quinta-feira, dezembro 17, 2009

Neve

Na minha juventude, o saudoso "O Vilarealense" não conseguia escapar ao lugar comum e abria, por rotina, com "a cidade acordou sob um alvo manto de neve", sempre que um nevão nos surpreendia. E escrevo "surpreendia" porque, nesse tempo, as previsões meteorológicas não nos permitiam antecipar a alegria que era ficarmos sem aulas durante dois ou três dias.

Tudo é diferente agora. Hoje de manhã, aqui em Paris, sem surpresas, "fui ver, a neve caía", como dizia o Augusto Gil (será parente do Gil, que comenta este blogue?), poeta que, tenho a certeza, as novas gerações desconhecem por completo. No que, sejamos honestos, não perdem muito...

Mas esta é uma simples nota para dizer que Paris, cheia de neve, tem a beleza de uma cidade diferente.

9 comentários:

ARD disse...

Primo afastado, primo afastado senhor Embaixador. É mais pelo lado dos Vicente.

Alcipe disse...

Teste de cultura geral:

Quem escreveu os versos

"Tombe la neige,
tu ne viendras pas ce soir..." ?

Julia Macias-Valet disse...

"...Paris, cheia de neve, tem a beleza de uma cidade diferente."

Talvez, Senhor Embaixador ! Apesar de o meu dia ter começado assim :
www.youtube.com/watch?v=A1aBedHT7dw

Francisco Seixas da Costa disse...

Pela qualidade dos versos, deve ser do próprio Salvatore Adamo. Não sabia que o Alcipe se dedicava a este tipo de "poesia". Estamos sempre a aprender.

É que as "paroles" são da qualidade dos textos daquele jornalista que, um dia, iniciou um artigo com esta pérola: "Era noite e, no entanto, chovia"...

Santiago Macias disse...

As novas gerações desconhecem completamente os versos de Augusto Gil, que cruzaram os nossos livros da Primária durante décadas. Até ao 25 de Abril. Se alguém reconhece aquele início "Batem leve, levemente" tem, seguramente, mais de 40 anos...
A da chuva à noite faz-me recordar outra pérola televisiva, numa reportagem no início dos anos 80: "Está hoje um lindo dia de sol, coisa que não acontecia ontem à noite, no Campo Pequeno".

Alcipe disse...

E esta, mais difícil:

"Piove! Porco governo..." ?

Dylan disse...

Em Portugal também tem havido muita neve.

Anónimo disse...

Sem enigmas...
A neve
Pura pela brancura
Derrete em velhos estigmas
Virgem sedosa em candura
Breve
Escorrega na doçura
De caminhadas em tristes vidas
Reféns de qualquer agrura
Alegre
Névoa de açúcar seco e orvalhado
Sonho rico e pobre mas repousado
Um céu límpido alvo inferno gelado
Ténue
Manto fresco terra lavada suada
Beleza fria de mulher sóbria amada
Manhã,tarde,noite,alvorecemadrugada
Célere
Isabel Seixas

Unknown disse...

por completo ou quase Senhor Embaixador.
com 31 anos, nao serei pois dos mais jovens, mas ja ouvi falar de Augusto Gil...na minha querida cidade da Guarda onde se ergue um estatua em honra deste poeta que certo dia, respondendo às minhas perguntas, a minha mae terà qualificado de "grande" poeta egitanense.
nunca levei muito a sério aquele comentario que nao passou de mero vestigio da propaganda de outros tempos. Continuo sem nunca ter lido nada da obra de Augusto Gil. e fico definitivamente sem ambiçao para mais...agora por sua causa, Senhor Embaixador (;-)
Filipe Pereira
PS : também vale a pena recordar "Il neige sur Liège" de Brel.

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