quinta-feira, setembro 24, 2009

Irlanda

O meu próximo 5 de Outubro inicia-se com um pequeno-almoço de debate sobre os resultados do referendo irlandês, para o qual fui gentilmente convidado pelo actual Secretário de Estado dos Assuntos Europeus francês, também com a presença de um seu antecessor e meu antigo contraparte, Pierre Moscovici. Devo dizer, aqui entre nós, que considero uma verdadeira tragédia civilizacional o facto desta prática americana dos pequenos-almoços de trabalho ter já "pegado" por aqui. Mas, enfim...

Se lhes contar que, ao final da tarde desse dia, terei ainda, na Embaixada da Suécia, uma mesa-redonda sobre os desafios da Presidência sueca da União Europeia, já perceberão melhor o glorioso destino do meu feriado republicano. O que nós fazemos pela Europa!

Deixo-lhes na foto a imaginativa bandeira do convite para o debate matinal, uma espécie de "wishful thinking" pelo sucesso do Tratado de Lisboa.

8 comentários:

Dulcineia disse...

Nao faria mais sentido juntarem-se ao fim da tarde na companhia de uma Guiness ?

So espero que a mesa-redonda ao fim do dia na Embaixada da Suécia nao seja seguida de uma Paëlla.

Anónimo disse...

Senhor Embaixador: julgo que WISHFULL é com 2 LL...

Francisco Seixas da Costa disse...

Não é, não Senhor. "FULL" tem 2 LL, mas "WISHFUL" só tem um L.

Anónimo disse...

Tem toda a razão, Senhor Embaixador. As minhas desculpas.

DL disse...

De facto, juntar "pequeno-almoço" e "trabalho" na mesma frase não é europeu , e é mesmo anti-latino :).

Quanto à bandeira, uma historieta: num daqueles autocarros de aeroporto que a TAP inflige aos passageiros dos seus voos para Paris, um trio de franceses, de partida, comentava que nenhum país sério tem o verde nas cores da sua bandeira. Embora censurando-os mentalmente pela falta de educação, uma parte de mim não se impediu, com contrariedade, de concordar.

Anónimo disse...

Deve estar a referir-se àItália, à Hungria, à maioria dos Estados árabes e africanos, ao México, à Índia, ao Irão, além, claro da Irlanda.
Pobres patetas (os franceses, evidentemente, não quem concorda com eles), convencidos que ainda são uma potência.

Alcipe disse...

Verde que te quiero verde,
verde viento, verdes ramas...

Anónimo disse...

Tive um Chefe de Missão que se recusava a aceitar esse tipo de “convites”, os tais “pequeno-almoço de trabalho”. E mandava-me a mim. Dizia: “pequenos-almoços são coisa privada, que se saboreia a sós, ou na companhia da mulher. Não se partilha com terceiros!” E lá me cabia a mim, a “tarefa” de o representar. Normalmente, era coisa de americanos, que comiam copiosamente aquela hora da manhã. Como português, habituado a um leve pequeno-almoço, pois não apreciava (e ainda hoje não aprecio) começar a trabalhar com a barriga cheia, lá fazia um esforço. E como para mim, trabalhar e comer são coisas distintas, limitava-me a beber um café com leite e depois afastava, ligeiramente a chávena, o copo de sumo e o prato, e em lugar disso colocava um pequeno bloco de notas, onde apontava o que ali se justificasse para depois reportar ao Embaixador. Para alguma surpresa dos outros.
Uma vez na Chancelaria, relatava ao Chefe de Missão o que tinha ouvido, no tal pequeno-almoço de trabalho. Invariavelmente, sempre que me era destinada aquela obrigação de o representar e depois lhe contava o que ali se discutira, ela rematava, sarcástico: “Vê? Eu não lhe dizia? Aquilo é conversa mole, só para mostrar que trabalham muito e começam mais cedo que os outros. De substância, meu caro, népia!”
E, como para me “compensar” da “maçada”, convida-me, de seguida para “ir até lá casa”, almoçar. E, como era seu hábito, nunca se falava de serviço (a não ser que fosse assunto realmente relevante) à mesa. “Tudo menos conversa de trabalho, à mesa!” às vezes, sucedia que tinha assuntos que gostava de obter orientação dele e tentava, timidamente, colocar a questão. “Meu caro, isso não pode esperar para depois, ao café? É que fico logo sem apetite se misturo o prazer com o trabalho!”. Perante tão convincente argumento, lá anuía. E de facto, acabávamos por conseguir as duas coisas: desfrutar o almoço e tratar de coisas de trabalho. “Tudo uma questão de método, meu caro”, dizia-me. E acabava por lhe dar alguma razão. Personalidade afável e de enorme simpatia.
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