terça-feira, novembro 03, 2009

Trópicos mais tristes

Nos obituários, a generosidade costuma abundar. Porém, quero crer que o sentimento de perca que a morte de Claude Lévy-Strauss desencadeou por todo o mundo tem uma genuinidade muito grande. Foi um homem que deu um notável contributo às Ciências Sociais.

No que me toca, passei a ver muitas coisas de forma diferente depois de ler o seu "Tristes Trópicos" e a minha compreensão do Brasil ficaria muito incompleta sem ter antes feito essa leitura.

4 comentários:

Manuel Cunha disse...

Concordo plenamente. Pena é que as Ciëncias Sociais sejam hoje, muitas vezes, relegadas para um plano secundario. As ciências duras ou exactas desempenham um papel importantissimo para o avança da humanidade e das suas condiçoes de vida. Mas quando o Homem começa a deixar de reflectir sobre si e as relações que tece com o meio envolvente, começa a ser um pouco menos Homem. E ao legar à Humanidade esse olhar sobre os Outros, Lévi-Strauss da-nos a oportunidade de sermos mais humanos.

Anónimo disse...

"Conheci" Claude Lévy-Strauss quando tinha 16 ou 17 anos e por momentos quis seguir Antropologia. A idéia da Antropologia ficou para tras. E a Comunicaçao Social ganhou terreno. Ao longo dos anos comprendi que o trabalho de Lévy-Strauss esta presente na obra de muitos autores, ou foi o ponto de partida para outras pesquisas. Em "Novos Ritos, Novos Mitos" de Gillo Dorfles, por exemplo, as referências as Lévy-Strauss sao uma constante para compreendermos as sociedades modernas.

Julia Macias-Valet

Anónimo disse...

Também “estou em dívida” para com Levi-Strauss, visto me ter influenciado, através da sua leitura, designadamente no respeitante ás suas concepções e abordagens sobre a “instituição família”, entre outras questões que abordou. Interessante recordar que talvez tenha sido no período subsquente ao 25 de Abril que terão surgido nos escaparates das livrarias mais livros sobre este autor. Juntamente com outros igualmente distintos, como Paulo Freire, Wielhelm Reich e David Cooper. Que li vorazmente e ainda hoje guardo esses livros. Fica-me, todavia, a impressão que de há uns anos a esta parte, as gentes mais jovens procurarão menos Levi-Strauss, mas talvez esteja enganado. A propósito do Brasil, que FSC aqui refere, CL-S fez uma observação muito interessante sobre os índios “tupikwahib”, do centro daquele país, ao analisar as relações poligâmicas e comportamentos desses indigenas no plano social familiar. Designadamento, na forma como cuidavam (no seio da tribo) dos filhos.
Claude Levi-Strauss morreu, mas ficou a sua obra, que é notável. Vale a pena reler o grande antropólogo.
P.Rufino

Helena Sacadura Cabral disse...

Cara Júlia
É um facto incontestável que quem tenha um dedo de testa e se interesse pelo mundo em que vive acabou, sempre, por vir a "conhecer Levy-Strauss".
Aconteceu consigo, comigo e com muitos outros. E quando, há bem pouco tempo, pretendia esclarecer uma dúvida, foi ainda com Strauss que a esclareci, tanta é, ainda, a sua intemporalidade.
A semana que passou terminou mal com a sua morte.

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