lendo o que alguns economistas (quer por cá, como o “pessimista” Medina Carreira, quer lá por fora) têm comentado e escrito sobre a Europa e o seu futuro - ou o futuro da sua Economia - fico com uma vaga impressão que não existem muitas razões para optimismos. Pelo contrário. Se bem registei daquilo que tenho lido, a Europa irá, gradualmente, perdendo influência no mercado mundial, nas trocas comerciais, ao nível do investimento e com um PIB em queda lenta. Naturalmente, que tudo isto, para já, pode não passar de conjecturas, de suposições, enfim, de uma avaliação algo “precipitada”. A Economia não é uma “ciência” exacta, mas, actualmente, já se podem fazer previsões, mais ou menos aproximadas, quanto a futuros resultados, ou desempenhos. Continuo, ainda assim, com “razoáveis” esperanças e expectativas de que, a seu tempo, esta Europa onde me integro saiba reagir e recupere, ou pelo menos, não perca (demasiada) influência económica, no plano global. Porque a suceder, a sua influência política iria igualmente ser afectada. Não é que hoje seja muita (ainda que as “razões” desta menor capacidade de influenciar acontecimentos tenha mais a ver com uma certa “desunião europeia” ao nível político, digamos), se comparamos com outros “actores” mundiais, como os EUA, Rússia, China (e cada vez mais outros, como o Brasil), etc. Está-me cá a parecer que a Europa atravessa uma “encruzilhada” que ou sabe como a ultrapassar, ou será ultrapassada por ela. Está pois nas mãos dos líderes europeus saber encontrar soluções para evitar um eventual decréscimo de influência económico-político do “velho continente”. Há, todavia, uma coisa, estou certo disso, que qualquer que seja a situação em que a Europa se venha a encontrar daqui a umas décadas, não será afectada: o seu, imenso inesgotável e extraordinário património cultural. Valha-nos isso!
P.Rufino

Klatuu o embuçado disse...

A Civilização Ocidental hoje: o preço do hamburguer nas Bolsas.

O seu ideal maior: dar comer aos escravos e entretengas - gordinhos e com brinquedinhos vivem contentes!

E até ainda tem políticos: os profetas do hamburguer, sempre vivazes...

Os EUA, a ONU e Gaza

Ver aqui .