segunda-feira, junho 15, 2009

Variações

Foi há 25 anos. Pouco se falava então da Sida, mas um excêntrico barbeiro de Lisboa morria já então dessa doença.

Deixou uma obra musical interessantíssima, como compositor e como intérprete, com uma voz estranhamente singular. Hoje, cantam-no alguns consagrados. Recordemo-lo no É p'ra amanhã.

4 comentários:

Helena Sacadura Cabral disse...

Trabalho, muitas vezes, a ouvi-lo. Tem uma estranha musicalidade no cantar e sofreu ter sido "moderno" antes de tempo. Hoje seria quase um menino de coro!
E as recriações do disco Humanos, sobre temas seus, são muito curiosas.

Anónimo disse...

Também acho O António Variações um cantor sui generis. As letras das Suas canções são passiveis de personalização expressando algures um estado de espirito.

A esta hora gosto da sugestão ainda que com um timbre nauseado/critico, do é pra amanhã deixa lá não faças hoje...

Embora a tradução literal possa ser... é para logo, deixa lá não faças agora...
Isabel Seixas

Anónimo disse...

Ha muito poucos anos que descobri Antonio Variaçoes, muito depois de ter ouvido, inumeras vezes, algumas das suas cançoes interpretadas por Godinhos & co. Acho até que comprei primeiro o disco dos Humanos e so mais tarde a antologia do Antonio Variaçoes, por ocasiao de escassas férias em Portugal.
O que mais marca no Antonio Variaçoes, alem da sua obra incrivelmente vanguardista e realmente, de grande qualidade, é a singularidade do homem. So graças à youtube é que cheguei a pôr um rosto, corpo e barbas naquela tao singular voz. Continuo pensando que so em Portugal (mas sem poder explica-lo) pode ter surgido um Antonio Variaçoes : uma espécie de emigrante como tantos outros, que nascido numa insignificante aldeia nortenha, como tantas outras, onde deixou uma familia humilde, como tantas outras, foi para Lisboa, aprender uma arte (de barbeiro) e depois foi para Inglaterra descobrir uma outra arte, que so de regresso a Portugal resolveria exprimir.
Ha algo de tipicamente português neste destino impar e fascinante. É esta firme vontade de trazer para Portugal a musica pop londoniana dos anos 80 com o intuito de casa-la à força com uma musica portuguesa tradicional, seja fado ou folklore...Nao é por acaso que Variaçoes terà trabalhado nessa altura com Pedro Ayres Magalhaes (Herois do Mar, Madredeus…). Diga-se também que Antonio Variaçoes chegou a actuar em primeira parte dum concerto da propria Amalia, que venerava. Deve ter ficado para a historia a actuaçao deste Raspoutine homosexual, exuberantissimo, diante dum publico de fado, lisboeta e purista. Mas este vanguardismo foi cruelmente interrompido. Portugal nao é pais para vanguardismos radicais.
Bastaram dois ou três discos para a assentar a posteridade deste comovente artista autodidacta, que até na morte mergulhou no que havia de mais “original” e novo nessa época. A sida. Mais um vanguardismo. Mas este bem excusado.
Filipe Pereira

Helena Sacadura Cabral disse...

Belo texto este de Filipe Pereira. Lá onde esteja, Variações deve sentir-se contente. E, mais uma vez, é o "nosso" Embaixador a tomar a dianteira. Se fosse monárquica, far-lhe-ia uma vénia. Como não sou - se é que sei o que sou - agradeço-lhe!

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